sexta-feira, 18 de setembro de 2020

O bolsonarismo nas eleições de São Paulo, em 2020

  Jair Bolsonaro ao romper com Luciano Bivar e deixar o PSL, pelo qual foi eleito e puxou consigo mais de 50 deputados federais buscou a formação de um novo partido, contando com o seu registro a tempo de inscrever os candidatos bolsonaristas nas eleições de 2020, pelo novo partido.


Ao não conseguir o seu intento, seja por insuficiência de assinaturas, antes mesmo do início das restrições face à pandemia do novo coronavirus, como pelas dificuldades da coleta presencial de assinaturas, deixou os deputados - tanto federais como estaduais - no "limbo".

Se saíssem do partido para se registar em outro, além de ter uma das justificativas previstas na lei, não poderiam levar para o novo partido, o tempo de televisão assim como a quota dos fundos públicos, relativos à sua eleição.

Poucos saíram, com direção dos Republicanos e do PRTB (o partido pelo qual foi eleito o General Mourão).

Os bolsonaristas tentaram conquistar o poder dentro do partido, mas não conseguiram. Bivar continua mandando, mas também não conseguiu expulsar os bolsonaristas. Conseguiu suspendê-los temporariamente para escolher as lideranças partidárias dentro da Câmara dos Deputados. Comanda a indicação dos candidatos do partido às eleições de 2020, deixando de fora os "bolsonaristas que continuam fieis ao Presidente". 

Em São Paulo, indicou e já registrou Joice Hasselmann, dissidente do bolsonarismo, como a candidata do partido à Prefeita, barrando as tentativas de composição com os bolsonaristas, interna e externamente. A tentativa de Celso Russomanno, de tê-la como candidata à Vice-Prefeita, fracassou.

Russomanno restou como o candidato do bolsonarismo, embora não o seja. A sua ligação com o bolsonarismo advém da base evangélica.

Outros buscam o apoio do Presidente, mas este não se dispõe a anunciar expressamente apoio a nenhum candidato, uma vez que esse apoio não seria decisivo e não quer correr o risco de ser derrotado.

A seita bolsonarista, disposta a seguir cegamente o seu líder e as suas determinações ou indicações representariam cerca de 30% do eleitorado. O suficiente para levar o candidato ao segundo turno, em função da fragmentação dos 70%. Mas no segundo turno, o acrescimo do bolsonarismo seria mínimo enquanto os 70% tenderiam a unir contra o candidato bolsonarista.

Celso Russomanno, como o candidato declaradamente bolsonarista e não como "bolsonaristas enrustidos" como os demais que buscam o apoio presidencial, para ser eleito, precisa ganhar ainda no primeiro turno.

Tem ele votos próprios, independentes do bolsonarismo? Ou os bolsonaristas já fazem parte do seu eleitorado? Uma parte, seguramente, é comum: o seu eleitorado evangélico. 

Russomanno tem um grande eleitorado popular, predominantemente de classe média baixa, alcançado pelo seu programa em defesa do consumidor. Grande parte, no entanto, é comum com  o eleitorado evangélico ligado à IURD e à própria seita bolsonarista. 

Conta com recall, sendo o candidato mais conhecido, que emerge na liderança das primeiras pesquisas, mas parece ser o candidato enquanto os outros não aparecem. No final da campanha, nas duas últimas eleições, sofreu a migração para outros candidatos. Em 2012, parte do seu eleitorado teria migrado para as hostes do candidato petista, Fernando Haddad. Mas em 2016, não se manteve com esse, migrando a favor de João Dória, levando-o a vencer ainda no primeiro turno, com Russomanno ficando em terceiro.

Russomanno deverá ser o candidato preferencial de Jair Bolsonaro, mas o objetivo principal deste será derrotar João Dória, que apoia Bruno Covas. 

Nesse caso, irá apostar em Márcio França. 

Sempre nas sombras, sem explicitar o seu apoio, pelo menos no primeiro turno. Dependendo das circunstâncias poderá tomar posição mais clara. Com a avaliação dos riscos. Não quer carregar, para 2022, uma derrota em São Paulo, em 2020.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Lula, meio livre

Lula está jurídica e politicamente livre, mas não como ele e o PT desejam. Ele não está condenado, mas tampouco inocentado. Ele não está jul...