É um problema da economia, como um todo, ou uma engrenagem complexa que os economistas tentam captar em sofisticados modelos matemáticos. Ou uma questão comportamental dos brasileiros, dos produtores e dos investidores.
Todos os modelos tem motores de transmissão cujo funcionamento se baseia em séries históricas, muitas vezes copiadas do exterior que nem sempre tem o mesmo desempenho no Brasil. Como o brasileiro reage às situações previstas e reais.
Uma das características da cultura brasileira é a ilusão. O brasileiro quer ser sempre um otimista, achar que vai dar certo ou "não tem como dar errado", e que não tiver ocorrendo como esperado há sempre o "jeitinho brasileiro" para resolver.
A realização da Copa do Mundo da FIFA no Brasil foi cercado por muita ilusão. Governo, patrocinadores e consultores venderam a idéia de que o Brasil ia "bombar" (tanto em campo, como fora) e que a Copa iria elevar o PIB em pelo menos 1,5%. Só não disseram claramente em relação a o que? Que o Brasil iria ter uma invasão de turistas e a preocupação era com os aeroportos.
O Brasil não bombou, ou melhor, levou bomba dos alemães e depois dos holandeses. O PIB caiu um pouquinho no 2º semestre, quando começou a Copa e aumentou, também um pouquinho, no 3º trimestre. Na prática o PIB brasileiro fugiu e foi fazer compras no exterior. Miami agradece. A China agradece. A Copa foi boa para eles.
A invasão dos turistas houve. Mais do que o esperado. Mas dos nossos "hermanos". As previsões que aqui fizemos estavam subestimados e erramos também nos meios de transportes. Acertamos quando previmos que haveria uma queda no volume de turistas de maior renda, porque os de negócios não viriam durante a Copa. E não iria haver problemas nos aeroportos. O Terminal 3 de Guarulhos, completado às pressas ficou vazio, durante a Copa. As Cias áreas nem se deram ao trabalho de mudar os embarques e desembarques para lá. Só o fizeram depois da Copa e mesmo assim, parcialmente.
Onde erramos: a maior parte viria dos paises vizinhos de ônibus: fretados e comuns. O problema maior seria nas rodoviárias. Não foi assim. Vieram muito mais do que o previsto. Mas vieram de carro e nos seus "motorhome". Carregando a casa e não foram para os hotéis. Esses aumentaram os preços e ficaram vazios.
O legado foi pífio. Com isso o Governo, patrocinadores e outros anteriormente eufóricos com a Copa resolveram esquecer o evento, com uma desculpa ou racionalização psicológica muito forte: não relembrar o 1 x 7 no Mineirão. Quando muito foi para colocar a culpa do baixo crescimento na Copa.
Esse passou a ser o grande vilão, para explicar o baixo crescimento econômico global.
Acredita, quem quiser.
O fato é que quando se esperava que o brasileiro acelerasse, ele pisou no freio. Não por engano. Mas porque não viu um futuro muito claro: o que ele iria encontrar adiante.
Agora passada a eleição, com a reeleição de Dilma e designação da nova equipe econômica, o futuro está mais previsível, mas com lentes diversas. Os pessimistas acham que não vai dar certo e vão continuar em marcha lenta ou até parar. Os otimistas que são em maior número, vão acelerar de novo. Vão comparar mais, se endividar mais (apesar da taxa de juros) e o resultado no último trimestre de 2014 poderá ser melhor.
2015 vai ser um ano de ajustes, mas está sendo retomada a trajetória de crescimento por parte dos consumidores. O crescimento da produção dependerá dos agentes economicos privados.
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