Chegou ao cargo de gerente executiva da Area de Abastecimento Corporativo, juntamente com Paulo Roberto Costa, em 2005, ainda no primeiro mandato de Lula.
Segundo ela mesma conta, na entrevista dada ao Fantástico, a sua primeira missão foi preparar a área de Abastecimento para disputar o Plano Nacional de Qualidade, láurea conquistada em 2007.
Nesse ínterim, Paulo Roberto Costa começou a montagem do "esquemão" nas obras da Refinaria Abreu e Lima (designada internamente pela Petrobras como RENEST - Refinaria do Nordeste), mediante contratos superfaturados com os associados do "clube", adotando procedimentos não conformes às regras, como o encaminhamento de contratação sem o projeto executivo completo.
As contratações precisavam ser aprovadas pela Diretoria Executiva e depois concretizadas pela Diretoria de Engenharia e Serviço, comandada por Renato Duque, tendo Pedro Barusco como o gerente executivo da área.
À Venina cabia preparar os processos, eventualmente negociar os termos dos serviços e dos contratos e encaminhá-los ao Diretor que os levava à Diretoria Executiva e depois de aprovado os encaminhava e acompanhava o andamento na Diretoria de Serviços. Ela participou ativamente, como atribuição funcional, de todo o processo de contratação das obras e fornecimentos da RENEST.
Por atribuição funcional participou dos processos, mas não do esquema como os outros, dois dos quais confessos.
Não aguentando a situação, levou ao seu Diretor a intenção de denunciar, uma vez que os alertas não haviam sido suficientes, quando então ocorreu a dita reação do Diretor de que "ela estava querendo derrubar todo mundo", que estava "querendo pular fora do barco" e outras manifestações que resultaram na retirada dela do cargo e um primeiro exílio dourado a Cingapura, para fazer um curso. Concluido este e retornando ao Brasil foi colocada na "geladeira" até que surgiu a oportunidade de um novo exílio, como Presidente da subsidiária da Petrobras em Cingapura. Supostamente uma promoção, mas era para ter o cargo e não trabalhar. Para não interferir em nada. Mas continuou incomodando com os seus e-mails.
Até que deflagrada a Operação Lava-Jato a delação premiada de Paulo Roberto e os problemas com os auditores externos, a Petrobras nomeou uma comissão interna para verificar os contratos da RENEST, com foco no quarteto e, principalmente, na incômoda ex-gerente, a única deles ainda no quadro ativo da Petrobras. E dentro das centenas de processos referentes à RENEST encontraram um caso especifico, pelo fato de uma proposta comercial estar destinada formalmente a ela. Segundo a Comissão ela teria desconsiderado um desconto oferecido pela proponente, imputando-lhe um poder pessoal que não teria isoladamente.
Mas foi o suficiente para a Direção da Petrobras, afastá-la do cargo honorário do outro lado do mundo, rebaixá-la, com redução salarial e instaurar processo para sua demissão por justa causa.
Diante dessas acusações ela, para se defender, trouxe a público parte da documentação, com os alertas para demonstrar que, apesar da sua participação funcional, não fez parte do "esquemão", que se contrapôs a esse o que levou ao seu rompimento com o antigo chefe, esse sim envolvido, ao seu afastamento, exílio e sucessivas tentativas de desqualificação.
A esta altura a principal é que ela não fez as denúncias oportunamente, só o fazendo quando foi acusada. O que teria feito como retaliação. Não é retaliação. É auto-defesa quando a situação se torna insustentável. Ela não denunciou antes na vã esperança de preservar a sua querida empresa, a quem dedicou toda uma vida.
Os que vivem ou conhecem o meio empresarial bem sabem da angústia e indecisão de denunciar o seu chefe com o qual tem uma relação de lealdade e companheirismo de muitos e muitos anos. E a repercussão na imagem da empresa.
Ela está se defendendo e merece todo o apoio. O que ela não pode é se calar. Ou o pior: "ser calada".