Nesta etapa da humanidade dominada pela inovação e pelo desenvolvimento tecnológico, apesar da pandemia do coronavirus, uma questão ou opção básica para a economia brasileira é: ter como motor do seu crescimento um setor de tecnologia pura competitiva mundialmente e se colocar dentro do mercado mundial, como um importante protagonista no suprimento mundial de tecnologias, ou se basear em setores tradicionais, com incorporação ou embarque de tecnologias?
Do ponto de vista econômico, na primeira opção, mais sedutora e que anima a alma de muitos, principalmente dos engenheiros, o Brasil será um grande produtor e vendedor de serviços, tecnológicos, caracterizados como aplicativos, seja para uso pessoal, como para uso doméstico, do tipo IoT, controlando automaticamente os equipamentos e instalações da casa e ainda para uso do comércio, da indústria e do proprio setor de serviços. Nessa perspectiva o se vende e compra é quase imaterial, diferentemente da comercialização de bens. A expectativa é que alguma startup vire uma microsoft, facebook, amazon e outras empresas ocidentais bem sucedidas ou uma alibaba, tik-tok e outras chinesas menos conhecidas.
É um sonho que embala a vida de muitos engenheiros, matemáticos, físico e outros, mesmo não formados e não tem faltado lives e webinars sobre essa utopia.
A outra alternativa é basear o desenvolvimento brasileiro a partir de setores tradicionais, com a "embarcação" das modernas tecnologias, seja uma reindustrialização como o agronegócio.
A indústria brasileira, embora tenha alguns segmentos de ponta, ainda é - no geral - atrasada tecnologicamente, com baixo investimento empresaria em pesquisa e desenvolvimento tecnológico. Tais atividades ainda estão concentradas em institutos estatais, dependo de recursos orçamentários, sempre insuficientes. Poucas empresas brasileiras são mundialmente competitivas, com destinação de parcelas relativamente significativas em P&D e incorporação das modernas tecnologias, tanto nos processos como nos produtos. A WEG é um dos raros exemplos.
A agropecuária é o setor mais avançado tecnologicamente, apesar de uma enorme desigualdade entre o chamado agronegócio, altamente moderna e a dita agricultura familiar, na realidade a micro e pequena produção rural, em grande parte, mantida no atraso, por conta de políticas assistenciais populistas.
O setor moderno incorpora as tecnologias desde as sementes, passando pelos sistemas produtivos, controlados por sistemas automatizados, próximos ou longínquos, drones, celulares, além do amplo uso de informações geradas por satélites. Todo esse arsenal tecnológico associado ao empreendedorismo de famílias produtoras transformou a agropecuária brasileira numa atividade altamente competitiva mundialmente, ampliando sucessivamente a sua produção, a sua produtividade e vendendo ao mundo tudo o que produz.
Adentra ao processamento industrial, com a produção dos semimanufaturados, mantendo a elevada competitividade, como no açucar, suco de laranja e carnes. A indústria brasileira básica de alimentos é altamente produtiva e competitiva, com elevada incorporação de tecnologias e de inovação.
Já nas fases subsequentes de industrialização de alimentos, por estar inteira ou predominantemente para o mercado interno, as empresas do setor estão na sua maioria tecnologicamente defasadas, não havendo destaque para nenhuma exceção.
Uma questão a ser avaliada é se com maior incorporação de tecnologia essas empresas poderão se tornar mundialmente competitivas?
Essa pergunta vale também para as demais empresas industriais, e abre a discussão, colocada inicialmente, do pais buscar a base do crescimento em serviços tecnológicos puros, ou focar o desenvolvimento tecnologico para gerar maior competitividade aos setores e produtos tradicionais?
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