A mídia adora rankings e há sempre instituições dispostas a realizá-las classificando tudo e todos. Um dos mais recentes, elaborado sistemática a muitos anos pelo Fòrum Econômico Mundial é o da competitividade dos países e o Brasil continua numa posição intermediária, tendo caido uma posição em 2014 em relação ao de 2013: passou de 56º lugar para o 57º. E daí?
Ranking é um exercício matemático que depende dos critérios adotados. E da pontuação do país em cada um dos critérios, o que envolve também elementos subjetivos.
A questão é que um país não compete efetivamente no mercado. Quem compete são as empresas, são as pessoas. Qual é a competitividade das empresas brasileiras? Onde?
Nenhuma empresa compete individualmente no mercado como ou todo. Mesmo quando compete no mercado mundial o faz em um segmento de mercado. A melhor segmentação é pelo mercado consumidor. Dentro dele pela natureza do consumo.
Podemos tomar, como exemplo, o consumo de veículos para deslocamento pessoal e dentro dele o de automóveis de passageiros.
A competitividade real das empresas é determinada pela sua participação nesse mercado, de forma global ou por categorias.
Na escala mundial o principal mercado consumidor é o chinês, e a participação maior é das empresas que fabricam os carros no próprio país.
A competitividade mais importante de uma empresa está no mercado comprador do país. Qual é a competitividade da empresa brasileira no mercado nacional?
Em que mercado a fabricante nacional é competitiva. Em que mercado ela não é competitiva? Por que razões?
A competitividade da empresa nacional é própria ou decorre de proteções definidas governamentalmente?
A proteção é contra práticas anticomerciais, como dumping ou subsídios promovidas por outros paises ou é uma proteção contra a ineficiência da empresa nacional?
Há um fato real inquestionável, embora discutível do ponto de vista da importância relativa. Apesar da baixa posição de competitividade no ranking do Fórum Econômico Mundial, empresas multinacionais continuam investindo no Brasil, para assegurar a sua posição no mercado, Ou para ampliar a sua participação, substituindo as suas importações.
O caso mais recente, noticiado pela imprensa é da Omron, uma fabricante de equipamentos médicos portáteis, que adquiriu uma fabricante nacional para a produção no país do medidor de pressão portátil Embora aqui uma empresa de médio porte, com um faturamento atual, no Brasil, de R$ 40 milhões em 2013, pretende chegar a R$ 220 milhões em 2017. A sua receita global foi de US$ 7 bilhões.
Parte da percepção de que o produto (que conheço bem, porque o uso a algum tempo) completado no Brasil será mais competitivo do que vindo pronto do Japão, ou mesmo feito da China (como o meu).
Quando se diz que o Brasil não é competitivo, deve-se entender que produzir industrialmente no Brasil não é competitivo. Não por outra razão, muitas empresas brasileiras estão produzindo na Ásia para continuarem mantendo a sua posição no mercado nacional. No setor têxtil isso é evidente. As marcas continuam sendo as tradicionais brasileira: mas é só procurar na etiqueta que aparece o "made in China" ou "made in Vietnam, Paquistan e outras".
E no caso de produtos industriais baseados em montagem o produto final aparece como "feito no Brasil", como ocorre com os aparelhos de telefonia celular, mas a maioria da peças são importadas. Aqui só é feita a montagem final e a embalagem.
A competitividade do produto feito no Brasil tem que ser avaliada distintamente (embora associada) em relação ao mercado interno e em relação ao mercado internacional.
(cont)
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