Florianóplis crescerá mais na sua parte continental do que na ilha, nos próximos anos, gerando uma nova centralidade, em detrimento do centro tradicional.
Não se trata de uma profecia, porém uma previsão, com base na observação de tendências do que está ocorrendo na capital catarinense e do que ocorreu em outras cidades.
A ilha é objeto de grande confronto entre os ambientalistas e os defensores dos adensamentos.
O território da ilha pode ser dividido em 3 grandes partes: a ocupação pela população local que mora e trabalha na cidade que se concentra no centro tradicional, com as suas periferias próximas e que se espraiou no eixo da Avenida Beira Mar Norte, com o aterro e abertura de uma grande avenida. A ocupação verticalizada é predominantemente residencial, com apoio comercial, porém baixa ocupação por edificações de escritórios.
Outra parte é formada pelas reservas ambientais, com uma parte incontestável e outra disputada entre o setor imobiliário e os preservacionistas.
Uma terceira parte é formada pela ocupação de veraneio ao norte da ilha, com condominios de alto padrão, e resorts. Parte é ocupada permanentemente e outra só durante a temporada de verão, permanecendo fechada fora dessa.
Como ocorreu com várias outras concentrações dessa naturaza, na sua proximidade se instalou a cidade informal, ocupada pelos trabalhadores que atendem os serviços domésticos das residências de alto padrão: cozinheiras, arrumadeiras, jardineiros, eletricistas, guardas, caseiros ou zeladores e outros.
O maior desafio do planejamento em relação a essa área é garantir a sua sustentabilidade, evitando uma eventual saturação que leve à estagnação ou até regressão, pela perda da atratividade.
Outro desafio é ampliar a autossuficiência local, reduzindo a necessidade de movimentação das pessoas entre essa área e o centro tradicional.
Isso será promovido pelo próprio mercado, porém facilitado ou dificultado pelo regramento público.
Os turistas e moradores dessa região, acabarão sendo supridos por shopping-centers, restaurantes, baladas e outras infraestruturas e serviços de alto padrão, requerendo ainda serviços de saúde, em todos os níveis. Não haverá maiores requerimentos de serviços educacionais, seja porque a grande ocupação será durante o período de férias escolares, e as famílias que se mudarem para lá não levarão os filhos em idade escolar.
Já a população dos trabalhadores domésticos da região irá requerer os serviços educacionais, creches e serviços de saúde pública.
Essa população tem o problema de trabalho, fora da temporada. Com relação à renda, a solução tradicional é cobrar no período da temporada o suficiente para sobreviver o ano todo. Mas nem todos conseguem.
A outra questão é se a população local será suficiente para atender toda a demanda durante a temporada, ou se haverá uma forte movimentação de pessoas de outras áreas para lá. Será uma tendência natural, porém, facilitada pelo Poder Público mediante oferta de transporte coletivo ou dificultada pela inexistência ou insuficiência desse serviço.
Como será natural o interesse adicional de pessoas de menor renda em trabalhar nessas áreas, dois processos poderão ocorrer: aumento significativo de viagens por transporte coletivo ou o aumento da população nas comunidades local pela migração temporária.
Para os tomadores dos serviços interessa uma oferta maior, porque sem isso os custos dos serviços poderão subir muito.
Para o transporte coletivo a solução é o marítimo, dada a existência da oferta no continente em Biguaçu e Governador Celso Ramos.
No entanto não se deve criar ilusões em relação a essa solução, porque teria que ser um serviço sazonal para atendimento à baixa renda. Não cabe nenhum serviço sofisticado, embora deva ser seguro.
É uma solução que pode interessar aos tomadores de serviços, porque reduziria o contingente de ociosos fora de temporada, nas suas proximidades o que acaba sendo um gerador de violência urbana.
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