quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

As disputas políticas na cidade de São Paulo

A senadora Marta Teresa não aguentou e aproveitou a oportunidade da entrevista de Eliane Cantanhêde para expor as suas mágoas e dizer o que pensa, doa a quem doer, sem avaliar os efeitos para a sua carreira política. Para ela seria mais importante estar em paz consigo mesmo. Não se omitir, não se acovardar, não contemporizar.

Marta Suplicy usou a  oportunidade da entrevista de Eliane Cantanhêde para um lance político, visando o seu retorno à Prefeitura de São Paulo. Partiria da percepção ou convicção pessoal de que tem mais votos que Haddad e o derrotaria, nas eleições de 2016. Não é fantasia. Tem fundamentos.
Numa perspectiva estratégica ela teria duas opções: conseguir ser a candidata do PT ou sair para outro partido: tirar Haddad da disputa do segundo turno e disputar a eleição contra Russomano.
Nesse momento o seu lance seria afastar Haddad, convencida que está que ele levaria o PT à derrota. A sua convicção adicional que é a única capaz de derrotar Russomano. Nas contas dela, PSDB e outros são "carta fora do baralho". A unica ameaça, ainda que remota e improvável, seria mais uma vez a candidatura Serra para a Prefeitura. Mas ela estaria convencida que também o derrotaria.
Se é a melhor candidata da esquerda para combater a "ameaça Russomano" porque não sê-la?
Porque a cúpula do PT não a quer. Porque Aloizio Mercadante quer ser o candidato à Presidência, pelo PT em 2018, afastando a alternativa Lula. E Marta é a mais ferrenha defensora do "volta Lula", por absoluta convicção  pessoal. 
Lula age menos linearmente e pode não se esforçar para manter Marta dentro do PT. Marta conhece o "homi" e sabe bem o que esperar. Dai jogar com a alternativa de saída do PT.


A primeira alternativa é mais provável. Ainda que uma política, a esta altura experiente, Marta continua sendo mais sentimento e emoção do que frieza e competência estratégica. E muita vaidade. Ela conseguiu, mais uma vez ser uma estrela. Com mais, muito mais visibilidade do que a Presidenta. Mais falada, mais comentada, ainda que mal: "falem mal, mas falem de mim". Não aceita ser uma anônima, ou apenas mais uma Senadora. Ela precisa sempre brilhar no palco.

Todos sabem que é mais uma encenação, mais uma perfomance, um "stand up", mas fazem de conta que levam a sério. E o que é uma farsa tem impactos reais. Exatamente o que a atriz queria.


O mais importante da entrevista não é a entrevistada, mas a entrevistadora. 

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