Os candidatos a Prefeitos de cidades grandes, mas não mega, isto é, com mais de 200 mil eleitores, mas com menos de 1.000.000 de eleitores, tem que se posicionar em relação aos grandes problemas do Municipio, notadamente, mobilidade urbana, saneamento, saúde pública e habitação. São grandes problemas mas não incontroláveis, como ocorre em São Paulo, com 9 milhões de eleitores.
Pelo tamanho do eleitorado poderão ter segundo turno e, fora o município capital do Estado, não contam com canal de TV local, mas regional.
Acima de 200 mil são 25 capitais, com exclusão do DF que não elege Prefeito e Palmas, capital do Tocantins, a única, com eleitorado menor.
Fora essas, são 70 cidades, a maior parte no Estado de São Paulo (27)
Em relação à mobilidade urbana, nenhum município, não capital, tem capacidade para implantar e operar uma rede metroviária, contando com uma ou duas linhas metropolitanas, a cargo do respectivo Governo Estadual.
Uma estratégia é mais geral, com predomínio de técnicos, com propostas alternativas de sistemas de transporte de média capacidade, optando entre sistemas sob trilhos ou pneus. Esses são menos sedutores, mas de menor custo e mais facilmente implantáveis. São soluções que atendem à população de média renda, moradores próximos aos eixos de transporte q que tem maior repercussão na mídia tradicional, mas sem a correspondência na mesma quantidade de votos.
A maioria do eleitorado é de média para baixa renda e depende do ônibus ou vans para a sua locomoção cotidiana. O que o eleitor quer não é uma solução para a cidade, mas solução para os seus problemas e locomoção. Ele é uma pessoa e não um número das estatísticas dos técnicos. Tenderá a destinar o seu voto para o candidato que promete soluções específicas e objetivas para as suas necessidades, desconsiderando ou desdenhando das grandes soluções para a cidade. Mas o fator imaginário sempre terá espaço, mesmo para a população de menor renda, que se alimenta de esperanças e da utopia.
Um caso relevante para as estratégias eleitorais foi a proposta de um BRT circulando por vias elevadas, eliminando os cruzamentos em nível, na cidade de São Paulo, ao final do mandato do então Prefeito Paulo Maluf. Um estudo técnico, conduzido por um grupo de especialistas em transporte, desenvolveu a solução, definindo tecnologias, orçamento, necessidade de investimentos e prazo para execução das obras. Apresentado ao Comitê do candidato indicado pelo Prefeito, a reação do marketing político foi "é um fura-fila". O nome "pegou", incorporou-se ao imaginário popular e contribuiu decisivamente para a eleição de Celso Pitta. E conseguiu implantar parcialmente uma e só linha, com projetos arquitetônicos monumentais das estações, como um "out-door" da obra. O Prefeito foi obrigado a renunciar, acusado de corrupção e o apelido de "fura-fila" se perdeu. Voltou a ser um BRT. O que a maioria da população não tem a menor idéia do que significa. É apenas uma sigla a mais. Apresentar propostas de VLT, BRT, Monotrilho e terá repercussão e debate junto à comunidade técnica, mas baixo impacto eleitoral. Será necessário transformar uma boa idéia técnica numa utopia que povoe o imaginário popular, com uma denominação sedutora.
Já o eleitorado de média alta e alta renda tem as suas utopias. Antes da pandemia era a bicicleta, o que pode voltar, como solução, mas de efeito eleitoral limitada. Com a pandemia é voltar a usar o seu carro e encontrar as vias pouco ocupadas e o trânsito fluindo. Como o novo Prefeito vai conseguir isso, uma vez vencida a pandemia?
Ter uma solução simples, popular e crível será um importante passaporte para a vitória.
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