sábado, 19 de abril de 2014

Um plano de voo para o Aerodilma

O avião de Dilma vem perdendo altura, num ambiente de turbulências e com um céu mais instável pela frente.
Não está em queda livre, como gostariam os seus opositores, mas ela precisa estabilizar a sua aeronave e tentar arremeter para reconquistar a altura, para um voo mais tranquilo e seguro.
Tem que buscar, urgentemente, um novo plano de voo, com apoio do seu mentor e do seu oráculo. O que eles tem sugerido não tem impedido a continuidade da queda: lenta, mas persistente. O principal palpite deles é que ela deve aparecer, se mostrar. E sugerem comportamentos que fazem com que a mídia repique a sua presença, mantendo elevada a sua visibilidade perante a sociedade.

O que não lhe tem faltando é visibilidade na mídia. Está inaugurando tudo o que pode, e aproveita a oportunidade para provocar ou revidar. Não tem deixado passar nada "bateu, levou". A mídia adora e ela tem uma aparição maior que seu adversário que bateu. Ela é a lutadora principal. O oponente é sempre tratado como um desafiante menor. Porém o contragolpe é revidado com um contra-contragolpe. Numa luta direta, continuar na defensiva, continuar apanhando e encontrar uma brecha para dar o contragolpe fatal pode ser uma estratégia eficaz. Sair para o ataque pode deixar uma abertura desguarnecida para o golpe fatal do adversário e levá-la ao nocaute. Por enquanto está perdendo por pontos. Mesmo reagindo está na defensiva, sem condições de reassumir a ofensiva. 

A visibilidade na mídia e o "bateu-levou" não tem impedido a continuidade das perdas. O Aerodilma continua baixando e não há indícios no horizonte próximo de condições para a arremetida vitoriosa.

A Copa, na sua dimensão fora do campo, é altamente negativa, com divergências dentro da sua equipe, pelo que contam os jornalistas. Aldo Rebelo quer insistir na importância do legado. João Santana seria contra, porque por maior ou melhor que seja a campanha para enfatizar os pontos positivos, o que a sociedade já "comprou" e não tende a mudar são os pontos negativos. 

Basear-se nos legados é um grande risco. O impacto efetivo sobre o PIB de 2014 será negativo. A geração de postos de trabalho, com a conclusão das obras e a realização do evento resultará numa grande massa de ex-empregados que poderá ser tornar em elevado desemprego. Não há grandes perspectivas de absorver os milhares de trabalhadores que serão demitidos ou dispensados pós-Copa.  E não adiantará suspender as pesquisas do IBGE. 
A maioria dos estádios irá se transformar em "elefante branco" com públicos e rendas pífias, quando começar a ser usada no Brasileirão. O grande legado será de dívidas. Serão pelo menos dois meses de uso efetivo dos estádios, antes das eleições. Os dados serão reais e não mais previsões ou expectativas.

Fazer uma campanha pró-Copa baseada nos legados será mais "um tiro no pé". João Santana tem razão, mas não será fácil convencer o empedernido comunista. 

Na dimensão campo, ela terá que torcer - como todos nós - para o Brasil ser campeão. Mas para os torcedores e para a sociedade valerá a avaliação tradicional dos resultados do futebol. Se o Brasil ganhar o mérito será dos jogadores, e em segundo lugar do técnico. Se o Brasil perder, a culpa será do Governo (embora não o seja) e depois do técnico e dos cartolas. Os jogadores irão se safar, com exceção de Neymar. Se o Brasil perder, ele será crucificado, com ou sem razão. E Dilma perde junto com o Brasil. Se o Brasil ganhar, ela fica na mesma. O aerodilma continuará perdendo altura. 
Se o Brasil ganhar o outro risco dela é a subida do aerolula. O ex-presidente é visto pelo povo como o responsável por trazer a Copa para ser disputada em casa, com o "fator torcida". Dificilmente irá concorrer, mas criará mais turbulências.

Segundo os jornais o conselho de Lula é que ela deve enfatizar os grandes programas ou realizações do governo. O que tem feito. O problema é que o PAC está atrasado e o lançamento do PAC 3 vai ajudar os Prefeitos, mas com pouca repercussão sobre os eleitores. O efeito será uma percepção maior da incompetência gerencial, pela opinião publicada.  Mais promessas para não serem cumpridas. Será mais um "tiro no pé". 

O PRONATEC é um bom programa, mas eleitoralmente tem pouco efeito, alcançado uma parcela pequena dos eleitores que tem necessidades e urgências maiores. e em São Paulo, o maior colégio eleitoral tem a concorrência das FATECs/ETECs e do SENAI. O que os seus consultores acreditam e ela aparentemente concorda no seu simbolismo: é a grande oportunidade para a efetivação das esperanças. Uma vida melhor para os jovens deve ser conquistada com esforço próprio e cabe ao Governo oferecer as oportunidades. É correto, mas pouco funciona - felizmente - como ação eleitoreira.

O seu melhor programa eleitoral é o "Mais médicos", apesar dos problemas com os médicos cubanos. Tem uma grande repercussão eleitoral, também apesar da descrença da classe média e da classe médica brasileira. O seu problema é que reforça a preferência dos eleitores que são os mesmos beneficiados do bolsa família e outros programas sociais. O acréscimo será pequeno. Pode sustentar o aerodilma na altura em que está, mas não lhe dá condições de arremeter e subir para outro patamar.

Ela precisaria convencer os descrentes de que o Mais Médicos resolve a necessidade de expectativa de saúde da maioria da população brasileira. Não resolve os problemas crônicos da saúde pública brasileira, mas apenas a expectativa. É uma grande ação de marketing. 

Sustentada por ações de marketing, sob realidades adversas, corre o risco de saturação das mensagens, com o excesso de visibilidade. 

O seu plano de voo requer elementos novos. Não pode ser DilMais do Mesmo.

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