domingo, 30 de agosto de 2020

Os bolsonaristas nas eleições de 2020 (2)

O bolsonarismo tornou-se uma seita com um lider carismático, que diz o que acha, adota medidas heterodoxas e tem um grupo de adeptos ou seguidores fieis e fanáticos, dispostos a seguir o que o "chefe mandar". Como uma seita envolve uma minoria da sociedade, é contestada pela maioria, principalmente das elites, mas pelo sua coesão tem relevância no processo eleitoral.
Membros da seita bolsonarista, se forem indicados por Jair Bolsonaro poderão entrar no processo com uma votação provável entre 20 a 25% do eleitorado das grandes cidades, onde há um volume relativamente maior de bolsonaristas.  Dependendo da conformação e eventual dispersão de votos, poderão ser eleitos no primeiro turno e poderão disputar o segundo.
Há grandes diferenças regionais, sendo que no Nordeste a base bolsonarista fiel não deve passar de 10%.
Esses níveis não seraõ suficientes para a eleição de um bolsonarista fiel nem em 2020, tampouco para a reeleição de Bolsonaro em 2022.
Com a perda de outros grupos de apoio, Jair Bolsonaro achou no eleitorado de baixa renda que depende de auxílios governamentais uma nova base de apoio, retirando-o do campo da esquerda, principalmente do PT.
A concessão de um auxílio emergencial, no valor de R$ 600,00 mensais por três meses, promoveu uma reversão na imagem presidencial, com o aumento da aceitação. "Não estava fazendo nada por nós, os pobres". Ao fazer "alguma coisa" relevante ganhou apoio de parte dos beneficiados. Alguns estão desconfiados de que vencida a pandemia, voltarão a ser esquecidos. 
Para manter um benefício e, com isso, o apoio da população atendida, entra em confronto com o seu Ministro da Economia, que quer manter a sanidade fiscal, contando para isso com o apoio empresarial e dos investidores nacionais e internacionais, fatores essenciais para promover a retomada do crescimento econômico.
A confiança da manutenção do auxílio, em valores aceitáveis, dependerá da evolução dos entendimentos com o Ministro da Economia e com a atuação da esquerda que deverá promover campanha de descrédito da continuidade do auxílio-emergencial, principalmente no Nordeste. "Não acredite nesse Presidente que é um mentiroso, nem nos seus candidatos locais. Não vão cumprir as promessas."
Os candidatos bolsonaristas vão virar o alvo principal dos adversários de campanhas de desconstrução.

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