Venho acompanhando diariamente, há mais de dez dias a evolução do novo coronavirus, segundo os boletins divulgados pelo Ministério da Saúde.
Embora eles mesmos indiquem vários problemas e não divulguem muitos detalhes, há alguns elementos suficientemente indicativos para orientar estratégias de guerra contra o virus SARS-COV2, o inimigo real, que causa a doença COVID-19.
O principal índice que acompanho é o incremento diário, mais do que a evolução dos números absolutos.
Tanto a contaminação, como as mortes vem seguindo tendência decrescente, embora não sustentada. Há oscilações em torno do patamar.
Os números nacionais ainda são fortemente influenciados pelos números de São Paulo, o epicentro da epidemia.
A taxa de incremento de mortes em São Paulo, vem caindo, sucessivamente, puxando o índice nacional também para baixo.
Chamou-me atenção a forte queda da taxa de mortes em São Paulo, no dia de ontem, 5 de abril, um domingo. Como o vírus não seria cristão, descansando no domingo, uma hipótese seria a subnotificação. O que é insuficiente para explicar a queda.
Outra alternativa que emergiu, com várias notícias nas redes sociais, mas sem suficiente confirmação e muito difundida em defesa das posições do Presidente Bolsonaro, é suspeita pelo viés político.
Mas alguns dados dão maior consistência.
Há cerca de duas semanas atrás a Prevent Senior, um plano de saúde dedicada aos idosos, com preços medianos, que concentra a maior parte dos óbitos, num único estabelecimento, anunciou que estava aplicando um protocolo de tratamento de pacientes em condições graves a base da cloroquina, associada a um antibiótico, a azitromicina.
Para quem está um pouco mais afeito aos procedimentos da medicina, não anunciou apenas o uso do remédio, mas um protocolo de tratamento que foi aprovado pela Agência Reguladora e passou a foi oficializada pelo Ministério da Saúide, restrita aos casos graves, diante da ainda insegurança em relação aos danos colaterais e sequelas.
Agora veio a público, a proposta de um novo protocolo com a aplicação do medicamento já no início do tratamento hospitalar, com base na sua aplicação em 250 pacientes. Esse protocolo estaria autorizado, em caráter experimental, mas ainda não institucionalizado.
A importância do protocolo está no principal nome no suporte técnico e científico da proposição: a Dra Nise Yamaguchi, renomada médica oncológica, mas não só com estudos sobre o HIV e outros. Médica do Hospital Sirio-Libanês e Diretora do Instituto de Avanços da Medicina. Nos a conhecemos porque ela tratou de pessoas da família. Respeitada em alguns grupos é contestada por outros, por defender radicalmente o tratamento medicamentoso, se opondo a cirurgias invasivas precoces. Mas é pessoa da maior seriedade ética e científica.
O que parece não ocorrer com o virologista Paolo Zanotto, que vem assumindo uma posição posição ideológica e desejo de estar abaixo dos holofotes.
Ele afirma que não há aceitação do medicamento porque é o remédio do Trump, o remédio do Bolsonaro. Mas ao atacar o Mandetta que tem muitas qualidades, mas um defeito visceral, gera reação maior.
Transformar a cloroquina numa guerra ideológica, disputa entre os interesses de plano de saúde e disputa de vaidades, só prejudica e atrasa o tratamento. Toda base precisa ser cientifica, embora o método não seja um dogma religioso. Ai a própria ciência deixa de ser cientÍfica.
O conhecimento prático secular não pode ser desconhecido. A própria ciência médica, bem conhece a história do ácido acetil salicílico que foi aplicado durante muitos anos, com eficácia, contra a febre, sem conhecimento científico o que veio a ser comprovado muitos anos depois.
A cloroquina é comprovadamente um medicamento eficaz contra a malária e todo médico civil ou militar na Amazônia, bem sabe. A maior parte da população também. O General Heleno bem conhece e ele deve estar imunizado com tanta cloroquina que já tomou.
Já há consenso com relação ao uso da cloroquina. O Ministério da Saúde já adotou. A diferença está no momento de iniciar o uso.
O grupo de pesquisa do Prevent Senior vem aplicando, com eficácia, o medicamento logo no início do tratamento hospitalar, seguindo um protocolo específico. Não apenas em casos graves, com controle científico dos resultados. A Prevent agora está testando o protocolo em seus pacientes que apresentam os primeiros sintomas, através da telemedicina e delivery do medicamento. Não haveria ainda resultados suficientes, como indicação cientifica.
A partir dai, os defensores do remédio do Bolsonaro querem a sua aplicação generalizada, ao início dos sintomas, doméstica.
A par da personalização ideologica da cloroquina, há uma disputa dos planos de saúde, na disputa pelo mercado o que também prejudica o avanço nos tratamentos.
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