Há 15 anos foi desmontada uma máfia de fiscais da Prefeitura de São Paulo, por conta da denúncia de uma pré-empresária de uma academia de ginástica, que não aceitou ser achacada.
Com a prisão e posterior condenação dos envolvidos, entre eles vereadores a sensação era de que os corruptores refluiriam e haveria uma redução da corrupção. Ledo engano.
15 anos depois, um novo escândalo e prisão de fiscais municipais que atuavam sem preocupação de esconder os seus ganhos ilícitos, vivendo uma vida de ostentação e formando um patrimônio, incompatível com as suas remunerações, mas devidamente declarado.
Soraia que fez as denúncias há 15 anos, diz que os corruptores não se intimidam, com os riscos e com as punições.
Se eles não se intimidam, as propostas de aumentar as penas, de maior rigor nas condenações não seriam suficientes para reduzir a corrupção. O que, então, promoveria a redução do crime?
O que passa na mente criminosa do "colarinho branco"?
A psicologia criminal é ampla no sentido de perceber e interpretar a mente dos criminosos comuns, sendo que algumas instituições são especializadas na deteção da mente do "serial killer" para evitar novos crimes. Pelo menos nos seriados da televisão norte-americana.
Um corruptor contumaz é uma espécie de "serial killer", sempre se preparando para dar sequencia aos seus crimes. Seria possível abortar novos crimes? Seria possível comprovar os crimes anteriores e condená-los pelos mesmos tirando-os da circulação da sociedade?
Há especialistas em entender a mente deles?
O objetivo de ficar rico já tem muitas explicações. Já ficar rico mediante ações ilegais tem benefícios restritos e muitos riscos.
Enriquecer rapidamente, em condições incompatíveis com a renda do trabalho ou de atividades lícitas e usufruír dessa riqueza amplia os riscos.
O corruptor poderia agir por um tempo, formar o seu "pé de meia", acumulando os seus ganhos, sem gastá-los e parar e sair dos esquemas, para poder então usufruir.
Mas a sua mente de "serial killer" não lhe permite parar. Iniciada a prática, não consegue mais sair. Torna-se uma compulsão.
Só para quando for "pego".
Alguns acham que um dia serão "pegos". Então a sua preocupação é usufruir enquanto pode. De que adianta ganhar um bom dinheiro se só puder gastar depois de velho, sem poder usufruir uma vida boa enquanto jovem?
Mas são esses que levam a chegar às quadrilhas e ao seu desmonte.
O caso dos fiscais do ISS trouxe esse caso típico, com o ingrediente da amante desprezada. Essas personagens são os maiores riscos de uma quadrilha. É o elo fraco.
A mente desse é simples, primária e previsível. O que não se sabe é o grau de violência da quadrilha. Se fosse de facções criminosas como o PCC a sequência seria mais previsível. Traição ou descumprimento das regras implica em morte.
Nas quadrilhas de "colarinho branco" os mecanismos de controle são menos primários.
Voltando ao tema principal: se a repressão penal não é suficiente para intimidar os corruptores o que poderá fazer com que eles parem de atuar irregularmente?
A educação é necessária, porém insuficiente.
O problema maior está no "pano de fundo": num ambiente distorcido, onde "todo mundo faz". E se não fizer, as coisas não funcionam.
O mercado imobiliário paulistano vai parar. Quem conseguiu as licenças vai continuar. Quem não conseguiu vai levar muito tempo para conseguir novas. Os Municipios vizinhos vão se beneficiar.
Haddad vai enfrentar o mesmo problema da sua mentora, a Presidenta. Partiu com todo gás no processo de "faxina" e depois teve que se recolher. Quem ainda se lembra.
Os fiscais são apenas a ponta de uma máquina complexa que envolve muita gente: gente poderosa.
Alguns precisam pagar. Irão para o sacrifício para preservar os demais.
O problema para os "quadrilheiros" é segurar a impetuosidade do jovem Prefeito.
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