Para o candidato bolsonarista não bastará a condição do eventual apoio presidencial para vencer as eleições: ele precisará ajustar os mantras do bolsonarismo para as questões municipais. Precisará ter um projeto para a sua cidade, ou para os setores mais críticos ou requeridos pelos eleitores.
Em relação aos mantras, como o da armamentação dos cidadãos será uma defesa discursiva ou decisão pessoal, pois o Município não ter atribuições a respeito.
As principais proposições serão em torno da pandemia do cornovarius, assumindo como básicas:
"No meu Governo, ninguém vai ser proibido de sair de casa. Todos poderão sair para trabalhar. Todas as atividades estarão funcionando normalmente. É preciso prevenir contra a doença e confio no meu povo que saberão usar máscara e evitar aglomerações. O povo precisa trabalhar, se divertir, encontrar as pessoas. Não podemos deixar o povo morrer sem trabalho e com fome".
"Se alguém for contaminado poderá procurar o sistema de saúde municipal que fornecerá a cloroquina gratuitamente. Todo sistema será obrigado a receitar a cloroquina". "Se alguma pessoa por doenças anteriores tiver agravamento, poderá procurar o sistema municipal, que se não tiver capacidade, encaminhará para o sistema estadual." "Aqui ninguém saudável, irá morrer da COVID".
Os termos não serão bem esses, mas o conteúdo sim.
Nas demais questões, embora as proposições sejam específicas, algumas são gerais: contrário a restrições no uso do automóvel, contrário a todas às medidas da "retomada verde".
Outra questão é a continuidade ou não do bolsoguedismo, sob risco de ruptura por dois fatores principais: a superação do tetos de gastos para dar continuidade aos auxílios às pessoas mais pobres e o Pró-Brasil, ou aumento de investimentos, igualmente ultrapassando o limite de gastos.
Em relação ao primeiro, a posição e ação será de apoio a Bolsonaro, mesmo com o risco da saída de Paulo Guedes. Dificilmente algum bolsonarista fiel irá "tomar as dores" de Paulo Guedes.
Quanto ao segundo interessa participar do programa, uma vez que grande parte será para investimentos em saneamento, diluídos por muitos Municípios.
Com o bolsoguedismo posições e propostas de maior rigor fiscal, mesmo com substanciais cortes de despesas, seria uma marca da campanha, podendo alcançar o apoio dos empresários locais. Se Guedes, a tendência é a prevalência do populismo, podendo ganhar mais apoio popular, mas perdendo o apoio empresarial.
O mesmo ocorrerá com as propostas de privatização e desestatização. Sem Paulo Guedes, essa diretriz perderá relevância.
O discurso do fiel bolsonarista candidato à eleição de Prefeito Municipal, em 2020, ainda depende das circunstâncias, mas sempre dentro da mesma linha: adesão absoluta ao líder da seita. Ao qual se reconhece o direito de mudar de rota. E se mudar, os seguidores irão atrás, sem questionar. Embora alguns fiquem pelo caminho.
A questão fundamental segue a mesma: o bolsonarismo, somando as adesões eventuais ou de última hora serão suficientes para eleger um Prefeito Municipal?
Ver o que não é mostrado - Enxergar o que está mostrado Ler o que não está escrito Ouvir o que não é dito - Entender o que está escrito ou dito
segunda-feira, 31 de agosto de 2020
domingo, 30 de agosto de 2020
Os bolsonaristas nas eleições de 2020 (2)
O bolsonarismo tornou-se uma seita com um lider carismático, que diz o que acha, adota medidas heterodoxas e tem um grupo de adeptos ou seguidores fieis e fanáticos, dispostos a seguir o que o "chefe mandar". Como uma seita envolve uma minoria da sociedade, é contestada pela maioria, principalmente das elites, mas pelo sua coesão tem relevância no processo eleitoral.
Membros da seita bolsonarista, se forem indicados por Jair Bolsonaro poderão entrar no processo com uma votação provável entre 20 a 25% do eleitorado das grandes cidades, onde há um volume relativamente maior de bolsonaristas. Dependendo da conformação e eventual dispersão de votos, poderão ser eleitos no primeiro turno e poderão disputar o segundo.
Há grandes diferenças regionais, sendo que no Nordeste a base bolsonarista fiel não deve passar de 10%.
Esses níveis não seraõ suficientes para a eleição de um bolsonarista fiel nem em 2020, tampouco para a reeleição de Bolsonaro em 2022.
Com a perda de outros grupos de apoio, Jair Bolsonaro achou no eleitorado de baixa renda que depende de auxílios governamentais uma nova base de apoio, retirando-o do campo da esquerda, principalmente do PT.
A concessão de um auxílio emergencial, no valor de R$ 600,00 mensais por três meses, promoveu uma reversão na imagem presidencial, com o aumento da aceitação. "Não estava fazendo nada por nós, os pobres". Ao fazer "alguma coisa" relevante ganhou apoio de parte dos beneficiados. Alguns estão desconfiados de que vencida a pandemia, voltarão a ser esquecidos.
Para manter um benefício e, com isso, o apoio da população atendida, entra em confronto com o seu Ministro da Economia, que quer manter a sanidade fiscal, contando para isso com o apoio empresarial e dos investidores nacionais e internacionais, fatores essenciais para promover a retomada do crescimento econômico.
A confiança da manutenção do auxílio, em valores aceitáveis, dependerá da evolução dos entendimentos com o Ministro da Economia e com a atuação da esquerda que deverá promover campanha de descrédito da continuidade do auxílio-emergencial, principalmente no Nordeste. "Não acredite nesse Presidente que é um mentiroso, nem nos seus candidatos locais. Não vão cumprir as promessas."
Os candidatos bolsonaristas vão virar o alvo principal dos adversários de campanhas de desconstrução.
Membros da seita bolsonarista, se forem indicados por Jair Bolsonaro poderão entrar no processo com uma votação provável entre 20 a 25% do eleitorado das grandes cidades, onde há um volume relativamente maior de bolsonaristas. Dependendo da conformação e eventual dispersão de votos, poderão ser eleitos no primeiro turno e poderão disputar o segundo.
Há grandes diferenças regionais, sendo que no Nordeste a base bolsonarista fiel não deve passar de 10%.
Esses níveis não seraõ suficientes para a eleição de um bolsonarista fiel nem em 2020, tampouco para a reeleição de Bolsonaro em 2022.
Com a perda de outros grupos de apoio, Jair Bolsonaro achou no eleitorado de baixa renda que depende de auxílios governamentais uma nova base de apoio, retirando-o do campo da esquerda, principalmente do PT.
A concessão de um auxílio emergencial, no valor de R$ 600,00 mensais por três meses, promoveu uma reversão na imagem presidencial, com o aumento da aceitação. "Não estava fazendo nada por nós, os pobres". Ao fazer "alguma coisa" relevante ganhou apoio de parte dos beneficiados. Alguns estão desconfiados de que vencida a pandemia, voltarão a ser esquecidos.
Para manter um benefício e, com isso, o apoio da população atendida, entra em confronto com o seu Ministro da Economia, que quer manter a sanidade fiscal, contando para isso com o apoio empresarial e dos investidores nacionais e internacionais, fatores essenciais para promover a retomada do crescimento econômico.
A confiança da manutenção do auxílio, em valores aceitáveis, dependerá da evolução dos entendimentos com o Ministro da Economia e com a atuação da esquerda que deverá promover campanha de descrédito da continuidade do auxílio-emergencial, principalmente no Nordeste. "Não acredite nesse Presidente que é um mentiroso, nem nos seus candidatos locais. Não vão cumprir as promessas."
Os candidatos bolsonaristas vão virar o alvo principal dos adversários de campanhas de desconstrução.
sexta-feira, 28 de agosto de 2020
Condições para a reindustrialização
A indústria brasileira que foi implantada através do modelo "Industrialização por Substituição de Importações - agora caracterizada como ISI", apesar de inovações e modernizações parciais, atrasou-se em relação às mudanças ocorridas no mundo, perdeu competitividade, dentro do mercado interno, e precisa se renovar para reassumir um relevante papel dentro da economia brasileira.
A indústria brasileira para promover a reindustrialização precisará mudar, em primeiro lugar, o foco do mercado, ampliando a produção e o volume de vendas para o exterior, em torno de 40%, mas com mínimo de 30%. O esforço para ampliar a participação no mercado externo indicará as suas efetivas condições de competitividade. Serão as exigências de qualidade, inovação, de prazos de entrega, de preços e outras condições comerciais que dirão se o produto e a empresa são efetivamente competitivas, dentro das regras do comércio mundial.
Em segundo lugar precisará superar a visão verticalizada de exportar apenas os produtos finais a partir de insumos nacionais.
A globalização promoveu uma fragmentação das cadeias produtivas entre os países, distribuindo a produção e o suprimento de componentes entre diversos países, cada um deles selecionando os componentes em que seriam mais competitivos, em função de condições naturais, históricas ou criadas agregando tecnologia-inovação, escala de produção, qualificação dos trabalhadores e capacidade gestora dos empreendedores.
A indústria brasileira para promover a reindustrialização precisará mudar, em primeiro lugar, o foco do mercado, ampliando a produção e o volume de vendas para o exterior, em torno de 40%, mas com mínimo de 30%. O esforço para ampliar a participação no mercado externo indicará as suas efetivas condições de competitividade. Serão as exigências de qualidade, inovação, de prazos de entrega, de preços e outras condições comerciais que dirão se o produto e a empresa são efetivamente competitivas, dentro das regras do comércio mundial.
Em segundo lugar precisará superar a visão verticalizada de exportar apenas os produtos finais a partir de insumos nacionais.
A globalização promoveu uma fragmentação das cadeias produtivas entre os países, distribuindo a produção e o suprimento de componentes entre diversos países, cada um deles selecionando os componentes em que seriam mais competitivos, em função de condições naturais, históricas ou criadas agregando tecnologia-inovação, escala de produção, qualificação dos trabalhadores e capacidade gestora dos empreendedores.
quinta-feira, 27 de agosto de 2020
Aposta no agronegócio - segura ou arriscada?
A agropecuária-florestal brasileira vem apresentando um bom desempenho, que se acentuou com a pandemia do novocoronavirus, promovendo o aumento da participação do agronegócio no PIB e indicando que poderá - dentro da retomada da economia - ser o novo motor do crescimento.
É uma boa ou má aposta "jogar as fichas" nesse setor? É seguro ou arriscado? É possível ou mais uma ilusão?
Primeiramente é preciso ver e perceber que o agronegócio se divide, pelo menos, em três subsetores: agropecuária-florestal, agroindústria e agrosserviços.
O primeiro é o que vai bem e sustenta o desenvolvimento dos demais, tanto para o abastecimento interno, como nas vendas para o exterior. É a parte mais visível, pelos recordes de produção das safras de grãos e pela geração de superavits cambiais.
A agroindústria se desdobra em "semi-manufaturados" com a produção ainda de commodities, como o açúcar, o suco de laranja, a celulose e outros. Destinados predominantemente para o mercado externo, também vai bem. Os segmentos de maior industrialização das matérias-primas para a transformação de alimentos prontos ou semiprontos para consumo atende suficientemente a demanda interna, mas tem participação reduzida, seja na pauta das exportações brasileiras, seja de participação no mercado mundial.
Para fazer do agronegócio o motor do crescimento econômico, a agroindústria será o elemento mais importante.
O terceiro subsetor do agronegócio e que contempla a maior participação, representando cerca de 50% do setor é altamente diversificado, mas duas das atividades se destacam: a logística e a comercialização.
A logística está presente em todo o agronegocio, gerando valor, mas também custos. Pode favorecer como comprometer a competitividade dos produtos brasileiros. É um ponto crítico ou o maior gargalo.
A comercialização para o mercado interno caracterizado como abastecimento vem funcionando sem maiores problemas, ainda sob predomínio das empresas nacionais, apesar do avanço no mercado de varejo, de grandes cadeias multinacionais. Já a comercialização para o mercado externo, nos principais produtos exportados, é dominado por multinacionais.
Apostar no agronegócio, do ponto de vista interno, significa investir fortemente na agroindústria exportadora e na logística.
Do ponto de vista da demanda externa, as perspectivas são de crescimento constante, em função da continuidade do crescimento demográfico mundial que já conta com 7,5 bilhões de habitantes e poderá chegar a 10 bilhões, até 2050. Todos precisam comer, embora nem todos venham a ter renda para o consumo.
Na relação com o mercado externo, a variação cambial é um fator crítico. As perspectivas são de continuidade do patamar atual, mas será sempre um fator de risco na aposta de uma economia com maior participação no mercado internacional. A estratégia brasileira terá que ser de mitigar o risco cambial, assunto para outro artigo.
É uma boa ou má aposta "jogar as fichas" nesse setor? É seguro ou arriscado? É possível ou mais uma ilusão?
Primeiramente é preciso ver e perceber que o agronegócio se divide, pelo menos, em três subsetores: agropecuária-florestal, agroindústria e agrosserviços.
O primeiro é o que vai bem e sustenta o desenvolvimento dos demais, tanto para o abastecimento interno, como nas vendas para o exterior. É a parte mais visível, pelos recordes de produção das safras de grãos e pela geração de superavits cambiais.
A agroindústria se desdobra em "semi-manufaturados" com a produção ainda de commodities, como o açúcar, o suco de laranja, a celulose e outros. Destinados predominantemente para o mercado externo, também vai bem. Os segmentos de maior industrialização das matérias-primas para a transformação de alimentos prontos ou semiprontos para consumo atende suficientemente a demanda interna, mas tem participação reduzida, seja na pauta das exportações brasileiras, seja de participação no mercado mundial.
Para fazer do agronegócio o motor do crescimento econômico, a agroindústria será o elemento mais importante.
O terceiro subsetor do agronegócio e que contempla a maior participação, representando cerca de 50% do setor é altamente diversificado, mas duas das atividades se destacam: a logística e a comercialização.
A logística está presente em todo o agronegocio, gerando valor, mas também custos. Pode favorecer como comprometer a competitividade dos produtos brasileiros. É um ponto crítico ou o maior gargalo.
A comercialização para o mercado interno caracterizado como abastecimento vem funcionando sem maiores problemas, ainda sob predomínio das empresas nacionais, apesar do avanço no mercado de varejo, de grandes cadeias multinacionais. Já a comercialização para o mercado externo, nos principais produtos exportados, é dominado por multinacionais.
Apostar no agronegócio, do ponto de vista interno, significa investir fortemente na agroindústria exportadora e na logística.
Do ponto de vista da demanda externa, as perspectivas são de crescimento constante, em função da continuidade do crescimento demográfico mundial que já conta com 7,5 bilhões de habitantes e poderá chegar a 10 bilhões, até 2050. Todos precisam comer, embora nem todos venham a ter renda para o consumo.
Na relação com o mercado externo, a variação cambial é um fator crítico. As perspectivas são de continuidade do patamar atual, mas será sempre um fator de risco na aposta de uma economia com maior participação no mercado internacional. A estratégia brasileira terá que ser de mitigar o risco cambial, assunto para outro artigo.
quarta-feira, 26 de agosto de 2020
Perfil dos investimentos em saneamento (4)
Nos artigos anteriores avaliamos superficialmente as oportunidades de investimentos em sistemas de água e de esgotos, nas cidades médias e grande, o que deverá atrair mais interesse dos principais investidores, sejam fundos de investimentos ou grandes empresas nacionais e internacionais do setor.
Questão adicional a ser avaliada é se para os investidores privados o mais atrativo serão os empreendimentos "greenfield" ou os "brownfield".
Os empreendimentos greenfield tem grandes vantagens de engenharia, podendo partir de projetos modernos, com adequada escolha das tecnologias. Mas tem desvantagens comerciais, precisando ir buscar os clientes que estejam dispostos a pagar as tarifas estabelecidas e avaliar o potencial de rentabilidade.
Já os empreendimentos brownfield partiriam de uma base de clientes, que indicariam os comportamentos, que irão afetar o consumo efetivo dos serviços e a elasticidade preços.
Questão adicional a ser avaliada é se para os investidores privados o mais atrativo serão os empreendimentos "greenfield" ou os "brownfield".
Os empreendimentos greenfield tem grandes vantagens de engenharia, podendo partir de projetos modernos, com adequada escolha das tecnologias. Mas tem desvantagens comerciais, precisando ir buscar os clientes que estejam dispostos a pagar as tarifas estabelecidas e avaliar o potencial de rentabilidade.
Já os empreendimentos brownfield partiriam de uma base de clientes, que indicariam os comportamentos, que irão afetar o consumo efetivo dos serviços e a elasticidade preços.
terça-feira, 25 de agosto de 2020
Perfil de investimentos em saneamento (3)
No setor de esgotos a situação brasileira, mesmo entre os grandes municípios, é precária, abrindo grandes oportunidades para investimentos. O problema maior não será a demanda potencial, mas a efetiva e a rentabilidade dos serviços.
As necessidades deverão ser adequadamente avaliadas para não promover ilusões e gerar decepções.
Dos 42 municípios brasileiros com mais de 500 mil habitantes um não contava com rede coletora e dois não contavam com nenhuma ETE. No total, dentro desses municípios de grande porte, haveriam 56 ETEs, do quais 40 em operação, 7 com operação interrompida, 2 concluidas, mas ainda não em operação e 7 inacabadas.
Uma grande parte dos esgotos coletados, mesmo nas grandes cidades, não é tratada, sendo despejados em cursos d'água, provocando poluição hídrica. Ou seja, a capacidade das ETEs instaladas seria insuficiente para o atendimento da demanda.
Para atrair o interesse dos investidores não bastam as macroestatísticas, mas essas precisam ser desdobradas e integradas, para identificar as oportunidades, mesmo sem chegar ao nível de projetos específicos.
Entre os 624 municípios de porte médio, com mais de 50 mil e até 500 mil habitantes, 530 dispunham de rede coletora de esgotos, remanescendo 94 municípios sem rede. Em princípio esses municípios seriam potencialmente alvos de projeto e implantação de sistemas integrados de esgotos, ou a cadeia produtiva completa.
467 municípios dispunham de ETE, portanto dos 530 com rede, 63 ainda não tinham tratamento dos seus esgotos. Embora deva se considerar que em alguns casos o tratamento possa estar sendo feito em outro município, outras estatísticas indicam que grande parte dos esgotos coletados não são tratados.
As maiores oportunidade de investimentos em empreendimentos "green-field" estarão nas cidades médias que ainda não contam com sistema integrado de esgotos. O maior volume de investimentos deverá ser na melhoria e ampliação de sistemas existentes, principalmente das redes, tanto de distribuição de água, como de coleta de esgotos e ainda da infraestrutura para o transporte "em grosso", caracterizados tecnicamente como "adutoras", no caso de água e "emissoras" no caso de esgotos.
As necessidades deverão ser adequadamente avaliadas para não promover ilusões e gerar decepções.
Dos 42 municípios brasileiros com mais de 500 mil habitantes um não contava com rede coletora e dois não contavam com nenhuma ETE. No total, dentro desses municípios de grande porte, haveriam 56 ETEs, do quais 40 em operação, 7 com operação interrompida, 2 concluidas, mas ainda não em operação e 7 inacabadas.
Uma grande parte dos esgotos coletados, mesmo nas grandes cidades, não é tratada, sendo despejados em cursos d'água, provocando poluição hídrica. Ou seja, a capacidade das ETEs instaladas seria insuficiente para o atendimento da demanda.
Para atrair o interesse dos investidores não bastam as macroestatísticas, mas essas precisam ser desdobradas e integradas, para identificar as oportunidades, mesmo sem chegar ao nível de projetos específicos.
Entre os 624 municípios de porte médio, com mais de 50 mil e até 500 mil habitantes, 530 dispunham de rede coletora de esgotos, remanescendo 94 municípios sem rede. Em princípio esses municípios seriam potencialmente alvos de projeto e implantação de sistemas integrados de esgotos, ou a cadeia produtiva completa.
467 municípios dispunham de ETE, portanto dos 530 com rede, 63 ainda não tinham tratamento dos seus esgotos. Embora deva se considerar que em alguns casos o tratamento possa estar sendo feito em outro município, outras estatísticas indicam que grande parte dos esgotos coletados não são tratados.
As maiores oportunidade de investimentos em empreendimentos "green-field" estarão nas cidades médias que ainda não contam com sistema integrado de esgotos. O maior volume de investimentos deverá ser na melhoria e ampliação de sistemas existentes, principalmente das redes, tanto de distribuição de água, como de coleta de esgotos e ainda da infraestrutura para o transporte "em grosso", caracterizados tecnicamente como "adutoras", no caso de água e "emissoras" no caso de esgotos.
segunda-feira, 24 de agosto de 2020
Tecnologia pura ou embarcada?
Nesta etapa da humanidade dominada pela inovação e pelo desenvolvimento tecnológico, apesar da pandemia do coronavirus, uma questão ou opção básica para a economia brasileira é: ter como motor do seu crescimento um setor de tecnologia pura competitiva mundialmente e se colocar dentro do mercado mundial, como um importante protagonista no suprimento mundial de tecnologias, ou se basear em setores tradicionais, com incorporação ou embarque de tecnologias?
Do ponto de vista econômico, na primeira opção, mais sedutora e que anima a alma de muitos, principalmente dos engenheiros, o Brasil será um grande produtor e vendedor de serviços, tecnológicos, caracterizados como aplicativos, seja para uso pessoal, como para uso doméstico, do tipo IoT, controlando automaticamente os equipamentos e instalações da casa e ainda para uso do comércio, da indústria e do proprio setor de serviços. Nessa perspectiva o se vende e compra é quase imaterial, diferentemente da comercialização de bens. A expectativa é que alguma startup vire uma microsoft, facebook, amazon e outras empresas ocidentais bem sucedidas ou uma alibaba, tik-tok e outras chinesas menos conhecidas.
É um sonho que embala a vida de muitos engenheiros, matemáticos, físico e outros, mesmo não formados e não tem faltado lives e webinars sobre essa utopia.
A outra alternativa é basear o desenvolvimento brasileiro a partir de setores tradicionais, com a "embarcação" das modernas tecnologias, seja uma reindustrialização como o agronegócio.
A indústria brasileira, embora tenha alguns segmentos de ponta, ainda é - no geral - atrasada tecnologicamente, com baixo investimento empresaria em pesquisa e desenvolvimento tecnológico. Tais atividades ainda estão concentradas em institutos estatais, dependo de recursos orçamentários, sempre insuficientes. Poucas empresas brasileiras são mundialmente competitivas, com destinação de parcelas relativamente significativas em P&D e incorporação das modernas tecnologias, tanto nos processos como nos produtos. A WEG é um dos raros exemplos.
A agropecuária é o setor mais avançado tecnologicamente, apesar de uma enorme desigualdade entre o chamado agronegócio, altamente moderna e a dita agricultura familiar, na realidade a micro e pequena produção rural, em grande parte, mantida no atraso, por conta de políticas assistenciais populistas.
O setor moderno incorpora as tecnologias desde as sementes, passando pelos sistemas produtivos, controlados por sistemas automatizados, próximos ou longínquos, drones, celulares, além do amplo uso de informações geradas por satélites. Todo esse arsenal tecnológico associado ao empreendedorismo de famílias produtoras transformou a agropecuária brasileira numa atividade altamente competitiva mundialmente, ampliando sucessivamente a sua produção, a sua produtividade e vendendo ao mundo tudo o que produz.
Adentra ao processamento industrial, com a produção dos semimanufaturados, mantendo a elevada competitividade, como no açucar, suco de laranja e carnes. A indústria brasileira básica de alimentos é altamente produtiva e competitiva, com elevada incorporação de tecnologias e de inovação.
Já nas fases subsequentes de industrialização de alimentos, por estar inteira ou predominantemente para o mercado interno, as empresas do setor estão na sua maioria tecnologicamente defasadas, não havendo destaque para nenhuma exceção.
Uma questão a ser avaliada é se com maior incorporação de tecnologia essas empresas poderão se tornar mundialmente competitivas?
Essa pergunta vale também para as demais empresas industriais, e abre a discussão, colocada inicialmente, do pais buscar a base do crescimento em serviços tecnológicos puros, ou focar o desenvolvimento tecnologico para gerar maior competitividade aos setores e produtos tradicionais?
Do ponto de vista econômico, na primeira opção, mais sedutora e que anima a alma de muitos, principalmente dos engenheiros, o Brasil será um grande produtor e vendedor de serviços, tecnológicos, caracterizados como aplicativos, seja para uso pessoal, como para uso doméstico, do tipo IoT, controlando automaticamente os equipamentos e instalações da casa e ainda para uso do comércio, da indústria e do proprio setor de serviços. Nessa perspectiva o se vende e compra é quase imaterial, diferentemente da comercialização de bens. A expectativa é que alguma startup vire uma microsoft, facebook, amazon e outras empresas ocidentais bem sucedidas ou uma alibaba, tik-tok e outras chinesas menos conhecidas.
É um sonho que embala a vida de muitos engenheiros, matemáticos, físico e outros, mesmo não formados e não tem faltado lives e webinars sobre essa utopia.
A outra alternativa é basear o desenvolvimento brasileiro a partir de setores tradicionais, com a "embarcação" das modernas tecnologias, seja uma reindustrialização como o agronegócio.
A indústria brasileira, embora tenha alguns segmentos de ponta, ainda é - no geral - atrasada tecnologicamente, com baixo investimento empresaria em pesquisa e desenvolvimento tecnológico. Tais atividades ainda estão concentradas em institutos estatais, dependo de recursos orçamentários, sempre insuficientes. Poucas empresas brasileiras são mundialmente competitivas, com destinação de parcelas relativamente significativas em P&D e incorporação das modernas tecnologias, tanto nos processos como nos produtos. A WEG é um dos raros exemplos.
A agropecuária é o setor mais avançado tecnologicamente, apesar de uma enorme desigualdade entre o chamado agronegócio, altamente moderna e a dita agricultura familiar, na realidade a micro e pequena produção rural, em grande parte, mantida no atraso, por conta de políticas assistenciais populistas.
O setor moderno incorpora as tecnologias desde as sementes, passando pelos sistemas produtivos, controlados por sistemas automatizados, próximos ou longínquos, drones, celulares, além do amplo uso de informações geradas por satélites. Todo esse arsenal tecnológico associado ao empreendedorismo de famílias produtoras transformou a agropecuária brasileira numa atividade altamente competitiva mundialmente, ampliando sucessivamente a sua produção, a sua produtividade e vendendo ao mundo tudo o que produz.
Adentra ao processamento industrial, com a produção dos semimanufaturados, mantendo a elevada competitividade, como no açucar, suco de laranja e carnes. A indústria brasileira básica de alimentos é altamente produtiva e competitiva, com elevada incorporação de tecnologias e de inovação.
Já nas fases subsequentes de industrialização de alimentos, por estar inteira ou predominantemente para o mercado interno, as empresas do setor estão na sua maioria tecnologicamente defasadas, não havendo destaque para nenhuma exceção.
Uma questão a ser avaliada é se com maior incorporação de tecnologia essas empresas poderão se tornar mundialmente competitivas?
Essa pergunta vale também para as demais empresas industriais, e abre a discussão, colocada inicialmente, do pais buscar a base do crescimento em serviços tecnológicos puros, ou focar o desenvolvimento tecnologico para gerar maior competitividade aos setores e produtos tradicionais?
domingo, 23 de agosto de 2020
Perfil de investimentos em saneamento (2)
Para vender para a sociedade e aprovar a mudança do marco regulatório do saneamento, foram usados os números totais de municípios brasileiros, para demonstrar a carência de atendimento e baixa cobertura dos serviços de saneamento, principalmente dos esgotos.
Dada a redução da capacidade de investimentos do Estado, as mudanças tiveram como alvo principal os investidores privados, que substituiriam o Estado, destinando amplos recursos para alcançar a desejada universalização do atendimento.
Espera-se que eles invistam até 700 bilhões de reais, nos próximos 13 anos.
Os investidores privados, sejam diretamente ou através de fundos de investimentos, não investem em estatísticas, ou apenas baseadas nessas, mas em empreendimentos econômicos com potencial de retorno.
Perfil dos Municipios brasileiros, segundo o tamanho da sua população
Os macronúmeros estatísticos precisam ser desdobrados e mostram que dos 5.570 municipios brasileiros, 4.905,, são de micro ou pequeno porte, com população (em 2017) até 50 mil habitantes. Mesmo agrupados regionalmente não darão escala para empreendimentos que venham a interessar grandes investidores internacionais ou mesmo nacional*. Será um mercado para investidores regionais.
(*Alguns desses municípios são agregados de regiões metropolitanas ou aglomerações urbanas, lideradas por municípios maiores.)
Os médios municipios, com população entre 50 e 500 mil habitantes são 624, representando 11,2% do total, já comportando investimentos interessantes para os investidore privados, ainda mais se reunidos regionalmente.
Os grandes municípios, com mais de 500 mil habitantes e que podem comportar investimentos de maior porte, mais atrativos para os investidores privados internacionais e nacionais são apenas 42, ou apenas 0,8% do total.
Os empreendimentos em sistema de água
O principal investimento está na captação e tratamento d'água. A captação terá maior ou menor volume de investimentos em função da tecnologia, da distância da captação, quando de águas superficiais da estação de tratamento e da reservação da água. Para os grandes sistemas a reservação da água, envolvendo a construção de barragens e instalação de bombas, é essencial.
A partir dai há os investimentos complementares na adução para os reservatórios locais e na rede de distribuição domiciliar.
Segundo o Censo Nacional de Saneamento de 2017, recém divulgado, dos 42 municípios com mais de 500 mil habitantes, todos contavam com sistema de tratamento de água, seja por ETA (Estação de Tratamento de Água) ou ETS (Estação de Tratamento Simplificado, em alguns casos, com os dois.
Desses, 39 municipios contavam com estações em funcionamento, ficando apenas 3 sem sistema funcionando.
Já o total de ETAs era de 42, dos quais 35 em operação, 2 com operação interrompida, 1 construida, mas ainda não operado e 4 inacabas, seja em construção ou interrompida.
As ETS eram 31, sendo 28 em operação, 1 com operação interrompida e 2 inacabadas.
Indicam um baixo volume de oportunidades de implantação de novas ETAs em condições "greenfield", isto é, começando do zero. A maior parte dos investimentos em captação e tratamento de água será em investimentos "brownfield", envolvendo a reforma e ampliação de sistemas existentes.
No Grupo II que compreendem os municípios entre 50 mil a 500 habitantes, aqui considerados como médios, dos 623
todos contavam com rede de distribuição, mas apenas 567 com ETA ou ETS. Os 56 sem estação de tratamento, provavelmente estão sendo supridos por outro município dentro de uma região metropolitana ou agrupamento urbano.
Não seriam oportunidade para a implantação de ETA "greenfield". Também não significa que algum desses municípios requeira um ETA inteiramente nova. Algumas em substituição de ETS. Mas, em ambos os casos, serão relativamente poucos.
As maiores oportunidades para o tratamento da água estarão na reforma, modernização ou ampliação de estações de tratamento existentes.
Tanto no grupo dos municípios médios, como dos grandes, os principais investimentos serão destinados às redes e à reservação de distribuição, ambos com predominância da construção civil. Serão complementados por equipamentos e sistemas ou aplicativos para a melhoria da gestão operacional.
Dada a redução da capacidade de investimentos do Estado, as mudanças tiveram como alvo principal os investidores privados, que substituiriam o Estado, destinando amplos recursos para alcançar a desejada universalização do atendimento.
Espera-se que eles invistam até 700 bilhões de reais, nos próximos 13 anos.
Os investidores privados, sejam diretamente ou através de fundos de investimentos, não investem em estatísticas, ou apenas baseadas nessas, mas em empreendimentos econômicos com potencial de retorno.
Perfil dos Municipios brasileiros, segundo o tamanho da sua população
Os macronúmeros estatísticos precisam ser desdobrados e mostram que dos 5.570 municipios brasileiros, 4.905,, são de micro ou pequeno porte, com população (em 2017) até 50 mil habitantes. Mesmo agrupados regionalmente não darão escala para empreendimentos que venham a interessar grandes investidores internacionais ou mesmo nacional*. Será um mercado para investidores regionais.
(*Alguns desses municípios são agregados de regiões metropolitanas ou aglomerações urbanas, lideradas por municípios maiores.)
Os médios municipios, com população entre 50 e 500 mil habitantes são 624, representando 11,2% do total, já comportando investimentos interessantes para os investidore privados, ainda mais se reunidos regionalmente.
Os grandes municípios, com mais de 500 mil habitantes e que podem comportar investimentos de maior porte, mais atrativos para os investidores privados internacionais e nacionais são apenas 42, ou apenas 0,8% do total.
Os empreendimentos em sistema de água
O principal investimento está na captação e tratamento d'água. A captação terá maior ou menor volume de investimentos em função da tecnologia, da distância da captação, quando de águas superficiais da estação de tratamento e da reservação da água. Para os grandes sistemas a reservação da água, envolvendo a construção de barragens e instalação de bombas, é essencial.
A partir dai há os investimentos complementares na adução para os reservatórios locais e na rede de distribuição domiciliar.
Segundo o Censo Nacional de Saneamento de 2017, recém divulgado, dos 42 municípios com mais de 500 mil habitantes, todos contavam com sistema de tratamento de água, seja por ETA (Estação de Tratamento de Água) ou ETS (Estação de Tratamento Simplificado, em alguns casos, com os dois.
Desses, 39 municipios contavam com estações em funcionamento, ficando apenas 3 sem sistema funcionando.
Já o total de ETAs era de 42, dos quais 35 em operação, 2 com operação interrompida, 1 construida, mas ainda não operado e 4 inacabas, seja em construção ou interrompida.
As ETS eram 31, sendo 28 em operação, 1 com operação interrompida e 2 inacabadas.
Indicam um baixo volume de oportunidades de implantação de novas ETAs em condições "greenfield", isto é, começando do zero. A maior parte dos investimentos em captação e tratamento de água será em investimentos "brownfield", envolvendo a reforma e ampliação de sistemas existentes.
No Grupo II que compreendem os municípios entre 50 mil a 500 habitantes, aqui considerados como médios, dos 623
todos contavam com rede de distribuição, mas apenas 567 com ETA ou ETS. Os 56 sem estação de tratamento, provavelmente estão sendo supridos por outro município dentro de uma região metropolitana ou agrupamento urbano.
Não seriam oportunidade para a implantação de ETA "greenfield". Também não significa que algum desses municípios requeira um ETA inteiramente nova. Algumas em substituição de ETS. Mas, em ambos os casos, serão relativamente poucos.
As maiores oportunidades para o tratamento da água estarão na reforma, modernização ou ampliação de estações de tratamento existentes.
Tanto no grupo dos municípios médios, como dos grandes, os principais investimentos serão destinados às redes e à reservação de distribuição, ambos com predominância da construção civil. Serão complementados por equipamentos e sistemas ou aplicativos para a melhoria da gestão operacional.
sábado, 22 de agosto de 2020
Perfil de Investimentos em Saneamento (1)
Com a aprovação da atualização do marco legal do saneamento voltaram os grandes números sobre os investimentos necessários para a universalização.
Para os investidores e empresários interessados no setor é preciso desdobrar os valores globais em natureza dos investimentos e chegar à identificação dos empreendimentos. Uma parte é obvia, por corresponder a grandes demandas reprimidas, outra não, requerendo levantamentos e estudos específicos.
A situação dos serviços urbanos de fornecimento de água potável, com um nível relativamente elevado de domicílios atendidos pela rede, indica uma demanda restrita de grandes empreendimentos e investimentos em estações de captação e tratamento de água. Isto é grandes empreendimentos, de natureza industrial, que integra a construção civil, de grande porte, a de montagem industrial e o fornecimento dos equipamentos e elementos para as instalações complementares, todas determinadas pelas tecnologias incorporadas no projeto.
O projeto e implantação dessa natureza de empreendimentos exigirá a participação de grandes empresas de engenharia, integrada, para fornecimento "turn-key" e modalidades similares.
A maioria da regiões metropolitanas que seria a grande demandante desses grandes empreendimentos já investiu nas estações de tratamento de água, remanescendo uma demanda complementar.
A pandemia do novo coronavirus evidenciou, entre outros elementos, a tendência de redução ou até estagnação do crescimento demográfico das regiões metropolitanas, fazendo com que alguns dos empreendimentos estejam superdimensionados.
Nos sistemas de água, os principais empreendimentos deverão ser na adução, reservação regional e rede de distribuição, com envolvimento predominante da construção civil, complementado por bombas e instalações. Será ainda o grande campo para as empresas de construção civil.
Para os investidores e empresários interessados no setor é preciso desdobrar os valores globais em natureza dos investimentos e chegar à identificação dos empreendimentos. Uma parte é obvia, por corresponder a grandes demandas reprimidas, outra não, requerendo levantamentos e estudos específicos.
A situação dos serviços urbanos de fornecimento de água potável, com um nível relativamente elevado de domicílios atendidos pela rede, indica uma demanda restrita de grandes empreendimentos e investimentos em estações de captação e tratamento de água. Isto é grandes empreendimentos, de natureza industrial, que integra a construção civil, de grande porte, a de montagem industrial e o fornecimento dos equipamentos e elementos para as instalações complementares, todas determinadas pelas tecnologias incorporadas no projeto.
O projeto e implantação dessa natureza de empreendimentos exigirá a participação de grandes empresas de engenharia, integrada, para fornecimento "turn-key" e modalidades similares.
A maioria da regiões metropolitanas que seria a grande demandante desses grandes empreendimentos já investiu nas estações de tratamento de água, remanescendo uma demanda complementar.
A pandemia do novo coronavirus evidenciou, entre outros elementos, a tendência de redução ou até estagnação do crescimento demográfico das regiões metropolitanas, fazendo com que alguns dos empreendimentos estejam superdimensionados.
Nos sistemas de água, os principais empreendimentos deverão ser na adução, reservação regional e rede de distribuição, com envolvimento predominante da construção civil, complementado por bombas e instalações. Será ainda o grande campo para as empresas de construção civil.
quinta-feira, 20 de agosto de 2020
Projeto Nacional Hegemônico (2)
Diante da persistente crise econômica - que decorre do enfraquecimento crônico do modelo do mercado interno - um novo modelo está em curso, em função do sucesso, também continuado e em crescimento, mas que ainda não alçou a condição de se tornar um projeto nacional.
Trata-se do agronegócio, voltado para o mercado externo, contrapondo-se ao modelo da industrialização voltada para o mercado interno.
Ainda não passou a dominar o pensamento econômico, mas tem crescido em função das contestações externas e internas, obrigando os seus adeptos a sairem em sua defesa. Assim como defender a sua principal líder atual: a Ministra da Agricultura e Pecuária, Tereza Cristina.
Mais do que os resultados da produção, com sucessivos recordes, a contribuição para garantir o abastecimento e a segurança alimentar dos brasileiros, assim como contribuir decisivamente para a segurança alimentar da humanidade, já com 7,5 bilhões de bocas a serem alimentadas, a geração dos superavits comerciais e maior participação na formação do PIB, faltam ao agronegócio algumas condições que limitam a sua aceitação pela sociedade como base de um novo projeto nacional, substituindo o envelhecido anterior.
A primeira e mais importante é que não é o responsável pelo aumento do desflorestamento ou desmatamento e dos incêndios florestais.
Não precisa, mas efetivamente segmentos marginais do agronegócio promovem indiretamente os desmatamentos e incêndios. As lideranças responsáveis do agronegócio precisam assumir um autocontrole para eliminar das suas hostes os predadores que prejudicam a sua imagem geral. Não podem ficar na dependência do Governo para as ações regulatórias e fiscalizatórias, até porque - na prática - dominam certos segmentos da própria máquina pública.
A segunda é de que se trata de produtos de baixa tecnologia, de produção rudimentar - baseada em imagens antigas da enxada - e de baixo valor agregado e que o Brasil não pode voltar a ser um país dependente da exportação de produtos primários, atualmente caracterizados como "commodities".
Os principais produtos de exportação ao atual agronegócio brasileiro são os originais desenvolvidos ou transformados pela tecnologia, com elevada agregação tecnológica, a maior parte desenvolvida pelo e no país, notadamente pela EMBRAPA.
Além disso as matérias primas incorporam sucessivos valores até chegar à mesa do consumidor na forma de alimentos prontos, o que gera enormes oportunidades para a industrialização, comercialização e prestação de serviços, que podem ser adequadamente aproveitados pelo Brasil. O agronegocio deve ser entendido de forma completa, por todo o seu ciclo, a partir do cultivo até o consumo final.
O terceiro grande obstáculo é superar a visão dos cidadões urbanos que acham que o agronegócio se limita ao campo, não alcançando as cidades. Essa visão limitada leva a uma inaceitação de dependência do Brasil, de um produto rural, visto como um retrocesso histórico e uma antimodernização promovida pela urbanização. Nem sempre as pessoas percebem que o seu café da manhã, com leite, café, pão e manteiga (ou margarina) são parte do agronegócio, que a origem está no campo, mas chega a ela, em sua mesa.
Associada a essa visão está o pensamento de que a modernização e evolução sucessiva está na transformação industrial, mediante incorporação de tecnologias, e basear-se em produtos primários é um retrocesso, um atraso.
O sucesso da produção e comercialização dos grãos brasileiros é um dos responsáveis por essa visão. A mídia dá grande destaque a esse sucesso, estando muito presente, não só no imaginário popular, como no imaginário da elite brasileira.
Para a sociedade urbana, para os intelectuais e outros que formulam o pensamento e a visão nacional, o agronegócio é percebido como uma produção e exportação de grãos. Com elementos positivos e negativos.
No entanto, o produto que chega à mesa do brasileiro é industrializado, transformado mediante processamento industrial.
Voltando à mesa matinal, o leite "em caixinha" não é o leite na condição natural, recolhido da ordenha da vaca. Passa por processos industriais de pasteurização, de envasamento nas caixinhas para ser comercializado, passando por fases de transporte, atacado, varejo até chegar à casa do consumidor. O valor que o consumidor paga pela caixinha do leite, tem uma pequena parcela do produtor e a maior da industrialização, da logística, da comercialização e da marca.
Quando a consagrada cantora Ivete Sangalo, soletra o PI-RA-CAN-JU-BA, na televisão, isso é também agronegócio.
Se o leite é transformado em manteiga, queijo, iogurte ou creme há maior agregação de valor.
Pode ainda ser transformado em leite em pó, mediante processamento industrial.
Ou seja, o leite ou derivado que o ser urbano consome é um produto do agronegócio, originário do campo, mas cuja composição de custo ou valor é predominantemente industrial ou de serviço.
O café que é consumido nas cidades é também agronegócio, mas não café verde, com colhido do cafezal. É torrado, moido, ensacado por processos industriais. Se for em cápsulas, o valor da industrialização é muito maior e o Brasil ainda importa parte das cápsulas, contendo o seu café.
As pessoas não consomem o grão de soja, exceto quando na forma de "edamame" nos restaurantes japoneses. Mas consomem, em grande escala, o óleo de soja, o mais comercializado e usado para frituras.
Mesmo o frango inteiro ensacado e refrigerado, passou por fases industriais, ocorrendo também com outras carnes.
Toda alimentação faz parte do agronegócio e não se limita ao campo, mas contém mais custo de processamento industrial, e de serviços do que do produto gerado no campo.
A grande produção no campo permitiu ou promoveu o estabelecimento e desenvolvimento de uma potente industria de alimentação, assim como toda uma rede de logística e comercialização. Também do desenvolvimento de serviços, seja de desenvolvimento tecnologico, como de marketing. As barras de creais são produtos da inovação tecnológica.
A conversão dessa indústria de alimentação, atualmente predominantemente voltada para o mercado interno, para um suprimento mundial, com grande ampliação de escala, seria a base da reindustrialização brasileira.
Trata-se do agronegócio, voltado para o mercado externo, contrapondo-se ao modelo da industrialização voltada para o mercado interno.
Ainda não passou a dominar o pensamento econômico, mas tem crescido em função das contestações externas e internas, obrigando os seus adeptos a sairem em sua defesa. Assim como defender a sua principal líder atual: a Ministra da Agricultura e Pecuária, Tereza Cristina.
Mais do que os resultados da produção, com sucessivos recordes, a contribuição para garantir o abastecimento e a segurança alimentar dos brasileiros, assim como contribuir decisivamente para a segurança alimentar da humanidade, já com 7,5 bilhões de bocas a serem alimentadas, a geração dos superavits comerciais e maior participação na formação do PIB, faltam ao agronegócio algumas condições que limitam a sua aceitação pela sociedade como base de um novo projeto nacional, substituindo o envelhecido anterior.
A primeira e mais importante é que não é o responsável pelo aumento do desflorestamento ou desmatamento e dos incêndios florestais.
Não precisa, mas efetivamente segmentos marginais do agronegócio promovem indiretamente os desmatamentos e incêndios. As lideranças responsáveis do agronegócio precisam assumir um autocontrole para eliminar das suas hostes os predadores que prejudicam a sua imagem geral. Não podem ficar na dependência do Governo para as ações regulatórias e fiscalizatórias, até porque - na prática - dominam certos segmentos da própria máquina pública.
A segunda é de que se trata de produtos de baixa tecnologia, de produção rudimentar - baseada em imagens antigas da enxada - e de baixo valor agregado e que o Brasil não pode voltar a ser um país dependente da exportação de produtos primários, atualmente caracterizados como "commodities".
Os principais produtos de exportação ao atual agronegócio brasileiro são os originais desenvolvidos ou transformados pela tecnologia, com elevada agregação tecnológica, a maior parte desenvolvida pelo e no país, notadamente pela EMBRAPA.
Além disso as matérias primas incorporam sucessivos valores até chegar à mesa do consumidor na forma de alimentos prontos, o que gera enormes oportunidades para a industrialização, comercialização e prestação de serviços, que podem ser adequadamente aproveitados pelo Brasil. O agronegocio deve ser entendido de forma completa, por todo o seu ciclo, a partir do cultivo até o consumo final.
O terceiro grande obstáculo é superar a visão dos cidadões urbanos que acham que o agronegócio se limita ao campo, não alcançando as cidades. Essa visão limitada leva a uma inaceitação de dependência do Brasil, de um produto rural, visto como um retrocesso histórico e uma antimodernização promovida pela urbanização. Nem sempre as pessoas percebem que o seu café da manhã, com leite, café, pão e manteiga (ou margarina) são parte do agronegócio, que a origem está no campo, mas chega a ela, em sua mesa.
Associada a essa visão está o pensamento de que a modernização e evolução sucessiva está na transformação industrial, mediante incorporação de tecnologias, e basear-se em produtos primários é um retrocesso, um atraso.
O sucesso da produção e comercialização dos grãos brasileiros é um dos responsáveis por essa visão. A mídia dá grande destaque a esse sucesso, estando muito presente, não só no imaginário popular, como no imaginário da elite brasileira.
Para a sociedade urbana, para os intelectuais e outros que formulam o pensamento e a visão nacional, o agronegócio é percebido como uma produção e exportação de grãos. Com elementos positivos e negativos.
No entanto, o produto que chega à mesa do brasileiro é industrializado, transformado mediante processamento industrial.
Voltando à mesa matinal, o leite "em caixinha" não é o leite na condição natural, recolhido da ordenha da vaca. Passa por processos industriais de pasteurização, de envasamento nas caixinhas para ser comercializado, passando por fases de transporte, atacado, varejo até chegar à casa do consumidor. O valor que o consumidor paga pela caixinha do leite, tem uma pequena parcela do produtor e a maior da industrialização, da logística, da comercialização e da marca.
Quando a consagrada cantora Ivete Sangalo, soletra o PI-RA-CAN-JU-BA, na televisão, isso é também agronegócio.
Se o leite é transformado em manteiga, queijo, iogurte ou creme há maior agregação de valor.
Pode ainda ser transformado em leite em pó, mediante processamento industrial.
Ou seja, o leite ou derivado que o ser urbano consome é um produto do agronegócio, originário do campo, mas cuja composição de custo ou valor é predominantemente industrial ou de serviço.
O café que é consumido nas cidades é também agronegócio, mas não café verde, com colhido do cafezal. É torrado, moido, ensacado por processos industriais. Se for em cápsulas, o valor da industrialização é muito maior e o Brasil ainda importa parte das cápsulas, contendo o seu café.
As pessoas não consomem o grão de soja, exceto quando na forma de "edamame" nos restaurantes japoneses. Mas consomem, em grande escala, o óleo de soja, o mais comercializado e usado para frituras.
Mesmo o frango inteiro ensacado e refrigerado, passou por fases industriais, ocorrendo também com outras carnes.
Toda alimentação faz parte do agronegócio e não se limita ao campo, mas contém mais custo de processamento industrial, e de serviços do que do produto gerado no campo.
A grande produção no campo permitiu ou promoveu o estabelecimento e desenvolvimento de uma potente industria de alimentação, assim como toda uma rede de logística e comercialização. Também do desenvolvimento de serviços, seja de desenvolvimento tecnologico, como de marketing. As barras de creais são produtos da inovação tecnológica.
A conversão dessa indústria de alimentação, atualmente predominantemente voltada para o mercado interno, para um suprimento mundial, com grande ampliação de escala, seria a base da reindustrialização brasileira.
quarta-feira, 19 de agosto de 2020
Projeto Nacional Hegemônico
Projeto nacional não é projeto de Governo, tampouco de Estado: é projeto de nação. Dificilmente terá consenso universal da sua sociedade, mas se estabelece como um projeto hegemônico, formulado por lideranças e aceitas e seguidas pelos demais segmentos da sociedade.
Neste sentido, afirmar que o Brasil nunca teve ou não tem um projeto nacional não corresponde à realidade. O que nunca existiu foi um projeto nacional, denominado como tal proposto por Governos e adotado pela sociedade. As propostas são fragmentadas, em geral, voltadas para o curto prazo, mas deram rumo a uma trajetória do país, nas suas diversas dimensões. Vamos nos ater aqui à dimensão econômica.
Até os anos 30 prevaleceu um projeto nacional decorrente do pensamento então hegemônico, definido pelas elites rurais que dominavam a política nacional, de uma visão vocacional natural. A economia brasileira deveria se inserir no mundo fundada nas suas vocações naturais: de um produtor baseado na sua produção natural, seja do minério de ferro ou da produção agrícola - na ocasião do café e do açucar - exportando-os em troca dos produtos industrializados de consumo dessa mesma elite, perpetuando o modelo desenvolvido desde a sua descoberta, como colônia de Portugal.
Esse projeto foi questionado pelos jovens tenentes do Exército que, promoveram uma revolução, assumiram o poder substituindo a elite política de base rural, mas somente anos após, assumiram o projeto de industrialização voltada para o mercado interno, que veio a ser conhecido como "industrialização por substituição de importações". Esse projeto, objeto de uma importante polêmica entre Eugênio Gudin, representante do pensamento da elite "destronada" e Roberto Simonsen, representando a nova elite emergente formada pelos industriais, em grande parte de imigrantes europeus, tornou-se hegemônico com a sua liderança assumida pelo Governo e permaneceu até 2016, como o projeto nacional brasileiro efetivo, embora tivesse se enfraquecido com a crise energética dos anos 70 e crise e desdobramentos subsequentes. Foi sucessivamente sustentado por ações e recursos governamentais, com sucessivos aumentos da carga tributária.
Ainda que com muitas contestações prevaleceu como pensamento econômico hegemônico, até que o seu abuso para esquemas de corrupção, levasse à perda da hegemonia.
Como nos anos 30, essa perda foi acompanhada ou provocou a queda do Governante, com o estabelecimento de um novo Governo para fortalecer o pensamento oposto, que se tornou hegemônico, embora ainda sem força suficiente, para aceitação plena.
Esse pensamento não altera as bases estruturais do projeto ainda vigente, isto é, voltado para o mercado interno, mas muda o processo de funcionamento da economia, com a total prevalência do processo liberal, em contraposição ao estatizante.
Mas diante de toda uma estrutura e cultura construída e consolidada ao longo de quase um século é preciso fazer as reformas básicas, entre elas a administrativa para desmontar uma máquina estatal inchada e ineficiente montada para gerir o processo anterior, seja na administração direta, como nas autarquias e empresas estatais. Enfrenta as resistências dos interesses montados sobre essa estrutura.
O pensamento liberal busca a hegemonia, mas as resistências silenciosas ainda são muitas e fortes.
O pensamento anterior, cunhado como "estatal (nacional) desenvolvimentista", perdeu a hegemonia. O pensamento liberal é o dominante, mas ainda não alçou a condição hegemônica, diante das resistências.
O jogo está empatado o que leva à percepção ou impressão de que o Brasil está sem rumo, sem projeto.
Neste sentido, afirmar que o Brasil nunca teve ou não tem um projeto nacional não corresponde à realidade. O que nunca existiu foi um projeto nacional, denominado como tal proposto por Governos e adotado pela sociedade. As propostas são fragmentadas, em geral, voltadas para o curto prazo, mas deram rumo a uma trajetória do país, nas suas diversas dimensões. Vamos nos ater aqui à dimensão econômica.
Até os anos 30 prevaleceu um projeto nacional decorrente do pensamento então hegemônico, definido pelas elites rurais que dominavam a política nacional, de uma visão vocacional natural. A economia brasileira deveria se inserir no mundo fundada nas suas vocações naturais: de um produtor baseado na sua produção natural, seja do minério de ferro ou da produção agrícola - na ocasião do café e do açucar - exportando-os em troca dos produtos industrializados de consumo dessa mesma elite, perpetuando o modelo desenvolvido desde a sua descoberta, como colônia de Portugal.
Esse projeto foi questionado pelos jovens tenentes do Exército que, promoveram uma revolução, assumiram o poder substituindo a elite política de base rural, mas somente anos após, assumiram o projeto de industrialização voltada para o mercado interno, que veio a ser conhecido como "industrialização por substituição de importações". Esse projeto, objeto de uma importante polêmica entre Eugênio Gudin, representante do pensamento da elite "destronada" e Roberto Simonsen, representando a nova elite emergente formada pelos industriais, em grande parte de imigrantes europeus, tornou-se hegemônico com a sua liderança assumida pelo Governo e permaneceu até 2016, como o projeto nacional brasileiro efetivo, embora tivesse se enfraquecido com a crise energética dos anos 70 e crise e desdobramentos subsequentes. Foi sucessivamente sustentado por ações e recursos governamentais, com sucessivos aumentos da carga tributária.
Ainda que com muitas contestações prevaleceu como pensamento econômico hegemônico, até que o seu abuso para esquemas de corrupção, levasse à perda da hegemonia.
Como nos anos 30, essa perda foi acompanhada ou provocou a queda do Governante, com o estabelecimento de um novo Governo para fortalecer o pensamento oposto, que se tornou hegemônico, embora ainda sem força suficiente, para aceitação plena.
Esse pensamento não altera as bases estruturais do projeto ainda vigente, isto é, voltado para o mercado interno, mas muda o processo de funcionamento da economia, com a total prevalência do processo liberal, em contraposição ao estatizante.
Mas diante de toda uma estrutura e cultura construída e consolidada ao longo de quase um século é preciso fazer as reformas básicas, entre elas a administrativa para desmontar uma máquina estatal inchada e ineficiente montada para gerir o processo anterior, seja na administração direta, como nas autarquias e empresas estatais. Enfrenta as resistências dos interesses montados sobre essa estrutura.
O pensamento liberal busca a hegemonia, mas as resistências silenciosas ainda são muitas e fortes.
O pensamento anterior, cunhado como "estatal (nacional) desenvolvimentista", perdeu a hegemonia. O pensamento liberal é o dominante, mas ainda não alçou a condição hegemônica, diante das resistências.
O jogo está empatado o que leva à percepção ou impressão de que o Brasil está sem rumo, sem projeto.
terça-feira, 18 de agosto de 2020
Estratégias para o saneamento - águas pluviais
Do ponto de vista político a questão das águas pluviais só tem importância quando provocam alagamentos ou enchentes.
Quando a própria natureza cuida do escoamento das chuvas e o córrego ou rio que recebe as água flui naturalmente não há necessidade de intervenção pública e não entra na pauta das campanhas.
É natural o alagamento temporário das várzeas durante as chuvas mais fortes e uma atuação da Prefeitura é impedir a sua ocupação com construções durante o período da seca. Uma solução é a manutenção dessas áreas inundáveis como parque que pode ser utilizada para lazer, deixando uma reserva para comportar as águas adicionais. Esta alternativa foi adotada por Curitiba e seguida por vários outros Municipios.
O problema ocorre com a invasão dessas áreas de várzea, com a constituição de favelas, o que tem acontecido, principalmente em períodos de secas prolongadas, com pouca chuva e não alagamento dessas áreas.
Uma vez invadida, quando volta um período de chuvas mais intensas, as casas ficam dentro da água, promovendo estragos no mobiliário e nas próprias casas.
Uma alternativa de ação é combater as enchentes; outra é retirar a população invasora. A primeira pode dar ganhos político-eleitorais, a segunda gera perdas. Deixar como está é a pior das soluções.
A ocorrência maior de alagamentos decorre da ocupação urbana e a maior impermeabilização do solo.
A principal medida preventiva está no uso e ocupação do solo, mas essa preocupação só emerge quando ocorrem os alagamentos, mas ai já é tarde para evitar. Tomam-se medidas corretivas, como a limpeza dos bueiros e outras que nunca são suficientes.
O problema das enchentes não se resolve só pela drenagem dos cursos d'água perenes, mas daqueles que só ocorrem com as grandes chuvas.
Quando a própria natureza cuida do escoamento das chuvas e o córrego ou rio que recebe as água flui naturalmente não há necessidade de intervenção pública e não entra na pauta das campanhas.
É natural o alagamento temporário das várzeas durante as chuvas mais fortes e uma atuação da Prefeitura é impedir a sua ocupação com construções durante o período da seca. Uma solução é a manutenção dessas áreas inundáveis como parque que pode ser utilizada para lazer, deixando uma reserva para comportar as águas adicionais. Esta alternativa foi adotada por Curitiba e seguida por vários outros Municipios.
O problema ocorre com a invasão dessas áreas de várzea, com a constituição de favelas, o que tem acontecido, principalmente em períodos de secas prolongadas, com pouca chuva e não alagamento dessas áreas.
Uma vez invadida, quando volta um período de chuvas mais intensas, as casas ficam dentro da água, promovendo estragos no mobiliário e nas próprias casas.
Uma alternativa de ação é combater as enchentes; outra é retirar a população invasora. A primeira pode dar ganhos político-eleitorais, a segunda gera perdas. Deixar como está é a pior das soluções.
A ocorrência maior de alagamentos decorre da ocupação urbana e a maior impermeabilização do solo.
A principal medida preventiva está no uso e ocupação do solo, mas essa preocupação só emerge quando ocorrem os alagamentos, mas ai já é tarde para evitar. Tomam-se medidas corretivas, como a limpeza dos bueiros e outras que nunca são suficientes.
O problema das enchentes não se resolve só pela drenagem dos cursos d'água perenes, mas daqueles que só ocorrem com as grandes chuvas.
segunda-feira, 17 de agosto de 2020
Estratégias para saneamento - resíduos sólidos
Para os técnicos, inclusive pelos que preparam os projetos de lei, e difundido dentro da sociedade organizada são resíduos sólidos. Para o povo é lixo: lixo doméstico que ele produz e quer que a Prefeitura leve embora, com o maior número de vezes, pelo menos uma por semana.
A maioria não quer saber o que acontece com o lixo recolhido. A sociedade organizada quer saber e se posicionar diante das soluções.
O maior problema do lixo é esse: o que fazer com o lixo doméstico recolhido: o mais simples é escolher um terreno onde descarregar o lixo. O que dá origem aos chamados "lixões".
Uma primeira medida para mitigar o problema é a redução dos volumes, associada à reutilização de parte do lixo, caracterizada como "reciclagem".
Para enfrentar esses dois grandes problemas, foi aprovada pelo Congresso Nacional, há dez anos atrás uma lei impositiva que obrigou as Prefeituras Municipais a extinguir os lixões e passar a depositar o lixo recolhido em aterros sanitários e à cadeia produtiva de embalagens, principalmente metálicas e plásticas de recolher as mesmas depois de usadas e promover a sua reciclagem. A chamada logística reversa.
Os projetos de lei que tratavam dos Resíduos Sólidos já "rolavam" há vinte anos, quando graças ao esforço pertinaz de articulação do deputado federal Arnaldo Jardim, foram consolidados num projeto de lei sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos que veio a ser aprovada, com grandes aplausos e esperanças da sociedade organizada, em agosto de 2010.
Dez anos após podem se verificar avanços, mas muito abaixo das expectativas e metas de quando foi aprovada a lei.
Na prática, embora um tema secundário, o tem "lixo" estará na agenda dos candidatos a Prefeito.
Nos municípios que ainda tem lixões ou lixinhos, os candidatos irão prometer acabar com eles até o final do seu mandato. Não é uma tarefa fácil porque nem sempre um município tem área adequada para formar aterros sanitários, tendo o Prefeito que articular com Prefeito vizinho ou próximo, a destinação final do lixo gerado em seu Município. O que tem custo operacional.
Mesmo quando tem áreas disponíveis, raramente, são de propriedade pública, o que obriga à compra ou à desapropriação. Para isso precisará de verbas orçamentárias.
A coleta domiciliar de lixo já é tradicionalmente terceirizada, na quase totalidade dos grandes municípios.
Embora de origem espúria, com distorções ainda remanescentes, gerou um quadro empresarial privado com um conjunto de empresas que disputam em regime concorrencial restrito os serviços. Ainda predominam os cartéis regionais.
As posições do candidato a Prefeito dependerão das circunstâncias: se a coleta atual é municipalizada ou terceirizada. A posição natural é de defender a mudança, se os serviços não estiverem sendo bem prestados gerando críticas e reclamações da população.
Quanto à terceirização, a posição pode ser o de reverter para a municipalização, ou buscar a melhoria dos serviços, seja pelo contrato, pela fiscalização como por nova licitação. Um dos discursos é acabar com o cartel ou a sua força e eliminar a corrupção.
A maioria não quer saber o que acontece com o lixo recolhido. A sociedade organizada quer saber e se posicionar diante das soluções.
O maior problema do lixo é esse: o que fazer com o lixo doméstico recolhido: o mais simples é escolher um terreno onde descarregar o lixo. O que dá origem aos chamados "lixões".
Uma primeira medida para mitigar o problema é a redução dos volumes, associada à reutilização de parte do lixo, caracterizada como "reciclagem".
Para enfrentar esses dois grandes problemas, foi aprovada pelo Congresso Nacional, há dez anos atrás uma lei impositiva que obrigou as Prefeituras Municipais a extinguir os lixões e passar a depositar o lixo recolhido em aterros sanitários e à cadeia produtiva de embalagens, principalmente metálicas e plásticas de recolher as mesmas depois de usadas e promover a sua reciclagem. A chamada logística reversa.
Os projetos de lei que tratavam dos Resíduos Sólidos já "rolavam" há vinte anos, quando graças ao esforço pertinaz de articulação do deputado federal Arnaldo Jardim, foram consolidados num projeto de lei sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos que veio a ser aprovada, com grandes aplausos e esperanças da sociedade organizada, em agosto de 2010.
Dez anos após podem se verificar avanços, mas muito abaixo das expectativas e metas de quando foi aprovada a lei.
Na prática, embora um tema secundário, o tem "lixo" estará na agenda dos candidatos a Prefeito.
Nos municípios que ainda tem lixões ou lixinhos, os candidatos irão prometer acabar com eles até o final do seu mandato. Não é uma tarefa fácil porque nem sempre um município tem área adequada para formar aterros sanitários, tendo o Prefeito que articular com Prefeito vizinho ou próximo, a destinação final do lixo gerado em seu Município. O que tem custo operacional.
Mesmo quando tem áreas disponíveis, raramente, são de propriedade pública, o que obriga à compra ou à desapropriação. Para isso precisará de verbas orçamentárias.
A coleta domiciliar de lixo já é tradicionalmente terceirizada, na quase totalidade dos grandes municípios.
Embora de origem espúria, com distorções ainda remanescentes, gerou um quadro empresarial privado com um conjunto de empresas que disputam em regime concorrencial restrito os serviços. Ainda predominam os cartéis regionais.
As posições do candidato a Prefeito dependerão das circunstâncias: se a coleta atual é municipalizada ou terceirizada. A posição natural é de defender a mudança, se os serviços não estiverem sendo bem prestados gerando críticas e reclamações da população.
Quanto à terceirização, a posição pode ser o de reverter para a municipalização, ou buscar a melhoria dos serviços, seja pelo contrato, pela fiscalização como por nova licitação. Um dos discursos é acabar com o cartel ou a sua força e eliminar a corrupção.
sexta-feira, 14 de agosto de 2020
Estratégias para saneamento - esgotos
A visão política sobre os serviços de esgotos pode ter consequências ainda mais grave.
A baixa cobertura nacional pelos serviços públicos de saneamento tem sido utilizada para a maior promoção da participação das empresas privadas no setor, mas – na prática – elas terão muitas dificuldades em cumprir as metas de universalização.
Todos querem o atendimento, ainda que com intensidades diferentes, mas poucos estão dispostos a pagar pelos serviços e poucos Municípios estão dispostos a aportar recursos próprios para os serviços. Para superar essa dificuldade foi gerado o modelo tarifário pela SABESP, replicada em todo o Brasil, com a cobrança da tarifa de esgotos junto com o da água, na mesma proporção.
Com as distorções no uso do modelo voltou a faltar recursos para os investimentos e operação dos esgotos e as empresas reivindicam cobranças adicionais o que enfrenta
Enquanto a água é considerada um bem essencial, que não pode faltar, inteiramente incorporada aos hábitos pessoais e, em geral, as pessoas estão dispostas a pagar, o mesmo não ocorre com os serviços de esgotos.
Muitos buscam solução para os seus esgotos, com custo menor do que o equivalente à tarifa da água.
Para evitar essa perda de receita, as concessionarias reivindicam e as Prefeituras aceitam determinar a obrigatoriedade da ligação domiciliar à rede de esgotos, quando implantada essa em frente ou à disposição da residência. É uma imposição legal de atribuição do Municipio, mas gera muita reação contrária por parte dos moradores, que pode ser disseminada pela comunidade, impactando os votos dos eleitores.
Os Prefeitos tendem a aceitar a inclusão da obrigação na legislação, mas não a aplica, com receio das manifestações. Quando a operadora é do próprio Municipio ou uma concessionária estadual, o Prefeito pode evitar o embate, posição que não poderá manter com a concessionária privada. Para essa a obrigação deve ser uma cláusula contratual da concessão e sua não aplicação poderia gerar penalidades e argumento para ajustes tarifários, ou equacionamento do equilíbrio econômico financeiro do contrato. É um ponto de insegurança jurídica.
Como é uma questão imanente ou submersa, a maioria dos Prefeitos e candidatos preferem ignorar o tema, só se posicionando quando elas irrompem em reações de rua.
Epidemias
Estatísticas sanitária demonstram a relação entre a falta de serviços de coleta de esgotos, deixando que esses corram pelas vias públicas ou sejam lançadas diretamente, sem qualquer tratamento, em córregos e outros corpos d'água locais, com a ocorrência de doenças e elevação da mortalidade infantil.
Mas esta percepção nem sempre é clara ou até escondida pela visão política que tende a minimizar os efeitos.
É conhecida a frase do Presidente da República que o "garoto pula em cima do esgoto e não acontece nada".
É outro problema desprezado pela política, somente se tornando relevante quando dá origem a uma epidemia, com mais doentes do que a capacidade do sistema de saúde pública em atender.
Para a atualização do marco regulatório do sanamento foi muito utilizado o impacto sanitário da falta de atenção com os esgotos, generalizado como saneamento.
Essa movimentação midiática, faz com os candidatos tenham que incluir a sua visão e posicionamento em relação ao saneamento.
Enquanto a água é considerada um bem essencial, que não pode faltar, inteiramente incorporada aos hábitos pessoais e, em geral, as pessoas estão dispostas a pagar, o mesmo não ocorre com os serviços de esgotos.
Muitos buscam solução para os seus esgotos, com custo menor do que o equivalente à tarifa da água.
Para evitar essa perda de receita, as concessionarias reivindicam e as Prefeituras aceitam determinar a obrigatoriedade da ligação domiciliar à rede de esgotos, quando implantada essa em frente ou à disposição da residência. É uma imposição legal de atribuição do Municipio, mas gera muita reação contrária por parte dos moradores, que pode ser disseminada pela comunidade, impactando os votos dos eleitores.
Os Prefeitos tendem a aceitar a inclusão da obrigação na legislação, mas não a aplica, com receio das manifestações. Quando a operadora é do próprio Municipio ou uma concessionária estadual, o Prefeito pode evitar o embate, posição que não poderá manter com a concessionária privada. Para essa a obrigação deve ser uma cláusula contratual da concessão e sua não aplicação poderia gerar penalidades e argumento para ajustes tarifários, ou equacionamento do equilíbrio econômico financeiro do contrato. É um ponto de insegurança jurídica.
Como é uma questão imanente ou submersa, a maioria dos Prefeitos e candidatos preferem ignorar o tema, só se posicionando quando elas irrompem em reações de rua.
Epidemias
Estatísticas sanitária demonstram a relação entre a falta de serviços de coleta de esgotos, deixando que esses corram pelas vias públicas ou sejam lançadas diretamente, sem qualquer tratamento, em córregos e outros corpos d'água locais, com a ocorrência de doenças e elevação da mortalidade infantil.
Mas esta percepção nem sempre é clara ou até escondida pela visão política que tende a minimizar os efeitos.
É conhecida a frase do Presidente da República que o "garoto pula em cima do esgoto e não acontece nada".
É outro problema desprezado pela política, somente se tornando relevante quando dá origem a uma epidemia, com mais doentes do que a capacidade do sistema de saúde pública em atender.
Para a atualização do marco regulatório do sanamento foi muito utilizado o impacto sanitário da falta de atenção com os esgotos, generalizado como saneamento.
Essa movimentação midiática, faz com os candidatos tenham que incluir a sua visão e posicionamento em relação ao saneamento.
quinta-feira, 13 de agosto de 2020
Estratégias para saneamento (2)
A regionalização e gestão compartilhada
A posição política dos candidatos dependerá sempre das circunstâncias atuais: quando o atendimento está bem o modelo atual também estará e o tema não fará parte da pauta da campanha. Só entra se o atendimento estiver inadequado, gerando duas posições antagônicas: a que defende o modelo, apesar das suas deficiências porque ele, o seu grupo politico ou o partido foram os responsaveis pela sua implantação e o que quer mudar o modelo, promovendo a sua extinção e o retorno da gestão municipal independente.
As circunstâncias também são diferentes em função da localização das unidades centrais dos sistemas. Os serviços de distribuição a partir de uma caixa d'água já dentro do Municipio, são tipicamente municipais. A captação e tratamento podem ser regionais, mas essas sempre ocorrem em dado território, portanto, dentro de um Municipio.
Os acordos de regionalização e compartilhamento definem os rateios de participação nos investimentos, as quotas de volumes a receber, a tarifa unificada, os custos da gestora e outras questões complementares. Nos primeiros momentos a gestão compartilhada tende a ir bem, com o bom entendimento dos Prefeitos integrantes do acordo. Podem surgir questionamentos na primeira eleição municipal subsequente, o que não seria usual, por insuficiência de resultados e problemas. Esses começam com a eventual eleição de Prefeito opositor do anterior e adversário político (partidário ou grupal) do Prefeito onde estão instalados os equipamentos de captação e tratamento.
Quando ocorre falha no abastecimento do atacado, isto é, da captadora para o distribuidor, este tende a acusar aquele de estar "boicotando" o seu municipio bombeando menos água do que o acordado.
Se o usuário final reclama da qualidade da água ou da tarifa elevada, o Prefeito tende logo a jogar a culpa ao abastecedor que estaria fornecendo água de menor qualidade e que está cobrando tarifas elevadas, ainda que essas tenham sido acordadas em conjunto, pelas gestões anteriores. A tarifa básica é a mesma, mas pode variar em função das perdas. Em que pontos ocorrem as perdas e quem paga por elas.
Visão política dos subsídios cruzados
Os subsídios cruzados são uma solução técnica, mas os usuários-eleitores de um Municipio, com maior densidade e menor custo unitário pode achar que está pagando demais, para subsidiar o usuário do município vizinho, que tem um custo mais alto. Ele acha que subsídio tem que ser do Estado e não do particular, não dele. Tenderá a acompanhar e apoiar o candidato que defende o fim do subsídio cruzado.
Os sistemas regionalizados, com gestão compartilhada são uma boa solução técnica, mas pode virar um campo de disputa política, em que a principal vitima é o usuário.
A visão política da tarifa de água
A questão tarifária pode ser bem construída tecnicamente, mas essa entra no imaginário popular e eleitoral, sempre com vieses, portanto, com distorções.
O principal é que a água é um bem natural ou para alguns uma dádiva divina e não cabe nem pode o homem cobrar por ela.
Para os defensores desse dogma, nenhuma tarifa pode ser cobrada.
Não faltarão políticos para encampar esses dogmas.
Impactos do represamento de rios
Outro problema de reação popular está no represamento de rios para formar as represas de captação, com impactos sobre as propriedade.s a jusante da barragem.
Os cursos d'água são federais ou estaduais. Não existem, constitucionalmente, cursos ou corpos d'água municipais e, consequentemente, atribuição municipal sobre o uso das águas naturais.
A atualização do marco legal do saneamento fortaleceu a competência federal em detrimento da estadual.
A atuação do Prefeito terá que ser mais em Brasília, do que na capital do seu Estado, o que fortalecerá o papel do deputado federal como despachante comunitário. Ser eleito deputado federal é parte essencial da carreira politica do Prefeito.
A posição política dos candidatos dependerá sempre das circunstâncias atuais: quando o atendimento está bem o modelo atual também estará e o tema não fará parte da pauta da campanha. Só entra se o atendimento estiver inadequado, gerando duas posições antagônicas: a que defende o modelo, apesar das suas deficiências porque ele, o seu grupo politico ou o partido foram os responsaveis pela sua implantação e o que quer mudar o modelo, promovendo a sua extinção e o retorno da gestão municipal independente.
As circunstâncias também são diferentes em função da localização das unidades centrais dos sistemas. Os serviços de distribuição a partir de uma caixa d'água já dentro do Municipio, são tipicamente municipais. A captação e tratamento podem ser regionais, mas essas sempre ocorrem em dado território, portanto, dentro de um Municipio.
Os acordos de regionalização e compartilhamento definem os rateios de participação nos investimentos, as quotas de volumes a receber, a tarifa unificada, os custos da gestora e outras questões complementares. Nos primeiros momentos a gestão compartilhada tende a ir bem, com o bom entendimento dos Prefeitos integrantes do acordo. Podem surgir questionamentos na primeira eleição municipal subsequente, o que não seria usual, por insuficiência de resultados e problemas. Esses começam com a eventual eleição de Prefeito opositor do anterior e adversário político (partidário ou grupal) do Prefeito onde estão instalados os equipamentos de captação e tratamento.
Quando ocorre falha no abastecimento do atacado, isto é, da captadora para o distribuidor, este tende a acusar aquele de estar "boicotando" o seu municipio bombeando menos água do que o acordado.
Se o usuário final reclama da qualidade da água ou da tarifa elevada, o Prefeito tende logo a jogar a culpa ao abastecedor que estaria fornecendo água de menor qualidade e que está cobrando tarifas elevadas, ainda que essas tenham sido acordadas em conjunto, pelas gestões anteriores. A tarifa básica é a mesma, mas pode variar em função das perdas. Em que pontos ocorrem as perdas e quem paga por elas.
Visão política dos subsídios cruzados
Os subsídios cruzados são uma solução técnica, mas os usuários-eleitores de um Municipio, com maior densidade e menor custo unitário pode achar que está pagando demais, para subsidiar o usuário do município vizinho, que tem um custo mais alto. Ele acha que subsídio tem que ser do Estado e não do particular, não dele. Tenderá a acompanhar e apoiar o candidato que defende o fim do subsídio cruzado.
Os sistemas regionalizados, com gestão compartilhada são uma boa solução técnica, mas pode virar um campo de disputa política, em que a principal vitima é o usuário.
A visão política da tarifa de água
A questão tarifária pode ser bem construída tecnicamente, mas essa entra no imaginário popular e eleitoral, sempre com vieses, portanto, com distorções.
O principal é que a água é um bem natural ou para alguns uma dádiva divina e não cabe nem pode o homem cobrar por ela.
Para os defensores desse dogma, nenhuma tarifa pode ser cobrada.
Os fornecedores podem tentar explicar que não há cobrança da água, mas dos serviços de captação, tratamento, adução, armazenamento, distribuição, para que o usuário tenha a água na torneira da sua casa. Nem sempre conseguem convencer e existem vários casos de revolta popular que obrigaram concessionárias a paralizar a implantação d os sistemas ou abandonar a operação.
Impactos do represamento de rios
Outro problema de reação popular está no represamento de rios para formar as represas de captação, com impactos sobre as propriedade.s a jusante da barragem.
Os cursos d'água são federais ou estaduais. Não existem, constitucionalmente, cursos ou corpos d'água municipais e, consequentemente, atribuição municipal sobre o uso das águas naturais.
A atualização do marco legal do saneamento fortaleceu a competência federal em detrimento da estadual.
A atuação do Prefeito terá que ser mais em Brasília, do que na capital do seu Estado, o que fortalecerá o papel do deputado federal como despachante comunitário. Ser eleito deputado federal é parte essencial da carreira politica do Prefeito.
quarta-feira, 12 de agosto de 2020
Estratégias para o saneamento
O deficit de saneamento é um dos maiores problemas do Brasil, requerendo muito dinheiro, investimentos, inovação tecnológica e eficiência na gestão. É por interpretação constitucional, atribuição dos Municipios, mas com interferências estadual e federal.
Nos municípios onde os sistemas são estritamente municipais, ou seja, todas as atividades da cadeia produtiva estão dentro do território municipal a responsabilidade é inconteste: é do Municipio, mas dada a eventual inviabilidade econômica dos sistemas, a orientação federal é que eles se agrupem para soluções regionais, com apoio financeiro federal.
Já nas regiões metropolitanas e aglomerados urbanos, onde já há e tende a crescer as soluções regionalizadas, Estados, com respaldo judicial, entendem que a titularidade e responsabilidade é compartilhada.
Esse quadro confuso, ainda mais complicado com a pretensão regulatória da União, através da ANA - Agência Nacional das Águas tem impactos importantes nas eleições municipais de 2020.
Como no geral, as visões e posições dos eleitores dependem das circunstâncias a partir de compreensões nem sempre coincidentes com os técnicos e as soluções mais abrangentes, começando por diferenças linguísticas.
Para os técnicos, o problema é de saneamento, seja caracterizado como básico, ambiental, integrado e outras adjetivações.
Para os técnicos o saneamento compreende água, esgotos, resíduos sólidos e drenagem urbana.
Para a maioria dos eleitores, saneamento é um "bicho illusório". Os problemas são de água, "merda", lixo e enchente.
Água
Os técnicos falam em segurança hídrica, o povo quer água limpa, saindo da torneira a qualquer momento que abrir: pagando pouco.
Os técnicos falam em universalizar o atendimento, o marketing politico traduz para "água para todo mundo".
Os técnicos querem a distritalização e gestão da pressão, para redução dos desperdícios, o povo reclama que de madrugada a torneira fica seca. Fica pior em favelas e bairros em lugares altos, onde a água precisa ser bombeada todo o tempo.
Em municípios onde o abastecimento de água funcionam normalmente, essa não entra na pauta política, nas agendas das campanhas, a menos de localidades mais distantes do centro, onde a rede de distribuição não chega ou em ocupações urbanas, em morros e outros locais elevados, embora a principal fonte da água venha do céu, na forma de chuvas.
Para as comunidades, onde a rede não chega por não ser econômico para o gestor do sistema, são duas as soluções principais: captação e guarda das águas da chuva e o caminhão-pipa. Esta última execrada pelos técnicos, ao contrários dos políticos. O que cria um paradoxo: o político que promete estender a rede é um demagogo, que não tem idéia da viabilidade operacional e econômica e pode estar prometendo o que não pode cumprir. O político que promete assegurar o carro-pipa é um realista, que pode cumprir o que promete, mas associado ao "lado negro": a corrupção.
A captação e guarda da água da chuva, pode ser a solução mais viável, com o desenvolvimento de soluções tecnológicas inovadoras, mas corre o risco de burocratização crescente, com os poderes concedidos às agencias de água.
Nos municípios onde os sistemas são estritamente municipais, ou seja, todas as atividades da cadeia produtiva estão dentro do território municipal a responsabilidade é inconteste: é do Municipio, mas dada a eventual inviabilidade econômica dos sistemas, a orientação federal é que eles se agrupem para soluções regionais, com apoio financeiro federal.
Já nas regiões metropolitanas e aglomerados urbanos, onde já há e tende a crescer as soluções regionalizadas, Estados, com respaldo judicial, entendem que a titularidade e responsabilidade é compartilhada.
Esse quadro confuso, ainda mais complicado com a pretensão regulatória da União, através da ANA - Agência Nacional das Águas tem impactos importantes nas eleições municipais de 2020.
Como no geral, as visões e posições dos eleitores dependem das circunstâncias a partir de compreensões nem sempre coincidentes com os técnicos e as soluções mais abrangentes, começando por diferenças linguísticas.
Para os técnicos, o problema é de saneamento, seja caracterizado como básico, ambiental, integrado e outras adjetivações.
Para os técnicos o saneamento compreende água, esgotos, resíduos sólidos e drenagem urbana.
Para a maioria dos eleitores, saneamento é um "bicho illusório". Os problemas são de água, "merda", lixo e enchente.
Água
Os técnicos falam em segurança hídrica, o povo quer água limpa, saindo da torneira a qualquer momento que abrir: pagando pouco.
Os técnicos falam em universalizar o atendimento, o marketing politico traduz para "água para todo mundo".
Os técnicos querem a distritalização e gestão da pressão, para redução dos desperdícios, o povo reclama que de madrugada a torneira fica seca. Fica pior em favelas e bairros em lugares altos, onde a água precisa ser bombeada todo o tempo.
Em municípios onde o abastecimento de água funcionam normalmente, essa não entra na pauta política, nas agendas das campanhas, a menos de localidades mais distantes do centro, onde a rede de distribuição não chega ou em ocupações urbanas, em morros e outros locais elevados, embora a principal fonte da água venha do céu, na forma de chuvas.
Para as comunidades, onde a rede não chega por não ser econômico para o gestor do sistema, são duas as soluções principais: captação e guarda das águas da chuva e o caminhão-pipa. Esta última execrada pelos técnicos, ao contrários dos políticos. O que cria um paradoxo: o político que promete estender a rede é um demagogo, que não tem idéia da viabilidade operacional e econômica e pode estar prometendo o que não pode cumprir. O político que promete assegurar o carro-pipa é um realista, que pode cumprir o que promete, mas associado ao "lado negro": a corrupção.
A captação e guarda da água da chuva, pode ser a solução mais viável, com o desenvolvimento de soluções tecnológicas inovadoras, mas corre o risco de burocratização crescente, com os poderes concedidos às agencias de água.
terça-feira, 11 de agosto de 2020
Estratégias para mobilidade urbana
Os candidatos a Prefeitos de cidades grandes, mas não mega, isto é, com mais de 200 mil eleitores, mas com menos de 1.000.000 de eleitores, tem que se posicionar em relação aos grandes problemas do Municipio, notadamente, mobilidade urbana, saneamento, saúde pública e habitação. São grandes problemas mas não incontroláveis, como ocorre em São Paulo, com 9 milhões de eleitores.
Pelo tamanho do eleitorado poderão ter segundo turno e, fora o município capital do Estado, não contam com canal de TV local, mas regional.
Acima de 200 mil são 25 capitais, com exclusão do DF que não elege Prefeito e Palmas, capital do Tocantins, a única, com eleitorado menor.
Fora essas, são 70 cidades, a maior parte no Estado de São Paulo (27)
Em relação à mobilidade urbana, nenhum município, não capital, tem capacidade para implantar e operar uma rede metroviária, contando com uma ou duas linhas metropolitanas, a cargo do respectivo Governo Estadual.
Uma estratégia é mais geral, com predomínio de técnicos, com propostas alternativas de sistemas de transporte de média capacidade, optando entre sistemas sob trilhos ou pneus. Esses são menos sedutores, mas de menor custo e mais facilmente implantáveis. São soluções que atendem à população de média renda, moradores próximos aos eixos de transporte q que tem maior repercussão na mídia tradicional, mas sem a correspondência na mesma quantidade de votos.
A maioria do eleitorado é de média para baixa renda e depende do ônibus ou vans para a sua locomoção cotidiana. O que o eleitor quer não é uma solução para a cidade, mas solução para os seus problemas e locomoção. Ele é uma pessoa e não um número das estatísticas dos técnicos. Tenderá a destinar o seu voto para o candidato que promete soluções específicas e objetivas para as suas necessidades, desconsiderando ou desdenhando das grandes soluções para a cidade. Mas o fator imaginário sempre terá espaço, mesmo para a população de menor renda, que se alimenta de esperanças e da utopia.
Um caso relevante para as estratégias eleitorais foi a proposta de um BRT circulando por vias elevadas, eliminando os cruzamentos em nível, na cidade de São Paulo, ao final do mandato do então Prefeito Paulo Maluf. Um estudo técnico, conduzido por um grupo de especialistas em transporte, desenvolveu a solução, definindo tecnologias, orçamento, necessidade de investimentos e prazo para execução das obras. Apresentado ao Comitê do candidato indicado pelo Prefeito, a reação do marketing político foi "é um fura-fila". O nome "pegou", incorporou-se ao imaginário popular e contribuiu decisivamente para a eleição de Celso Pitta. E conseguiu implantar parcialmente uma e só linha, com projetos arquitetônicos monumentais das estações, como um "out-door" da obra. O Prefeito foi obrigado a renunciar, acusado de corrupção e o apelido de "fura-fila" se perdeu. Voltou a ser um BRT. O que a maioria da população não tem a menor idéia do que significa. É apenas uma sigla a mais. Apresentar propostas de VLT, BRT, Monotrilho e terá repercussão e debate junto à comunidade técnica, mas baixo impacto eleitoral. Será necessário transformar uma boa idéia técnica numa utopia que povoe o imaginário popular, com uma denominação sedutora.
Já o eleitorado de média alta e alta renda tem as suas utopias. Antes da pandemia era a bicicleta, o que pode voltar, como solução, mas de efeito eleitoral limitada. Com a pandemia é voltar a usar o seu carro e encontrar as vias pouco ocupadas e o trânsito fluindo. Como o novo Prefeito vai conseguir isso, uma vez vencida a pandemia?
Ter uma solução simples, popular e crível será um importante passaporte para a vitória.
Pelo tamanho do eleitorado poderão ter segundo turno e, fora o município capital do Estado, não contam com canal de TV local, mas regional.
Acima de 200 mil são 25 capitais, com exclusão do DF que não elege Prefeito e Palmas, capital do Tocantins, a única, com eleitorado menor.
Fora essas, são 70 cidades, a maior parte no Estado de São Paulo (27)
Em relação à mobilidade urbana, nenhum município, não capital, tem capacidade para implantar e operar uma rede metroviária, contando com uma ou duas linhas metropolitanas, a cargo do respectivo Governo Estadual.
Uma estratégia é mais geral, com predomínio de técnicos, com propostas alternativas de sistemas de transporte de média capacidade, optando entre sistemas sob trilhos ou pneus. Esses são menos sedutores, mas de menor custo e mais facilmente implantáveis. São soluções que atendem à população de média renda, moradores próximos aos eixos de transporte q que tem maior repercussão na mídia tradicional, mas sem a correspondência na mesma quantidade de votos.
A maioria do eleitorado é de média para baixa renda e depende do ônibus ou vans para a sua locomoção cotidiana. O que o eleitor quer não é uma solução para a cidade, mas solução para os seus problemas e locomoção. Ele é uma pessoa e não um número das estatísticas dos técnicos. Tenderá a destinar o seu voto para o candidato que promete soluções específicas e objetivas para as suas necessidades, desconsiderando ou desdenhando das grandes soluções para a cidade. Mas o fator imaginário sempre terá espaço, mesmo para a população de menor renda, que se alimenta de esperanças e da utopia.
Um caso relevante para as estratégias eleitorais foi a proposta de um BRT circulando por vias elevadas, eliminando os cruzamentos em nível, na cidade de São Paulo, ao final do mandato do então Prefeito Paulo Maluf. Um estudo técnico, conduzido por um grupo de especialistas em transporte, desenvolveu a solução, definindo tecnologias, orçamento, necessidade de investimentos e prazo para execução das obras. Apresentado ao Comitê do candidato indicado pelo Prefeito, a reação do marketing político foi "é um fura-fila". O nome "pegou", incorporou-se ao imaginário popular e contribuiu decisivamente para a eleição de Celso Pitta. E conseguiu implantar parcialmente uma e só linha, com projetos arquitetônicos monumentais das estações, como um "out-door" da obra. O Prefeito foi obrigado a renunciar, acusado de corrupção e o apelido de "fura-fila" se perdeu. Voltou a ser um BRT. O que a maioria da população não tem a menor idéia do que significa. É apenas uma sigla a mais. Apresentar propostas de VLT, BRT, Monotrilho e terá repercussão e debate junto à comunidade técnica, mas baixo impacto eleitoral. Será necessário transformar uma boa idéia técnica numa utopia que povoe o imaginário popular, com uma denominação sedutora.
Já o eleitorado de média alta e alta renda tem as suas utopias. Antes da pandemia era a bicicleta, o que pode voltar, como solução, mas de efeito eleitoral limitada. Com a pandemia é voltar a usar o seu carro e encontrar as vias pouco ocupadas e o trânsito fluindo. Como o novo Prefeito vai conseguir isso, uma vez vencida a pandemia?
Ter uma solução simples, popular e crível será um importante passaporte para a vitória.
segunda-feira, 10 de agosto de 2020
Estratégias para os candidatos a Prefeito
As estratégias devem ser especificas de cada candidato, para vencer as eleições, concorrendo com vários outros, cada qual com estratégia própria.
Neste documento, voltado para orientar a estratégia de cada candidato são colocados as questões principais, segundo as circunstâncias setoriais do candidato.
Uma estratégia vitoriosa não é genérica: deve ter por base os pontos fortes e fracos do candidato e uma avaliação das prováveis estratégias dos adversários.
A indicação de orientações estratégicas, para as diversas circunstâncias, dará a cada candidato uma idéia das prováveis estratégias dos seus adversários.
Todas as estratégias tem o mesmo objetivo: conseguir a maior quantidade de votos dentro do eleitorado, partindo de uma base cativa. Todo candidato entra para a disputa eleitoral, porque conta com uma base de adeptos que incentivam a sua candidatura, prometem os seus votos e se comprometem a ampliar a base. Há os que acreditam que tem uma base, por integrar um partido ou um grupo político.
Essa base, supostamente cativa, em geral, não é suficiente para garantir a eleição e o candidato precisa fazer campanhas, não só para garantir a fidelidade da sua base, como para ampliá-la.
As estratégias dos candidatos devem ter esse duplo objetivo: garantir os votos da sua base, evitando que algum adversário os tomem e conquistar votos adicionais, sejam de contingentes livres de eleitores, como também da base de concorrentes, levando-os a mudar de posição.
Grande parte dos candidatos são movidos mais por ilusões do que por percepções da realidade. Acham desnecessárias as estratégias, acreditando apenas na sua intuição e vontade. A ficha só cai no dia das eleições depois de contados os votos.
Neste documento, voltado para orientar a estratégia de cada candidato são colocados as questões principais, segundo as circunstâncias setoriais do candidato.
Uma estratégia vitoriosa não é genérica: deve ter por base os pontos fortes e fracos do candidato e uma avaliação das prováveis estratégias dos adversários.
A indicação de orientações estratégicas, para as diversas circunstâncias, dará a cada candidato uma idéia das prováveis estratégias dos seus adversários.
Todas as estratégias tem o mesmo objetivo: conseguir a maior quantidade de votos dentro do eleitorado, partindo de uma base cativa. Todo candidato entra para a disputa eleitoral, porque conta com uma base de adeptos que incentivam a sua candidatura, prometem os seus votos e se comprometem a ampliar a base. Há os que acreditam que tem uma base, por integrar um partido ou um grupo político.
Essa base, supostamente cativa, em geral, não é suficiente para garantir a eleição e o candidato precisa fazer campanhas, não só para garantir a fidelidade da sua base, como para ampliá-la.
As estratégias dos candidatos devem ter esse duplo objetivo: garantir os votos da sua base, evitando que algum adversário os tomem e conquistar votos adicionais, sejam de contingentes livres de eleitores, como também da base de concorrentes, levando-os a mudar de posição.
Grande parte dos candidatos são movidos mais por ilusões do que por percepções da realidade. Acham desnecessárias as estratégias, acreditando apenas na sua intuição e vontade. A ficha só cai no dia das eleições depois de contados os votos.
sábado, 8 de agosto de 2020
Estratégia dos despachantes
Os deputados federais que atuam mais como despachantes comunitários do que legisladores, representando o interesse dos eleitores de um Município de médio a pequeno porte, ou a grupo deles, fazem o rodízio entre cargos: depois de eleito Prefeito Municipal, seja porque terminaram o seu mandato, ou no meio de seu segundo mandato candidatam-se a deputado federal. Eleito ou não, voltam a se candidatar a Prefeito na sua principal base eleitoral.
Há, pois, vários deputados federais candidatos a Prefeito Municipal, muitos deles que já foram Prefeitos.
São, em geral, populistas, com promessas de solução de problemas concretos e restritos das comunidades ou bairros. Conhecem bem a cidade e os problemas locais e a solução é conseguir verbas para a resolução do problema.
Valem-se muito dos tradicionais cabos eleitorais, recrutados entre as lideranças comunitárias.
Com as restrições determinadas pelo combate à pandemia do coronavirus essa estratégia fica enfraquecida, por não poder promover aglomerações, em visitas às localidades.
A comunicação virtual não tem a mesma força de persuasão ou sedução que tem o relacionamento direto e presencial.
Irá requerer dos candidatos "despachantes" criatividade e inovação, o que não seria um ponto forte deles.
Há, pois, vários deputados federais candidatos a Prefeito Municipal, muitos deles que já foram Prefeitos.
São, em geral, populistas, com promessas de solução de problemas concretos e restritos das comunidades ou bairros. Conhecem bem a cidade e os problemas locais e a solução é conseguir verbas para a resolução do problema.
Valem-se muito dos tradicionais cabos eleitorais, recrutados entre as lideranças comunitárias.
Com as restrições determinadas pelo combate à pandemia do coronavirus essa estratégia fica enfraquecida, por não poder promover aglomerações, em visitas às localidades.
A comunicação virtual não tem a mesma força de persuasão ou sedução que tem o relacionamento direto e presencial.
Irá requerer dos candidatos "despachantes" criatividade e inovação, o que não seria um ponto forte deles.
sexta-feira, 7 de agosto de 2020
A estratégia dos novatos (2)
A popularidade pela sua atividade
Mais recentemente, duas profissões deram origem a novos políticos, em função do combate à corrupção: delegados de policia e juizes. Flávio Dino, Governador do Maranhão já não é um novato, mas entrou na política apos uma carreira na magistratura. O caso mais recente é do Governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, que foi eleito, sem nenhum antecedente politico-eleitoral.
A popularidade politico-eleitoral do Juiz é decorrente de um dos novos mitos que povoam o imaginário popular: o ex-Juiz Sérgio Moro, em função da sua atuação no combate à corrupção, condenando grandes empresários e politicos influentes o que poucos acreditavam que poderiam vir a cumprir temporadas na cadeia.
Também é um quadro que mudou substancialmente, seja pelo equívoco de Sérgio Moro, como de muitos outros brasileiros, que acreditou que Jair Bolsonaro era não só um político não corrupto, como um paladino anti-corrupção. Era um mito falso e levou Sergio Moro ao desgaste da sua imagem popular.
Além disso, o envolvimento do ex-Juiz, atual Governador do Rio de Janeiro, com esquemas de corrupção, em compras para a saúde, comprometeram a imagem de que bastava ser Juiz para o eleitorado acreditar que seria honesto e combateria a corrupção.
Um terceiro fator de desgaste é a cerrada campanha dos bolsonaristas contra os magistrados que compõe o Supremo Tribunal Federal.
Ser ou ter sido juiz não garante mais os votos dos que dão prioridade absoluta à honestidade na gestão pública e no combate à corrupção.
As redes sociais criaram uma nova figura: o influenciador digital, que pelos seus blogs, twitters e outros instrumentos de comunicação digital, ganham milhares e até milhões de seguidores.
A escolha partidária
O candidato popular é chamado pelo partido que lhe oferece uma infraestrutura para a campanha, com o objetivo de valorizar a imagem do partido.
O "gestor"
É uma pessoa bem sucedida na sua atividade econômica, seja como empreendedor ou como investidor e decide ingressar na política, movido pela idéia de que tem competência para resolver os problemas da cidade, o que os políticos não conseguem. Tem como lema serem gestores e não políticos.
Alguns são idealistas, outros apenas ambiciosos. Usam parte da sua fortuna para a campanha eleitoral. João Dória, embora tenha sido lançado pelo então Governador Geraldo Alckmin, como padrinho político, seria o caso mais conhecido. Mas Vittório Medioli foi eleito Prefeito de Betim, em 2016, com grande financiamento próprio, a partir de decisão pessoal de resolver os problemas da cidade.
Sua estratégia é de montagem de uma grande estrutura própria para conquista dos votos, com impressão de grandes quantidades de volantes e outras peças, contratação de cabos eleitorais e grande investimento nos programas de rádio e tv. Com seus recursos ajudam a campanha de alguns vereadores para compor, posteriormente, a sua base de apoio parlamentar.
Com força econômica tem quebrado o rodízio entre dois ou três forças políticas tradicionais na cidade. É uma renovação, mas com substituição da democracia por uma efetiva plutocracia.
O primeiro obstáculo: o registo de candidato
Como no Brasil não é admitido o candidato avulso, tendo o concorrente que obrigatoriamente ser registrado na Justiça Eleitoral por um partido, o novato independente terá que buscar um partido.
O normal seria o partido escolher o candidato entre os seus filiados que aderiram aos seus princípios e projeto partidário, mas - na prática - vem ocorrendo o contrário: é o candidato que escolhe o partido.
A partir dai ele percebe que tem que ser político, negociando com os dirigentes, assim como com as lideranças e demais candidatos, a sua escolha na convenção do partido.
A crença na força das redes sociais
Com pouco conhecimento e experiência em campanhas eleitorais, a principal alternativa é a ampla utilização das redes sociais.
Deu muito certo para a eleição surpresa de Donald Trump, para a Presidência dos EUA em 2016 e de Jair Bolsonaro em 2018, mas algumas coisas mudaram de lá para cá.
O sucesso das redes sociais foi mais em função de informações falsas (fake news), disseminadas por tecnologias de robotização, do que da transmissão de informações positivas do candidato.
A reação contra as informações falsas, limita a sua utilização, embora não a elimine totalmente.
Igualmente a disseminação de mensagens ficou mais dificil pelas restrições estabelecidas pelos gestores das redes.
Será importante para os novatos utilizarem os instrumentos para anunciar a sua candidatura e se fazer conhecido, mas a menos que tenham algum diferencial, alguma mensagem inusitada que viralize, o conhecimento ficará restrito aos amigos e quando muito, aos amigos dos amigos.
Ser um novato na política já foi um fato inusitado. Não é mais. Há muitos candidatos novatos, de diversas profissões e formatos.
Afirmar que é um não político, mas um gestor também já virou trivial, a menos que seja um empreendedor de sucesso, que em pouco tempo se tronou bilionário. Mas esse, se candidato, não precisa da rede social para se tornar conhecido.
A mensagem inusitada, com capacidade efetiva de viralizar, poderá decorrer de pesquisas de opinião, de tentativa e erro, ou de uma grande inspiração intuitiva. Os novatos estarão atrás do seu "eureka"
Mais recentemente, duas profissões deram origem a novos políticos, em função do combate à corrupção: delegados de policia e juizes. Flávio Dino, Governador do Maranhão já não é um novato, mas entrou na política apos uma carreira na magistratura. O caso mais recente é do Governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, que foi eleito, sem nenhum antecedente politico-eleitoral.
A popularidade politico-eleitoral do Juiz é decorrente de um dos novos mitos que povoam o imaginário popular: o ex-Juiz Sérgio Moro, em função da sua atuação no combate à corrupção, condenando grandes empresários e politicos influentes o que poucos acreditavam que poderiam vir a cumprir temporadas na cadeia.
Também é um quadro que mudou substancialmente, seja pelo equívoco de Sérgio Moro, como de muitos outros brasileiros, que acreditou que Jair Bolsonaro era não só um político não corrupto, como um paladino anti-corrupção. Era um mito falso e levou Sergio Moro ao desgaste da sua imagem popular.
Além disso, o envolvimento do ex-Juiz, atual Governador do Rio de Janeiro, com esquemas de corrupção, em compras para a saúde, comprometeram a imagem de que bastava ser Juiz para o eleitorado acreditar que seria honesto e combateria a corrupção.
Um terceiro fator de desgaste é a cerrada campanha dos bolsonaristas contra os magistrados que compõe o Supremo Tribunal Federal.
Ser ou ter sido juiz não garante mais os votos dos que dão prioridade absoluta à honestidade na gestão pública e no combate à corrupção.
As redes sociais criaram uma nova figura: o influenciador digital, que pelos seus blogs, twitters e outros instrumentos de comunicação digital, ganham milhares e até milhões de seguidores.
A escolha partidária
O candidato popular é chamado pelo partido que lhe oferece uma infraestrutura para a campanha, com o objetivo de valorizar a imagem do partido.
O "gestor"
É uma pessoa bem sucedida na sua atividade econômica, seja como empreendedor ou como investidor e decide ingressar na política, movido pela idéia de que tem competência para resolver os problemas da cidade, o que os políticos não conseguem. Tem como lema serem gestores e não políticos.
Alguns são idealistas, outros apenas ambiciosos. Usam parte da sua fortuna para a campanha eleitoral. João Dória, embora tenha sido lançado pelo então Governador Geraldo Alckmin, como padrinho político, seria o caso mais conhecido. Mas Vittório Medioli foi eleito Prefeito de Betim, em 2016, com grande financiamento próprio, a partir de decisão pessoal de resolver os problemas da cidade.
Sua estratégia é de montagem de uma grande estrutura própria para conquista dos votos, com impressão de grandes quantidades de volantes e outras peças, contratação de cabos eleitorais e grande investimento nos programas de rádio e tv. Com seus recursos ajudam a campanha de alguns vereadores para compor, posteriormente, a sua base de apoio parlamentar.
Com força econômica tem quebrado o rodízio entre dois ou três forças políticas tradicionais na cidade. É uma renovação, mas com substituição da democracia por uma efetiva plutocracia.
O primeiro obstáculo: o registo de candidato
Como no Brasil não é admitido o candidato avulso, tendo o concorrente que obrigatoriamente ser registrado na Justiça Eleitoral por um partido, o novato independente terá que buscar um partido.
O normal seria o partido escolher o candidato entre os seus filiados que aderiram aos seus princípios e projeto partidário, mas - na prática - vem ocorrendo o contrário: é o candidato que escolhe o partido.
A partir dai ele percebe que tem que ser político, negociando com os dirigentes, assim como com as lideranças e demais candidatos, a sua escolha na convenção do partido.
A crença na força das redes sociais
Com pouco conhecimento e experiência em campanhas eleitorais, a principal alternativa é a ampla utilização das redes sociais.
Deu muito certo para a eleição surpresa de Donald Trump, para a Presidência dos EUA em 2016 e de Jair Bolsonaro em 2018, mas algumas coisas mudaram de lá para cá.
O sucesso das redes sociais foi mais em função de informações falsas (fake news), disseminadas por tecnologias de robotização, do que da transmissão de informações positivas do candidato.
A reação contra as informações falsas, limita a sua utilização, embora não a elimine totalmente.
Igualmente a disseminação de mensagens ficou mais dificil pelas restrições estabelecidas pelos gestores das redes.
Será importante para os novatos utilizarem os instrumentos para anunciar a sua candidatura e se fazer conhecido, mas a menos que tenham algum diferencial, alguma mensagem inusitada que viralize, o conhecimento ficará restrito aos amigos e quando muito, aos amigos dos amigos.
Ser um novato na política já foi um fato inusitado. Não é mais. Há muitos candidatos novatos, de diversas profissões e formatos.
Afirmar que é um não político, mas um gestor também já virou trivial, a menos que seja um empreendedor de sucesso, que em pouco tempo se tronou bilionário. Mas esse, se candidato, não precisa da rede social para se tornar conhecido.
A mensagem inusitada, com capacidade efetiva de viralizar, poderá decorrer de pesquisas de opinião, de tentativa e erro, ou de uma grande inspiração intuitiva. Os novatos estarão atrás do seu "eureka"
quinta-feira, 6 de agosto de 2020
Estratégias dos novatos
Os novatos são candidatos que nunca participaram, anteriormente, de disputa eleitoral e não estão vinculados a famílias ou padrinhos políticos, ingressando nas disputas já com um eleitorado cativo. Seriam "zero quilometro" na disputa eleitoral de 2020.
Os novatos se apresentam perante o eleitorado como "out siders" , como um não político, procurando capitalizar a rejeição do eleitorado aos políticos. A sua principal bandeira é a renovação.
São bem intencionados, acreditam que podem mudar as formas de governar a cidade, com seriedade, com honestidade e bons programas de governo. Alguns fazem cursos preparatórios para uma boa gestão sejam os promovidos pelos movimentos de renovação, como pelos partidos.
Partem de grupos de apoio, formados por amigos, colegas de escola, de trabalho e outros que o incentivam a concorrer, prometendo os seus votos e conseguir outros.
Ao longo da campanha, no entanto, constatam que tem concorrentes novatos, com outros grupos de apoio, o que limita a expansão desses. Em poucos casos aceitam se juntar para unificar candidatura.
A popularidade pela sua atividade
O novato é uma pessoa, com perfil de liderança, que ganhou popularidade em função das suas atividades profissionais, sociais ou comunicação e é incentivado pelos seus admiradores a se candidatar. Um dos profissionais mais comuns são os médicos da área pública que ganham popularidade pelo bom atendimento da população de menor renda.
Outros ganham popularidade pelas suas ações sociais.
As redes sociais criaram uma nova figura: o influenciador digital, que pelos seus blogs, twitters e outros instrumentos de comunicação digital, ganham milhares e até milhões de seguidores.
Os novatos se apresentam perante o eleitorado como "out siders" , como um não político, procurando capitalizar a rejeição do eleitorado aos políticos. A sua principal bandeira é a renovação.
São bem intencionados, acreditam que podem mudar as formas de governar a cidade, com seriedade, com honestidade e bons programas de governo. Alguns fazem cursos preparatórios para uma boa gestão sejam os promovidos pelos movimentos de renovação, como pelos partidos.
Partem de grupos de apoio, formados por amigos, colegas de escola, de trabalho e outros que o incentivam a concorrer, prometendo os seus votos e conseguir outros.
Ao longo da campanha, no entanto, constatam que tem concorrentes novatos, com outros grupos de apoio, o que limita a expansão desses. Em poucos casos aceitam se juntar para unificar candidatura.
A popularidade pela sua atividade
O novato é uma pessoa, com perfil de liderança, que ganhou popularidade em função das suas atividades profissionais, sociais ou comunicação e é incentivado pelos seus admiradores a se candidatar. Um dos profissionais mais comuns são os médicos da área pública que ganham popularidade pelo bom atendimento da população de menor renda.
Outros ganham popularidade pelas suas ações sociais.
As redes sociais criaram uma nova figura: o influenciador digital, que pelos seus blogs, twitters e outros instrumentos de comunicação digital, ganham milhares e até milhões de seguidores.
quarta-feira, 5 de agosto de 2020
Os candidatos bolsonaristas
Os bolsonaristas emergiram em 2018 como um fato novo, mas já não serão novos em 2020. Com base na onda gerada pela candidatura de Jair Bolsonaro, vários "out siders" sairam como candidatos a cargos eletivos, assumindo as bandeiras da anti-política, da defesa da família e da segurança publica e pessoal, essa traduzida no direito às armas e a favor da militarização do Governo, em nome da ordem. Cerca de 60 foram eleitos como deputados federais, tanto pelo PSL, partido alugado por Jair Bolsonaro para poder registrar a sua candidatura, como por outros partidos. Alguns deles são candidatos a Prefeitos, mesmo tendo abandonado o Presidente, como Joyce Hasselman, mas sem abandonar as suas bandeiras originais.
Varios bolonaristas vão sair candidatos, defendendo as mesmas bandeiras do seu chefe-mor, atualizadas: armamento da população, como solução para a segurança, defesa de valores familiares tradicionais, a militarização, oposição ao isolamento, como forma de combate à pandemia, defesa do uso da cloroquina para o tratamento da doença. O combate ferrenho à corrupção deixou de ser uma bandeira, depois da saída de Sérgio Moro, do Governo e tachado pelos bolsonaristas como "traidor".
Em raros casos um candidato bolsonarista alcançará o segundo turno. Em média os bolsonaristas fiéis são de 20 a 25% do eleitorado, com queda em relação aos que levaram Jair Boslonaro à Presidência que foram em torno de um terço do eleitorado. Em 2018, além desses, a total adesão dos antipetistas a Jair Bolsonaro o elegeu à Presidência da República. O terço que continua apoiando-o foi acrescido pela gratidão dos sem renda agraciados pelo auxilio emergencial. Poucos estão nas grandes cidades e esses, na maioria dos casos acham insuficiente e uma obrigação natural do Governo e poderão ou não votar num candidato que se apresente como bolsonarista. O quarto de eleitores - em média - não será suficiente para serem eleitos, mas poderão infernizar um candidato que defina como inimigo e poderá colaborar para a sua derrota. Os bolsonaristas tendem a fazer uma campanha destrutiva e não propositiva. Serão agressivos e pouco escrupulosos fazendo amplo uso de dados falsos ("fake-news") para desconstruir os inimigos.
O objetivo deles não é vencer a eleição, mas evitar que um suposto inimigo vença.
Os principais candidatos a inimigo dos bolsonaristas são os Prefeitos atuais que adotaram quarentenas mais rígidas e se opõe ao uso obrigatório da cloroquina, no tratamento da COVID-19.
Os supostos inimigos dos bolsonaristas precisarão estabelecer estratégias defensivas adequadas aos ataques dos bolsonaristas para mitigar os desgastes. As principais serão de natureza juridica eleitoral, para conter os ataques e ter direito de resposta. O principal foco das batalhas serão as redes sociais.
Esse fenômeno torna mais evidente a necessidade não só de estratégias propositivas para conquista de eleitores, mas também de estratégias defensivas para não perder votos.
Há dois outros dados que precisam ser considerados: os candidatos do PSL poderão contar com muitos recursos dos fundos públicos e um dado mais recente que é a repercussão popular do auxílio emergencial.
Varios bolonaristas vão sair candidatos, defendendo as mesmas bandeiras do seu chefe-mor, atualizadas: armamento da população, como solução para a segurança, defesa de valores familiares tradicionais, a militarização, oposição ao isolamento, como forma de combate à pandemia, defesa do uso da cloroquina para o tratamento da doença. O combate ferrenho à corrupção deixou de ser uma bandeira, depois da saída de Sérgio Moro, do Governo e tachado pelos bolsonaristas como "traidor".
Em raros casos um candidato bolsonarista alcançará o segundo turno. Em média os bolsonaristas fiéis são de 20 a 25% do eleitorado, com queda em relação aos que levaram Jair Boslonaro à Presidência que foram em torno de um terço do eleitorado. Em 2018, além desses, a total adesão dos antipetistas a Jair Bolsonaro o elegeu à Presidência da República. O terço que continua apoiando-o foi acrescido pela gratidão dos sem renda agraciados pelo auxilio emergencial. Poucos estão nas grandes cidades e esses, na maioria dos casos acham insuficiente e uma obrigação natural do Governo e poderão ou não votar num candidato que se apresente como bolsonarista. O quarto de eleitores - em média - não será suficiente para serem eleitos, mas poderão infernizar um candidato que defina como inimigo e poderá colaborar para a sua derrota. Os bolsonaristas tendem a fazer uma campanha destrutiva e não propositiva. Serão agressivos e pouco escrupulosos fazendo amplo uso de dados falsos ("fake-news") para desconstruir os inimigos.
O objetivo deles não é vencer a eleição, mas evitar que um suposto inimigo vença.
Os principais candidatos a inimigo dos bolsonaristas são os Prefeitos atuais que adotaram quarentenas mais rígidas e se opõe ao uso obrigatório da cloroquina, no tratamento da COVID-19.
Os supostos inimigos dos bolsonaristas precisarão estabelecer estratégias defensivas adequadas aos ataques dos bolsonaristas para mitigar os desgastes. As principais serão de natureza juridica eleitoral, para conter os ataques e ter direito de resposta. O principal foco das batalhas serão as redes sociais.
Esse fenômeno torna mais evidente a necessidade não só de estratégias propositivas para conquista de eleitores, mas também de estratégias defensivas para não perder votos.
Há dois outros dados que precisam ser considerados: os candidatos do PSL poderão contar com muitos recursos dos fundos públicos e um dado mais recente que é a repercussão popular do auxílio emergencial.
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