Duas figuras simbólicas caracterizam a perda de poder de um
governante: rainha da Inglaterra e pato manco.
“Rainha da Inglaterra” (com pedido de perdão à Elizabeth
pelo seu mau uso) é o governante que mantém formalmente o cargo, mas é
tutelado, com as suas decisões e ações controladas por terceiros.
“Pato manco” é o governante que permanece no cargo, mas sem
efetivo poder, porque ninguém o obedece. Os seus ministros tem força política e
popular maior que a do Governante formal, que não tem condições de demití-los.
É comum ocorrer próximo aos finais de mandato e lhe dizem “daqui a pouco o seu
governo acaba, mas nos continuamos”. Segundo o folclore político, o principal
indício do enfraquecimento é quando o “homem do cafezinho, serve o café frio”,
ou derruba a água no terno do governante”.
Jair Bolsonaro, tem um grande carisma e muita sinceridade,
sendo esse um dos seus pontos fortes que mantém o apoio popular de cerca de 1/3
da população. Afirmou, ainda no início do seu mandato “não nasci para ser
Presidente, nasci para ser militar”. Conhecendo as limitações e desinteresse de
Bolsonaro em administrar, Gustavo Bebbiano tentou tutelá-lo. Foi implodido pelo
filho Carlos Bolsonaro e acabou demitido. O General Santos Cruz, também tentou,
mas mais uma vez por interferência dos filhos, acabou demitido sumariamente.
Tentou assumir plenamente o comando da Administração
Federal, mas sem vocação, tampouco competência, delegou as atribuições decisórias
aos seus Ministros, mas mantendo o direito de veto, o que exerce
constantemente. Adotou um estilo de
descentralização, quase plena, mas desde que não contrarie as suas
idiossincrasias pessoais ou de seus filhos.
Ao assumir um entendimento e posição contrária às recomendações
das entidades internacionais de saúde, primeiramente desprezando a epidemia,
tratando-a como uma “gripezinha”, depois insistindo na prioridade do trabalho e
renda, em detrimento da saúde e da vida, foi perdendo apoios, aliados e
ganhando contestadores e opositores.
A sua reação foi de atacar esses opositores, inclusive
dentro do seu próprio Governo, acusando-os de pretender enfraquecer e abreviar
o seu governo.
Os tutores, ou pretendentes a tal, tentam moderar o discurso
do Presidente, mas ele resiste para não se transformar em “Rainha da Inglaterra”.
Mas insistindo em ir na contramão de todo o mundo, inclusive do seu mestre
Donald Trump, vem atrasando ou comprometendo o combate ao vírus, ficando cada
vez mais isolado e sem poder: um “pato manco” precoce.
Mantendo a sua natureza contestadora tornou-se um líder
oposicionista contra o Governo, para manter o apoio popular dos seus seguidores.
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