O Brasil foi tomado pela euforia, quando escolhido para ser a sede da Copa da FIFA, ainda em 1997. E teve o repeteco com a escolha do Rio de Janeiro, como sede das Olimpiadas de 2016. Houve uma grande elevação da auto-estima e a sensação de que o mundo "se curvava ao Brasil" e reconhecia a sua importância.
Ao final de 2014, o ano da Copa do Mundo, a sensação é de frustração. Não só pela goleada sofrida contra a Alemanha, mas porque o legado da Copa é negativo: passou a ser visto como a responsável pelo baixo crescimento da economia, quando se esperava que ela fosse impulsionar a economia.
As obras para a Copa atrasaram, mas não fizeram falta. A Copa foi usada para acelerar a sua contratação e execução, mas verificou-se que era um argumento falso. As que ficaram prontas, como o Terminal 3 de Guarulhos, mal foram usadas. A mobilidade urbana nas cidades da Copa não melhorou. Os prometidos metrôs e trens urbanos ainda não estão à disposição da população, para melhorar a sua locomoção diária. Há poucas exceções, para trechos parciais. A vida dos cidadãos nas sedes da Copa não melhorou.
Mas nem tudo é ruim. Com os novos estádios - apelidados de arenas, o que não são - aumentou o público dos jogos de futebol. A audiência cresceu significativamente. Estamos tabulando os últimos dados que serão consolidados após a última rodada do Brasileirão. Mas os dados parciais já mostram o crescimento. As rendas também aumentaram, com elevação do ingresso médio. Bom de um lado, porque vai permitir a amortização dos investimentos feitos com os estádios. Ruim de outro porque significa um aumento generalizado dos valores dos ingressos. No jogo decisivo da Copa do Brasil havia ingressos avulsos a preço oficial de R$ 1.500,00.
Há uma efetiva elitização do público do futebol, saudado pela classe média, que pode voltar aos estádio com a família, filhos menores, com menos riscos de violência. A televisão não cansa de mostrar mocinhas e rapazes bonitos nas arquibancadas.
Por outro lado, o "povão" reclama dos ingressos populares, com um piso de R$ 50,00. Mas continuam indo, proporcionando público e rendas recordes em Minas Gerais, Porto Alegre e principalmente em São Paulo.
Voltando às perspectivas de 2016. Os Governos vão acreditar e difundir mensagens otimistas estimando resultados fabulosos com a realização das Olimpiadas? Em Londres - 2012 ocorreu o fenômeno que se repetiu no Brasil com a Copa do Mundo. Caiu o turismo de negócios, que ocupa os hotéis e gasta mais e subiu um turismo mais popular, pernoitando fora dos hotéis e comendo nos restaurantes populares de R$ 1,00 ou nos quilões? Isso se repetirá em 2016?
O Rio de Janeiro vai ser invadido por mochileiros, como os que vieram para a Jornada Universal de Juventude, ou os hermanos caracois, trazendo a casa nas costas?
Os caríssimos hotéis do Rio de Janeiro vão ficar lotados, ganhando muito, ou vão ficar ociosos? Quantos terão que fazer promoções de última hora para aumentar a ocupação dos seus leitos?
Os comerciantes que acreditaram nas projeções do Governo, compraram muito dos chineses, acabaram ficando com estoques encalhados vão investir novamente, ou vão ficar retraidos?
Os empreendedores que acreditaram na propaganda otimista do SEBRAE e outras entidades, começando ou desenvolvendo negócios vão ousar a investir? Ou vão ficar retraidos?
Não haverá clima de otimismo e euforia antes das Olimpiadas. Mas como ocorreu com a Copa do Mundo, poderá haver um febre olímpica no período mais próximo e durante os Jogos, de muito entusiasmo e festa. Cada medalha conquistada pelo Brasil será saudada por muitos. Se for de ouro por multidões e fogos, como gols decisivos.
Os medalhistas dourados vão virar celebridades. E a sua cidade natal conhecida mundialmente. E depois? Qual será o legado?
O que pode ser feito antes para garantir um legado positivo?
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