quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Cadeia produtiva global interrompida

O Brasil, ao contrário do que muitos afirmam e criticam, está amplamente inserido nas cadeias produtivas globais, ainda que de forma interrupta.  A principal delas, a cadeia automobilística, esta instalada no Brasil.

Essa inserção do Brasil, por conta das políticas industriais ativas, deram parcialmente certo. Dada a escala do mercado brasileiro e do seu potencial as grandes multinacionais não querem deixar de participar do mercado brasileiro e se a condição é um índice de conteúdo nacional, comprometem-se com ela. 

Essa política permitiu o desenvolvimento da cadeia produtiva automobilística, o de equipamentos para o petróleo "off-shore", para a energia eólica, para a indústria de saude, entre outros. Em geral vinculados aos financiamentos do BNDES. do poder de compra do Estado, de benefícios fiscais, ou de concessões de serviços públicos.


É inegável o seu sucesso, com a instalação ou ampliação de uma base produtiva nessas cadeias globalizadas de valor, mas a sua implantação interrompida limitando-se ao suprimento do mercado nacional, sem abertura para exportações generalizadas, se esgotou precocemente, sem completar o seu círculo virtuoso.

A sua continuidade, no segundo mandato de Dilma Rousseff, será objeto de muita controvérsia.

A tendência do Governo será de reafirmar e insistir na política de conteúdo nacional, induzindo as multinacionais a se instalarem no país. Mas somente aquelas que estão nas cadeias produtivas de fornecimento ao Governo ou integrantes dos benefícios ou exigências governamentais investirão. E a tendência é de instalações com escala mediana e tecnologias de penúltima geração.

O conteúdo nacional teria um efeito positivo por estimular a produção no país, porém a partir de um certo nível - não determinado - passaria a ser negativo, a menos que fosse uma base para uma escala mundial. Ocorre que o Brasil enfrenta restrições para viabilidade dessa escala mundial. Mais de ordem interna do que externa.

O que o Governo fará? O que a oposição vai contestar? Qual vai ser o resultado efetivo para a economia brasileira?

A maior inserção global não depende de um esforço de industriais brasileiros de vender seus produtos para o exterior. Não é um problema de exportações isoladas.

Essa inserção se dará através da reorientação de estratégias de multinacionais instaladas no Brasil em exportar para suas outras unidades instaladas no mundo partes, peças e conjuntos e mesmo produtos acabados.

As cadeias produtivas não são fenômeno social difuso e anônimo. As cadeias produtivas globais são empresariais e inteiramente identificáveis. Elas são da Volkswagen, da General Motors e outras da indústria automobilística. São da Nike, Adidas e outras.

Neste último caso, inserção do país significaria produzir no Brasil a camiseta da seleção brasileira de futebol, para vender para todo o mundo, através da rede de comercialização da Nike: e não a sua produção na Ásia, inclusive para venda no mercado brasileiro.

Para ampliar a inserção brasileira, as questões não são genéricas, mas especificas. Do tipo: o que a Nike, Adidas e outras vão produzir no Brasil, para venda a todo o mundo, do material esportivo relacionada com os Jogos Olimpicos e Paralimpicos a serem realizados no Rio de Janeiro em 2016?

Qual será a política industrial brasileira para promover essa maior inserção? Ou melhor a estratégia brasileira de negociação com essas multinacionais? Quem será o interlocutor, de parte do Governo? 

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