Qual será o impacto da Copa sobre o PIB brasileiro? Com entender e como calcular?
Primeiramente é preciso entender como se forma o PIB - Produto Interno Bruto.
Não é bem como a mídia gosta de repetir que é a soma de todas as riquezas produzidas num ano, mas a percepção genérica está certa: é a soma de toda produção nacional agregada no ano considerado.
Partindo dos recursos naturais, com valor zero, tudo de valor que se acresce com a sua transformação, até seu uso final em território nacional ou exportado, assim como toda produção com origem no esforço humano forma o PIB. Essa produção é desdobrada em 3 grandes setores: agricultura; indústria e serviços. A indústria envolve tanto a de transformação, como a de construção.
O que leva à produção de bens ou serviços? A existência ou a perspectiva de uma demanda. Essa demanda, por sua vez, é desdobrada em consumo das famílias, consumo do Governo e formação bruta de capital fixo, que significa uma demanda para formação de um ativo fixo.
Complementam a conta do PIB, um balanço entre importações e exportações, do lado da demanda e o estoque que corresponderia à produção não demandada.
Como então, dentro desse quadro, um evento como a Copa do Mundo da FIFA impacta nessas contas?
Num primeiro momento, são desenvolvidos serviços para conquistar o direito e, uma vez conseguido, são realizados serviços de planejamento, projetos e investimentos para a construção dos estádios, obras de mobilidade urbana, hotelaria, aeroportos, entre os principais.
Esses investimentos que começaram cinco a quatro anos antes, promoveram uma produção da indústria da construção, contribuindo para a formação do PIB, dos respectivos anos.
Provavelmente essa produção da indústria da construção para as obras da Copa foi crescente ano a ano, impactando a taxa anual, alcançando o auge em 2013, com a conclusão de alguns estádios e obras de mobilidade urbana. Algumas que não ficariam prontas para a Copa, foram suspensas, para não atrapalharem a mobilidade durante a Copa.
Em 2014 as obras dos estádios estão sendo de complementação, representando parcela menor do conjunto. O mesmo ocorre com as obras de mobilidade urbana.
De outra parte, a produção da indústria da construção para a Copa, envolve o ano todo, enquanto em 2014, haverá uma interrupção entre 1 a 3 meses, por conta da realização da Copa.
Como resultado, o PIB da Construção - vinculada à Copa - em 2014 deverá ser menor que o de 2013, provocando uma contribuição negativa na variação do PIB. Ou, em outros termos, o PIB de 2014 deverá decrescer em relação a 2013, por conta da Copa. Serão necessários outros fatores para que o PIB global de 2014 fique acima do de 2013, compensando a queda provocada pelos menores investimentos vinculados à Copa.
Espera-se que em 2014 haja uma vinda adicional de turistas para acompanhar a Copa, aumentando a conta "consumo das famílias". Certamente haverá um grande volume de turistas para a Copa, embora o volume de 600 mil pareça ser exagerada, dadas as distância do Brasil de grandes centros emissores. No entanto, se considerarmos o volume de 2,5 milhões de ingressos vendidos dos quais apenas pouco mais de 1 milhão seria para brasileiros, o volume de ingressos vendidos a estrangeiros superaria, em muito, os 600 mil turistas, inicialmente esperados. Mas as contas divulgadas pela FIFA não fecham.
Para avaliar o impacto positivo da Copa no aumento do volume de turistas estrangeiros, nos próximos anos, deve se considerar o incremento tendo por base o volume e os gastos de 2012, assumindo que já em 2013 o Brasil já teria o efeito da sua maior visibilidade em função da Copa no país.
(continua)
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