Como fazer isso sem ser explícita? Segundo o modelo atribuído a Tancredo Neves: coloque o indicado no lugar errado ou trocado.
O modelo centralizado de gestão pública requer o Presidente forte e o Ministério fraco. O Ministério fraco é promovido pela escalação de bons jogadores na posição errada.
Com perdão dos demais torcedores, o São Paulo FC tem um bom elenco de jogadores. Mas o técnico pode escalar o Ganso no gol, Rogério Ceni no meio ou Luis Fabiano na zaga. Este vai fazer bons gols de cabeça (contra).
A designação de Aldo Rebelo para Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, bem retrata esse modelo. Ele vai levar muito tempo, mais de um ano para conseguir entender o que o Ministério faz e no que ele pode interferir ou mudar.
Durante esse primeiro ano ele vai ter que assinar o que os assessores levarem para ele, aceitando as suas explicações.
As verbas diretas do seu Ministério serão drasticamente cortadas pela tesoura do Ministro da Fazenda e do Planejamento e ele terá que passar o primeiro ano todo, tendo recuperar algumas verbas para poder fazer alguma coisa. Conseguirá, depois de muito esforço e desgaste alguma coisinha. Ele terá sempre a alternativa de pegar o seu chapeu vermelho de saci pererê e ir embora. Mas ai corre o risco de deixar o partido sem representação do Excutivo. Acaba ficando, aguentando todas as humilhações.
Os cientistas reclamam. Sentem-se desprestigiados, como se sentiram com a designação de Aluisio Mercadante. Mas ai ele foi substituido por um cientista. Como é mesmo o nome dele? O que mudou? Nada ou foi para pior, já que o novo Ministro não teve acesso nem à Presidente, nem ao Ministro da Fazenda. Só nas reuniões gerais do Ministério.
E a ciência e tecnologia no Brasil? Pouco evoluiu ou regrediu? E a inovação? Esse pode até ter melhorado, porque o setor privado inovou. O setor público quer se apropriar da inovação, mas por mero desejo: a inovação só ocorre quando incorporado ao processo produtivo. E não depende do Governo.
Dilma em muitas áreas, sendo essa uma delas, promover a efetiva redução da participação e interferência do Estado. Mas da fora mais tortuosa e cara. Pela premeditada incompetência, ineficiência e, principalmente, inefetividade da ação estatal.
Os discursos serão brilhantes, os resultados efetivos pífios.
O Ministério fraco é uma condição essencial para um "enxugamento" drástico, mantendo as pequenas verbas de Gabinete, mas cortando as demais verbas. O Ministro terá verbas, o Ministério não. E com isso o Ministro da Fazenda, um dos poucos fortes poderá cumprir a sua missão.
Além da Fazenda a Presidente irá assumir pessoalmente alguns Ministérios, seja em parceria com o Ministro, assim como subordinando o Ministro. Os indícios são de que ela fara isso na Agricultura, para manter o agronegócio como a principal base de sustentação da economia brasileira, e continuará sendo a Ministra de Minas e Energia, com Eduardo Braga como anteparo para explicar, de forma esdruxula todos os apagões, apaguinhos e outros problemas.
O principal papel dos Ministros será, sempre de explicar de forma incompreensível, o que deu errado. O que dá certo não precisa de explicação. Quem cuida disso é a Presidente e João Santana.
Perguntar se vai dar certo ou errado, depende em que dimensão? Na dimensão da redução das despesas pública, a probabilidade de dar certo é muito grande. Não daria com um Ministério forte. O único que tem que ser forte é o da Fazenda, coadjuvado pelo Planejamento.
Em termos de governabilidade, provavelmente sim, embora a Presidenta não tenha a competência política de contornar os embates com os aliados, que irão reclamar das restrições de poder. Vão reclamar, mas não vão "largar o osso".
Do ponto de vista da macroeconomia, a resultado deverá ser positivo. Com o controle das contas públicas, o setor privado terá mais confiança para produzir e investir.
Nas questões setoriais será um desastre. Alguns com grande importância relativa, outros sem maior importância. Vai depender das intenções do Ministro. Se ele quiser atuar, pode se dar mal. Se deixar como está, aceitando as reduções de verba, não causará problemas.
O Ministério é "tancredista", mas a Presidente continua sendo Dilma Rousseff, também mineira, mas não da mesma escola política das "velhas raposas".
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