Definidas as candidaturas e as coligações partidárias para a eleição municipal na cidade de São Paulo, em 2020, o cenário básico será do retorno ao velho normal retificado, com a disputa agora entre o psdebismo, o bolsonarismo e a esquerda. Todos reajustados.
O Psdebismo não será o tradicional e de "raiz". Esse é representado por Andréa Matarazzo que, sem espaço no PSDB migrou para o PSD. Celso Russomanno não é um bolsonarismo de raiz, mas foi a opção de Bolsonaro, diante da dissidência de Joice Hasselmann e por não conseguir a indicação pelo PSL de um bolsonarista sectário. O PT perdeu substância eleitoral e com potencial inferior ao PSOL que foi criado como uma dissidência do PT.
A disputa centrada nesses três polos retira espaço e possibilidade de outras opções e renovação. A expectativa da retomada verde, trazendo esse tema como um dos principais pontos das campanhas, está frustrada.
Os estacionamentos, um dos principais alvos da retomada verde, voltarão ao espaço habitual, não devendo sofrer grandes mudanças regulatórias e de política pública, tanto nas campanhas, como na próxima gestão e legislatura municipal.
A disputa principal será entre Bolsonaro e Dória, com o Presidente tentando destruir e não apenas desconstruir, para que ele não chegue politicamente vivo em 2022. Bolsonaro já conseguiu eliminar Wilson Witzel e atuará - nos bastidores, com lhe é usual - para essa empreitada de eliminar Dória. Mas este tem uma base melhor e própria, o que Witzel não tem.
Na disputa entre Bolsonaro e Dória, os temas principais serão o funcionamento das atividades econômicas, a gestão no enfrentamento da pandemia do coronavirus, o desemprego e a sobrevivência dos "informais".
Em relação ao primeiro, agora Bolsonaro explicitou o seu entendimento, que vinha sendo dito parcialmente e praticado. Sustenta que é a COVID 19 é uma "gripezinha" que se torna grave para os fracos. Os fortes, como ele e seus familiares serão contaminados, mas nem sintomas apresentarão. Com apoio precoce da cloroquina, rapidamente estarão curados e imunes.
O "fique em casa" é para Bolsonaro destinado apenas aos fracos - que deve incluir os idosos. Fora esses todos devem sair para trabalhar e consumir. Com isso ele acredita que a economia volte a funcionar normalmente e Russomanno deverá seguir plenamente esse entendimento, fazendo uma ampla campanha de rua, com o corpo a corpo. Só não conseguirá restabelecer os shows-comícios dadas as restrições às aglomerações.
Vai aumentar a contaminação? Vai, mas será considerado normal. O importante será conter o crescimento das mortes. De outra parte, as vacinas estarão disponíveis em 2022, com algumas ainda em 2021.
A posição de Dória, acompanhada por Bruno Covas é de liberação controlada, em função dos níveis de contaminação e da capacidade do sistema de saúde atender às internações. É o que vem sendo feito e Covas deverá defender essa política, acusando a posição de Bolsonaro de irresponsável.
Ademais que não se pode precipitar nas liberações sem a disponibilidade ampla de vacinas, contrapondo-se à posição de Bolsonaro que minimiza a importância da vacina, colocando-se contra a obrigatoriedade.
Na gestão pública da pandemia a questão crítica é a volta das aulas presenciais no ensino fundamental. A posição de Bolsonaro é liberação geral, ampla, irrestrita e imediata. Russomanno seguirá à risca? As resistências ainda são grandes e poderão ter efeitos eleitoralmente negativos. Serão tanto dos pais dos alunos de classe média, como dos profissionais de ensino, com amplo apoio da esquerda. Dória e Covas querem maior cautela.
Para o retorno das atividades econômicas e de consumo há entendimento comum, com diferenças em relação à gradação e às circunstâncias. Para 2021 as restrições remanescentes deverão ser mínimas.
A prioridade dessas questões de gestão da pandemia deixará as demais em segundo plano, inclusive a da mobilidade urbana.
Durante as próximas semanas desenvolveremos algumans análises individuais dos candidatos
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