O cenário político de 2015 será marcado pelo embate entre a Presidência e o PMDB, com a tentativa de reorganização da base aliada no Congresso.
O jogo inicial será disputado no início de fevereiro com a posse dos novos congressistas e eleição da mesa da Câmara e do Senado.
O mês de janeiro será dedicado às articulações dos candidatos, com uma dificuldade adicional para a Câmara. Cerca de metade dos deputados são novos e grande parte só vai chegar a Brasília nas vésperas da posse. As conversas "olho no olho" serão custosas. Mas Eduardo Cunha está em plena campanha visitando os Estados, reunindo os novos eleitos.
No Senado a renovação é menor.
O elemento perturbador é a perspectiva da abertura oficial das informações contidas nas delações premiadas de Paulo Roberto Costa e Alberto Yousseff, que comprometeriam diversos políticos, incluindo os favoritos Renan Calheiros, no Senado e Eduardo Cunha, na Câmara.
A Presidência torce, sem demonstração externa, para que isso ocorra. Até tentou obter as informações, mas tanto o Ministério Público Federal como o Supremo Tribunal Federal não acederam. Oficialmente não haverá a abertura antes do final das férias forenses que só ocorrerá depois das eleições no Congresso. Os candidatos estarão apenas sob suspeita.
A partir dai podem ser desenhados os seguintes cenários:
Renan Calheiros e Eduardo Cunha são eleitos e mesmo que depois apareçam na lista dos delatores, desmentirão e permanecerão nos cargos, ainda que sob forte pressão contrária a permanência deles nos cargos.
É um cenário parcialmente favorável ao Executivo, que quer um legislativo fraco, no seu primeiro ano de novo mandato, mais controlável aos seus desígnios. Renan e Cunha fragilizados precisarão do apoio do Executivo para se sustentar e não adotariam medidas que poderiam desagradar o Palácio do Planalto.
Renan Calheiros será eleito, mas seria obrigado a renunciar diante da pressão da opinião publicada e do próprio Senado. Eduardo Cunha, provavelmente menos envolvido diretamente, manter-se-ia no cargo.
O cenário é menos favorável ao Executivo que precisaria um grande esforço de articulação para tentar colocar um senador petista na Presidência, em substituição a Renan. Nesse caso, o mais provável seria ainda um Presidente do PMDB, para poder enfrentar um candidato da oposição. Um candidato petista correria o risco de perder a eleição. Para o Governo, ruim com Renan Calheiros, pior sem ele.
Por outro lado, Cunha tenderá a apoiar medidas retaliatórias, não evitando a criação de uma nova CPI para apurar as irregularidades ocorridas na Petrobras, mas sem extensão para outras estatais. Eduardo Cunha e outros deputados do PMDB e da base aliada não entraram nas quotas da Petrobras, mas de outras estatais federais. A eles não interessa a extensão das investigações.
Cunha seria eleito Presidente da Câmara, mas perderia influência nas nomeações de cargos dentro do Executivo.
O PMDB no embate com a Presidente está fazendo um jogo arriscado, com grande probabilidade de ser derrotado diante das intransigências presidenciais.
Não quer aceitar Kátia Abreu como Ministra da quota do PMDB e quer derrubá-la. Ela revidou, imediatamente, e vem tirando do Ministério os indicados pelo PMDB, principalmente os apadrinhados de Eduardo Cunha.
A expectativa é de uma "guerra feroz e suja". Mesmo que ela saia, o que é pouco provável, dificilmente o PMDB de Michel Temer voltará ao Ministério da Agricultura. O risco maior do partido é uma defecção da sua bancada rural para o PMDB do B, comandado por Kátia Abreu. A Senadora e agora Ministra não é nenhuma neófita, conhece bem as regras e joga pesado.
E, provavelmente, está alinhada a Dilma para o objetivo de "rachar" o velho PMDB.
Nos cenários políticos do segundo mandato de Dilma, o embate dela com as "velhas lideranças do PMDB" porque as mais antigas ainda do tempo do MDB saíram de cena.
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