Para vender para a sociedade e aprovar a mudança do marco regulatório do saneamento, foram usados os números totais de municípios brasileiros, para demonstrar a carência de atendimento e baixa cobertura dos serviços de saneamento, principalmente dos esgotos.
Dada a redução da capacidade de investimentos do Estado, as mudanças tiveram como alvo principal os investidores privados, que substituiriam o Estado, destinando amplos recursos para alcançar a desejada universalização do atendimento.
Espera-se que eles invistam até 700 bilhões de reais, nos próximos 13 anos.
Os investidores privados, sejam diretamente ou através de fundos de investimentos, não investem em estatísticas, ou apenas baseadas nessas, mas em empreendimentos econômicos com potencial de retorno.
Perfil dos Municipios brasileiros, segundo o tamanho da sua população
Os macronúmeros estatísticos precisam ser desdobrados e mostram que dos 5.570 municipios brasileiros, 4.905,, são de micro ou pequeno porte, com população (em 2017) até 50 mil habitantes. Mesmo agrupados regionalmente não darão escala para empreendimentos que venham a interessar grandes investidores internacionais ou mesmo nacional*. Será um mercado para investidores regionais.
(*Alguns desses municípios são agregados de regiões metropolitanas ou aglomerações urbanas, lideradas por municípios maiores.)
Os médios municipios, com população entre 50 e 500 mil habitantes são 624, representando 11,2% do total, já comportando investimentos interessantes para os investidore privados, ainda mais se reunidos regionalmente.
Os grandes municípios, com mais de 500 mil habitantes e que podem comportar investimentos de maior porte, mais atrativos para os investidores privados internacionais e nacionais são apenas 42, ou apenas 0,8% do total.
Os empreendimentos em sistema de água
O principal investimento está na captação e tratamento d'água. A captação terá maior ou menor volume de investimentos em função da tecnologia, da distância da captação, quando de águas superficiais da estação de tratamento e da reservação da água. Para os grandes sistemas a reservação da água, envolvendo a construção de barragens e instalação de bombas, é essencial.
A partir dai há os investimentos complementares na adução para os reservatórios locais e na rede de distribuição domiciliar.
Segundo o Censo Nacional de Saneamento de 2017, recém divulgado, dos 42 municípios com mais de 500 mil habitantes, todos contavam com sistema de tratamento de água, seja por ETA (Estação de Tratamento de Água) ou ETS (Estação de Tratamento Simplificado, em alguns casos, com os dois.
Desses, 39 municipios contavam com estações em funcionamento, ficando apenas 3 sem sistema funcionando.
Já o total de ETAs era de 42, dos quais 35 em operação, 2 com operação interrompida, 1 construida, mas ainda não operado e 4 inacabas, seja em construção ou interrompida.
As ETS eram 31, sendo 28 em operação, 1 com operação interrompida e 2 inacabadas.
Indicam um baixo volume de oportunidades de implantação de novas ETAs em condições "greenfield", isto é, começando do zero. A maior parte dos investimentos em captação e tratamento de água será em investimentos "brownfield", envolvendo a reforma e ampliação de sistemas existentes.
No Grupo II que compreendem os municípios entre 50 mil a 500 habitantes, aqui considerados como médios, dos 623
todos contavam com rede de distribuição, mas apenas 567 com ETA ou ETS. Os 56 sem estação de tratamento, provavelmente estão sendo supridos por outro município dentro de uma região metropolitana ou agrupamento urbano.
Não seriam oportunidade para a implantação de ETA "greenfield". Também não significa que algum desses municípios requeira um ETA inteiramente nova. Algumas em substituição de ETS. Mas, em ambos os casos, serão relativamente poucos.
As maiores oportunidades para o tratamento da água estarão na reforma, modernização ou ampliação de estações de tratamento existentes.
Tanto no grupo dos municípios médios, como dos grandes, os principais investimentos serão destinados às redes e à reservação de distribuição, ambos com predominância da construção civil. Serão complementados por equipamentos e sistemas ou aplicativos para a melhoria da gestão operacional.
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