O passo adiante dos programas sociais é a ampliação das alternativas de trabalho, o que envolve duas dimensões tradicionais:
- a primeira é a ampliação das oportunidades de trabalho;
- a segunda é a capacitação para aproveitar essas oportunidades.
Há duas visões básicas em relação à primeira: a ampliação dos postos de trabalho formais e a opção do trabalho por conta própria.
A alternativa dos patrões é a redução dos encargos socais, e isso o Governo acatou parcial e seletivamente com a desoneração dos encargos previdenciários sobre a folha, passando para o faturamento. Não há ainda elementos para a avaliação dos resultados efetivos dessas desonerações. Agora, efetivamente, ampliada.
Supostamente, os "filhos do bolsa-família" que buscam a ascensão sócio-econômica pelo trabalho, tem a "carteira assinada", como a sua grande aspiração, mas não estão dispostos a esperar por ela, buscando "se virar" enquanto não conseguem o emprego desejado. No momento, não estariam procurando por esse, mas "se virando" no trabalho por conta própria. E, provavelmente, aderirão ao projeto do partido ou politico que acene com a oportunidade de melhoria pelo trabalho por conta própria.
Uma contrapartida à proposta da "carteira assinada" é que o mercado formal tem e continua oferecendo oportunidades, mas não encontra a demanda adequada:
- de uma parte, porque os interessados não estão interessados pelos salários oferecidos;
- de outra porque os candidatos não teriam a qualificação desejada.
O primeiro obstáculo decorre da resistência dos empregadores em não aceitar a valorização do mercado de trabalho, como decorrência dos programas sociais, porém com um equívoco de interpretação. (quando me refiro a um equivoco de interpretação, registro que eu mesmo incorria no mesmo) de que o trabalhador não aceita o salário proposto, porque tem o bolsa-família. Não é bem isso. Ele não aceita porque acha que num trabalho por conta própria ele consegue uma remuneração melhor. De toda forma, o bolsa família reduziu a oferta de mão-de-obra, principalmente dos salários mais baixos.
A segunda percepção leva o Governo, os agentes privados, inclusive os políticos e partidos a propor os programas de qualificação profissional, como a solução. O pressuposto é que com a capacitação os trabalhadores poderão ocupar os pontos demandados pelo mercado.
A suposição é parcialmente correta, mas há um descolamento entre os programas de qualificação e as demandas imediatas do mercado.
Os programas de qualificação, formulados pelos educadores, tem em vista o atendimento de médio e longo prazo, mas ainda com o viés do mercado industrial. E esse mercado está reduzindo sucessivamente a demanda quantitativa por vagas, mantendo apenas a dos postos mais qualificados.
Por outro lado os programas expeditos, para atender à demanda reprimida não tem capacitado adequadamente os trabalhadores.
Em que pesem os grandes números apresentados pelo Governo com o PRONATEC, FIES, capacitação expedita e outras, esses não estariam respondendo adequadamente aos requisitos da demanda do mercado formal.
A outra alternativa é que, embora o objetivo final seja a universalização do regime celetista, o trabalho por conta própria é a solução de curto e médio prazos. Deve ser considerados como uma solução e não um problema. Tampouco como uma saída que retardaria a celetização.
Esta visão aceita e assume que o trabalho por conta própria é a principal solução para a ampliação do trabalho e geração de renda, a partir do qual os "filhos do bolsa família" ascendem à classe média emergente e seguem a sua trajetória de melhoria sucessiva das suas condições de vida.
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