Tenho uma profunda admiração e respeito pelo Dr. Antonio, recém falecido, mas afastado das lides empresariais há muitos anos.
Encontrei-me pessoalmente poucas vezes, mas sempre acompanhei a sua trajetória, assim como do grupo Votorantim, desde o comando de José Ermirio de Moraes, quando então senador da República.
Por essas razões, permito-me anotar uma divergência e crítica que sempre fiz a esse ilustre brasileiro. Que pela sua brasilidade e nacionalismo não ajudou o Brasil a ingressar na moderna organização produtiva mundial.
Ainda nos anos 70, mas principalmente a partir dos anos 80 o mundo começou a evidenciar uma mudança que já estava em curso desde os anos 50, mas ainda incipiente: a mundialização com o embrião da formação das cadeias produtivas globais. Que no final dos anos 80 eclodiu como globalização.
Antonio Ermírio não aceitava esse novo modelo. Não queria se inserir as suas empresas nas cadeias globais, mas não impediu que seus filhos o fizessem. Ele, pessoalmente, se recusava a participar desse processo. Não aceitava o que era considerado o "modelo exportador". Dizia e repetia que tinha que produzir para o povo brasileiro: exportar, só se houvesse excedentes.
Chegou a ser "empurrado" para esse modelo, quando da privatização da Vale do Rio Doce. Mas não ousou. Por que não tinha segurança, e não deu o lance vencedor.
Poderia ter levado a Votorantim a ser uma das maiores empresas mundiais da cadeia básica dos produtos minerais, talvez a maior delas.
Para mim foi uma grande decepção, uma frustração. Não obstante o sucesso posterior da Vale, sob comando de Agnelli, e agora reprimido por razões mesquinhas, o Brasil perdeu uma grande oportunidade.
Teria e poderia estar mesmo sofrendo crises, em função das flutuações do mercado mundial de minérios e seus derivados, mas a indústria brasileira estaria muito mais forte.
Foi uma indecisão lamentável, mas não empana a sua bela biografia.
Mais lamentável é a falta que ele faz e fará para o desenvolvimento do Brasil.
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