quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Renda Brasil x Bolsa Família

O Bolsa Família foi formulado por Ruth Cardoso - antropóloga, com amplo e profundo conhecimento da cultura brasileira – como um benefício pecuniário continuado, suficiente para vencer a fome, mas insuficiente para que o beneficiário se acomodasse, deixando de buscar trabalho, para melhorar a sua renda. Não era uma medida populista, mas um instrumento de promoção social.

Lula implantou de forma ampliada e sem burocracia.

Essa implantação teria propiciado a Lula a sua reeleição em 2006 e a primeira eleição de Dilma Rousseff.

Com a pandemia do cornavirus o Governo e a sociedade organizada “descobriram” uma multidão de pobres, fora do mercado de trabalho formal.

Para a sobrevivência dessa população o Ministério da Economia propôs um auxílio emergencial, no valor de R$ 200,00 mensais, durante 3 meses. O Congresso propôs aumentar para R$ 500,00. Bolsonaro num dos seus arroubos propôs aumentar para R$ 600,00 mensais.

Conseguiu reverter a queda de popularidade e ganhar parte do eleitorado do Nordeste.

O número de beneficiários foi muito superior ao esperado e eles estão contando com a continuidade.  A descontinuidade leva à perda do apoio popular.

Para a manutenção continuada do auxílio-emergencial, mesmo em valores menores, precisa compensar com cortes em outras despesas. As opções de Guedes são de cortes em outros benefícios.

Bolsonaro preferiu suspender a ideia de um “Renda Brasil” em substituição do Bolsa Família.

Não é uma desistência definitiva, mas um adiamento para 2022, para ter influência na sua reeleição.

Prefere perder agora, para recuperar mais à frente, contando que os beneficiários reagem diante de situações concretas, desconsiderando passado e futuro.

É apenas um recuo estratégico, dentro do objetivo de reeleição.


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