Depois de praticamente encerrado o episódio do "mensalão" que abalou o PT durante o primeiro mandato de Lula, o partido parecia ter retomado inteiramente as rédeas do processo político. Bem armado para as eleições de 2014, contaria - mais uma vez - com um desconhecido mas polpudo caixa para financiar as campanhas, a maior parte depositada no exterior. Três são os grandes objetivos pretendidos em 2014: reeleger Dilma Rousseff, conquistar a maioria do Senado e da Câmara, libertando-se da base aliada e conquistar o Governo de São Paulo, desalojando os tucanos. O que vier a mais "será troco".
Mas aí, por um golpe de azar, com desastres simultâneos, o PT e Lula se vêem diante de uma situação similar ao que deu origem ao mensalão. Dispõe de um enorme caixa no exterior, mas prisões antecipadas dos operadores dos fluxos, tornou difícil a transferência maciça desses recursos, que terão que entrar "a prestação". Como ocorreu da outra vez e o partido teve que pagar os parceiros em parcelas mensais, o que deu suporte ao apelido da operação.
A Petrobras era o principal veículo das transações, com as compras no exterior e contratos locais. O dinheiro seria depositado diretamente em contas no exterior. Alguns dos gastos da campanha são efetuados diretamente nessas contas, sem transitar pelo Brasil.
Uma dessas operações vazou, em função de mudanças de políticas e da governança das empresas fornecedoras no exterior, pressionadas pelos respectivos governos. Como o caso da empresa holandesa. Mas a direção da Petrobras e o Governo conseguiram conter o risco da sangria, trazendo à tona as ações do cartel do setor de fornecimento de equipamentos elétricos complexos ou de grande porte, ocorrido em São Paulo, como forma de desviar as atenções, seja dos órgãos de controle, como da sociedade e da mídia. Essa estratégia vem funcionando muito bem até agora.
O Governo Federal é bem mais competente que o Governo Estadual de São Paulo em driblar as denúncias.
Ai voltou uma questão requentada, já denunciada em 2012 e 2013, mas cujas investigações, incluindo uma CPI, não resultaram em nada. Retornou com uma pitada de "pimenta": a participação da atual Presidente da República no processo decisório da compra da Refinaria de Pasadena, quando era Presidente do Conselho de Administração da Petrobras.
Ao ser levantada essa participação a Presidente veio a público para dizer que foi enganada, por um relatório falho e incompleto, transferindo a responsabilidade para a diretoria e mais especificamente a um diretor indicado politicamente (ainda que do próprio PT).
A versão difundida pela mídia, do episódio, compromete a sua imagem de gerentona, que de tudo, sabe. A de que não deixa escapar nada.
O Governo e o partido se mobilizaram para manter o controle da investigações e preparar a "pizza" desde do inicio. É sabido que a CPI não vai ter resultados judiciais, ou seja, ninguém será indiciado ou condenado, com a remessa dos autos para o Judiciário ou ao Ministério Público.
Estava o PT prestes a comandar inteiramente o processo de transformar o "limão numa limonada". A idéia era que a imagem da Presidente fosse recuperada, promovendo uma faxina na Petrobras, comprovando a lisura da operação inicial e sepultando de vez o aprofundamento das investigações que ocorreram no Governo Lula.
Mas ai ocorreu um episódio inesperado: a Operação Lava Rápido, com a prisão de um ex-diretor da Petrobras, envolvido com a Operação Pasadena e de um doleiro. Na realidade, não apenas um doleiro, mas o principal operador das transferências do caixa externo para o pais.
Na sequência vieram à tona as ligações espúrias entre a direção do PT e o doleiro. E a prisão antecipada do ex-diretor da Petrobras, levou a PF a encontrar documentos que iam ser selecionados e destruídos em parte.
Emergiram fortes indícios de operações irregulares na Petrobras, durante o Governo Lula, o que o atual governo tentou manter submerso, nas profundidades iguais aos dos locais de extração do petróleo do pré-sal.
Com essas prisões, fora do "script" ficou difícil conter as informações sigilosas que comprometem Lula. O risco da emergência dessas informações retém o movimento "volta Lula". Se ele for candidato, o risco de demonstração ou investigação da sua participação nas falcatruas na Petrobrás será maior.
Dilma está em queda nas pesquisas. O movimento "volta Lula" é e será crescente, mas o ex-presidente relutará em voltar à frente da cena. Pretende continuar atuando nos bastidores, mas de novo com restrições de caixa. Mesmo contando com muito dinheiro no exterior.
Nesta altura do final do primeiro tempo, tendo levado dois gols de desvantagem, tem que substituir um dos seus principais defensores, o "doleiro preferido" sem ter reservas à altura no banco. Precisaria ainda substituir o seu principal jogador, que está tendo um desempenho ruim. Mas o substituto reluta em entrar: para não se expor perante a torcida.
Este é um momento do "inferno astral" do PT.
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segunda-feira, 7 de abril de 2014
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