A decisão do Governo de São Paulo em usar a água da represa Billings indica que, na Região Metropolitana de São Paulo, apesar da estiagem não falta água. O que falta é água limpa.
Tem chovido pouco, no geral, mas concentrado e intenso, com temporais que dão a sensação de que "o mundo vai acabar". Mas o nível das represas continua baixando. Isso porque a demanda continua alta.
A água tem um ciclo que todo estudante conhece na escola: a água evapora, forma nuvens e volta na forma de chuva. Só que não nos mesmos locais.
A água que a chuva traz, uma parte some por evaporação. O intenso calor ajuda a aumentar a evaporação e os níveis das represas caem mais rápidos.
Mas o que não evapora e é usado pela produção, pelas pessoas e pela irrigação, para onde vai? As estatísticas mostram muito o uso da água, o que não quer dizer, necessariamente, seu fim. A irrigação, que é um dos principais usos, segundo as estatísticas, significa que o irrigante tira a água de um corpo d'água, para molhar o solo e essa água se infiltra e vai para o lençol freático, que nada mais é que uma represa subterrânea de água. De onde o irrigante pode retirar a água, mediante poços. Há um ciclo, onde a saída final da água é muito menor do que o uso contabilizado. A irrigação é um mecanismo de compensação, com baixo consumo definitivo da água. As estatísticas não mostram o uso líquido.
As pessoas usam e consomem a água. O que acontece com a água do banho? Tira a sujeira e suor do corpo, misturado com o sabonete, shampoo e outros elementos, vai para o ralo e depois? Vai para o córrego, para o rio e, em São Paulo, grande parte acaba na represa Billings. Outra parte vai para a Estação de Tratamento de Esgotos e uma vez processado, volta ao Rio e segue para o interior. No primeiro caso a água não sai imediatamente da região. Mas depois vai para o mar, onde o sal do oceano a salga e a torna imprópria para beber.
Uma outra parte da água disponível é consumida pelas pessoas, pela bebida. Mas ela é retornada sob forma de urina. A perda líquida da água é sempre menor do que a demanda. Mas com uma diferença fundamental: o homem consome água limpa e devolve ela suja. Para que ela possa novamente ser consumida é preciso um processo de tratamento. Quanto mais suja, maior a necessidade de tratamento. Mas a mesma água, o mesmo litro de água que a chuva traz pode ser utilizada diversas vezes. O melhor exemplo é dado por Israel, com um território com pouca, muita pouca água.
O ciclo pode ser desenvolvido em circuitos curtos ou longos. O melhor circuito curto é o aproveitamento domiciliar da água de chuva. O longo é o feito pelas empresas de saneamento. Isso requer muito mais investimentos e tecnologia. Foram adiados, agora não podem ser mais.
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