A agropecuária-florestal brasileira vem apresentando um bom desempenho, que se acentuou com a pandemia do novocoronavirus, promovendo o aumento da participação do agronegócio no PIB e indicando que poderá - dentro da retomada da economia - ser o novo motor do crescimento.
É uma boa ou má aposta "jogar as fichas" nesse setor? É seguro ou arriscado? É possível ou mais uma ilusão?
Primeiramente é preciso ver e perceber que o agronegócio se divide, pelo menos, em três subsetores: agropecuária-florestal, agroindústria e agrosserviços.
O primeiro é o que vai bem e sustenta o desenvolvimento dos demais, tanto para o abastecimento interno, como nas vendas para o exterior. É a parte mais visível, pelos recordes de produção das safras de grãos e pela geração de superavits cambiais.
A agroindústria se desdobra em "semi-manufaturados" com a produção ainda de commodities, como o açúcar, o suco de laranja, a celulose e outros. Destinados predominantemente para o mercado externo, também vai bem. Os segmentos de maior industrialização das matérias-primas para a transformação de alimentos prontos ou semiprontos para consumo atende suficientemente a demanda interna, mas tem participação reduzida, seja na pauta das exportações brasileiras, seja de participação no mercado mundial.
Para fazer do agronegócio o motor do crescimento econômico, a agroindústria será o elemento mais importante.
O terceiro subsetor do agronegócio e que contempla a maior participação, representando cerca de 50% do setor é altamente diversificado, mas duas das atividades se destacam: a logística e a comercialização.
A logística está presente em todo o agronegocio, gerando valor, mas também custos. Pode favorecer como comprometer a competitividade dos produtos brasileiros. É um ponto crítico ou o maior gargalo.
A comercialização para o mercado interno caracterizado como abastecimento vem funcionando sem maiores problemas, ainda sob predomínio das empresas nacionais, apesar do avanço no mercado de varejo, de grandes cadeias multinacionais. Já a comercialização para o mercado externo, nos principais produtos exportados, é dominado por multinacionais.
Apostar no agronegócio, do ponto de vista interno, significa investir fortemente na agroindústria exportadora e na logística.
Do ponto de vista da demanda externa, as perspectivas são de crescimento constante, em função da continuidade do crescimento demográfico mundial que já conta com 7,5 bilhões de habitantes e poderá chegar a 10 bilhões, até 2050. Todos precisam comer, embora nem todos venham a ter renda para o consumo.
Na relação com o mercado externo, a variação cambial é um fator crítico. As perspectivas são de continuidade do patamar atual, mas será sempre um fator de risco na aposta de uma economia com maior participação no mercado internacional. A estratégia brasileira terá que ser de mitigar o risco cambial, assunto para outro artigo.
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