O PT assumiu o estilo ditatorial buscando o "expurgo" dos inimigos. Dois episódios ainda na fase eleitoral demonstraram esse comportamento. A exigência para a demissão da analista do Banco Santander que havia editado um texto com projeções negativas na hipótese da vitória de Dilma e a exigência de expurgo de "opinialistas" (com perdão do neologismo) da Folha de São Paulo que seriam anti-Dilma ou pró-Aécio.
Um comando do PT Dilmista foi instalado no Palácio do Planalto, sob liderança de Aloizio Mercadante, por delegação de Dilma. No exercício do poder Mercadante operou para o afastamento dos lulistas, ainda no seio do Governo, principalmente dentro do próprio Planalto. Antes mesmo da posse, obrigou Marta Teresa a se retirar, mesmo sabendo que ela não iria ficar quieta. Porém dentro dos seus objetivos "direceuzistas" que afastar a influência e o poder ainda remanescente de Lula. Com Dilma já empossada, afastou Gilberto Carvalho, esse um petista e lulista fiel, que também saiu atirando, mas contra os considerados inimigos do PT.
Não contente com o afastamento de Marta Teresa do Governo, Mercadante promoveu uma provocação pessoal, levando Juca Ferreira para o Ministério da Cultura: um desafeto pessoal da ex-Ministra. Com o objetivo claro de antecipar ou forçar a saída dela do PT. Ele a quer longe do partido e das suas vistas.
Ao exigir o expurgo de jornalistas da Folha de São Paulo, retirou do jornal a mais competente e respeitada opinante política, sediada em Brasília. Com mais perdões a Dora Kramer, Cristiana Lobo e outros e outras. Mas Carlos Castelo Branco teve uma substituta que o superou. Eliane Cantanhêde faz parte do primeiro time do jornalismo político brasileiro. Como tal não poderia ficar fora do jogo.
Retornou ao Estadão e ontem, mostrou duplamente a sua competência, indicando ao que veio: um retorno bombástico.
Além do seu primeiro artigo, voltou com uma entrevista com a Senadora Marta Teresa, née Smith de Vasconcelos e ex-Suplicy. Ela quer implodir o PT e não perdeu a oportunidade.
Ela vai sair do PT. Quer sair. Mas não vai se antecipar. Se da implosão sobrar o "velho PT", sem liderança por que todos os fundadores ou pioneiros já sairam do partido ou aderiram ao "novo PT": o do mensalão e do petrolão, ela se disporá a assumir. O que é pouco provável.
Os que assumiram o poder dentro do PT não tem sentido suicida. Vão resistir, obrigando os dissidentes a sairem. Mesmo percebendo que as fissuras internas geradas pelo processo de expurgo possam levar a derrotas eleitorais futuras.
Eliane Cantanhêde fez o papel de jornalista, trazendo a tona fatos que ficaram submersos. Não são delações premiadas, mas expõe as realidades, ainda que com as versões pessoais.
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