Nesse último domingo de abril, talvez o Pacaembu tenha recebido o derradeiro jogo normal de casa cheia, com cerca de 30 mil torcedores. Mais precisamente 29.168 ingressos vendidos, gerando uma renda bruta de R$ 1.363.977,50. Com 60 espectadores pagando R$ 350,00 pela numerada coberta. Incluindo o aluguel do campo de R$ 77.250,00 (cerca de 6% da renda bruta) a renda líquida alcançou R$ 898.999,38.
Os próximos jogos do Corinthians não serão decisórios e deverá reunir em torno de 20 mil torcedores, com alguns vazios, no estádio Paulo Machado de Carvalho. A partir de agosto ou setembro, irá jogar no Itaquerão, abandonado o Pacaembu.
O Palmeiras ficará um tempo maior, em decorrência do atraso na conclusão da sua arena, que já deveria estar pronta pelos cronogramas originais. Mas até o final do ano deverá também estar abandonando o Pacaembu.
Sobrará a alternativa do Santos de levar jogos com perspectivas de maior público, para o Pacaembu. Como a decisão do estadual contra o Ituano. Porém o "peixe" não tem a mesma audiência do Corinthians ou do Palmeiras.
Para efeito de comparação: o público da semi-final da vitória do Santos contra o Penapolense, na Vila Belmiro teve 12.409 pagantes, com um renda bruta de R$ 363.892,00 e líquida de R$ 180.819,40, dividida entre os dois clubes, com o Santos tendo o direito de cobrar o aluguel pelo seu estádio.
Dentro do modelo atual, o Pacaembu é a sede escolhida pela FPF para as decisões do estadual:os dois jogos finais. O mando não é dos clubes, a menos da questão da renda, mas da Federação. Mas se um dos finalistas fosse o São Paulo, evitaria um jogo no Morumbi? Ou no início de 2015, se um finalista for o Corinthians evitará um dos jogos no Itaquerão? O Santos e o Ituano juntos serão capazes de levar 30.000 torcedores?
E depois? Tornar-se-á um elefante branco?
Segundo os paradigmas do futebol masculino profissional sim. Mas a utilização do Pacaembu terá que ser visto segundo outros paradigmas. Que não serão tão novos, restaurando-se antigos.
O Estádio do Pacaembu deixará de ser visto como um empreendimento econômico que precisa dar lucro, para ser um equipamento de lazer para a população. O seu uso para jogos profissionais será excepcional.
Sem as reservas para os jogos profissionais, sobrarão tempo para jogos amadores e mesmo para esportes alternativos, como uma partida de rugby. Poderá ser a principal casa do futebol feminino. Poderá abrigar as decisões dos campeonatos juniores ou sub-20; sub-17 ou qualquer outro sub. A FPF organiza torneios de até sub 11.
Ou, na outra ponta, decisões de disputas entre os veteranos. Todos sem a expectativa de grandes públicos, mas com confraternizações simbólicas. Para os meninos, jogar no gramado do Pacaembu, mesmo sem público, é um grande objeto de desejo. Com grande público, como na final da Copa São Paulo, é a glória.
Os ingressos serão gratuitos ou a preços populares.
Os custos operacionais e de manutenção serão arcados com verbas orçamentárias. Convênio com a FPF, com valores independentes da renda dos eventos, poderá ser outra fonte. A FPF ganha 5% de toda renda do campeonato estadual e dos jogos do brasileirão, sob mando dos times paulistas.
Deverá ser um equipamento público, por excelência.
Não cabe a sua privatização, porque inviável economicamente, em função das restrições ambientais e históricas.
Para "salvar" o Pacaembu é preciso "pensar fora do quadro".
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