Florianópolis tem um polo tecnológico clandestino.
Conhecido pela comunidade técnica e acadêmica, porém desconhecida pela mídia e pela "sociedade civil".
Recife tem um polo tecnológico de maior repercussão na mídia com o Polo Digital e o CESAR. Com menor repercussão nos destinos da cidade do que o polo de Florianópolis. É conhecido nacionalmente e tem um comandante visível. A midia gosta de personagens, mais do que instituições.
Nos eventos sobre o futuro da cidade, ou da Cidade daqui a 25 anos, o Polo Tecnológico do Recife esteve presente e é a maior pretensão do Recife para se tornar uma cidade mundial.
O de Florianópolis não fez parte da agenda. Não é importante nem para a chamada "sociedade civil" que tem propostas para Florianópolis 2030 ou do Governo Municipal que está promovendo a reformulação do Plano Diretor.
Eu mesmo deixei passar, embora tivesse indícios e só depois do evento "Olho do Futuro: como estará Florianópolis daqui a 25 anos", analisando novos documentos e fazendo um tour pelo norte da ilha, percebi a perda de oportunidade.
Mas como o processo ainda está em andamento, vou registrar aqui as minhas reflexões e elucubrações, baseados nos conceitos da Inteligência Estratégica: ver o que não é mostrado, ler o que não foi escrito e ouvir o que não foi dito.
Florianópolis está implantando um enorme parque tecnológico com uma área total de 4,3 milhões de m2 e potencial construtivo de 1,3 milhões de m2 e muita área de preservação ambiental: o Sapiens, em Canasvieiras no norte da ilha.
Não sei se a escolha do local teve uma visão estratégica, mas agora tem: é, provavelmente, o melhor local para atrair um grande investidor "distraido" convidando-o para passar alguns dias da temporada em Jurerê Internacional.
Jurerê Internacional tem um padrão internacional e pode receber os "endinheirados". Ele ou seus executivos podem morar ou ficar em Jurerê Internacional e trabalhar no Polo Tecnológico.
Tendo dinheiro, os pesquisadores, os jovens empreendedores de tecnologia irão se instalar lá ou no corredor tecnológico da SC 401, que liga o centro tradicional ao vetor norte.
Ainda há um grande potencial de competência técnica em Santa Catarina e nos demais estados brasileiros, esperando que investirem financiem os seus empreendimentos ou "sonhos". Se o dinheiro estiver lá, eles migrarão para lá, com a possibilidade de viver bem, em boas casas, próximas à praia. Não terão condições de ir para Jurerê Internacional, mas tem Canasvieiras e Ingleses como alternativas, economicamente mais acessíveis.
O que precisa ser feito para acelerar a efetivação desse projeto?
A meu ver a primeira condição é implantar um aeroporto para aviação executiva. Na região, pilotos de fórmula 1 implantaram kartódromos. O mais estratégico é que eles invistam num aeroporto.
Um neto do Sebastião Camargo que investir num aeroporto para aviação executiva em Paralheiros, em São Paulo, onde enfrenta grandes restrições ambientais. Deve migrar para lá, embora vá enfrentar problemas similares. Os oponentes da Dna "Zelite" é muito atuante. São contra a elitização da ilha, porém sem ela não haverá um acelerado desenvolvimento do setor tecnológico, que é de alto risco. Precisa se muito dinheiro para pouco dar certo. Mas o que dá certo vira um negócio trilhonário. E tem gente disposta a arriscar. Só não sabem ainda onde aplicar.
Uma segunda condição é uma hotelaria de 5 estrelas para turistas de negócios, com bom acesso ao aeroporto executivo.
O resto virá pela dinâmica do próprio mercado.
Da parte do Poder Público, a condição fundamental está no investimento na rede e na solução de tratamento do esgoto. O que é preciso evitar é a poluição do mar e das praias, o que fará perder o atrativo da área.
Uma solução poderá estar num convênio entre a Prefeitura Municipal e o Governo do Estado, com a intervenência da CASAN, para estabelecimento de Operações Urbanas Consorciadas em que os recursos da outorga onerosa do direito de construção seja aplicado na melhoria do sistema de saneamento.
Além do Sapiens o próprio mercado imobiliário está se instalando no entorno da SC 401 caracterizada como a Rota da Inovação. De momento isso é uma vantagem, porém com o maior adensamento a rodovia ficará congestionada, prejudicando o acesso. Será necessário se pensar em alternativas, seja de duplicação, de via alternativa ou sistema de transporte coletivo de qualidade.
No desenvolvimento (ou não) da economia inovadora em tecnologia está o futuro de Florianópolis. Deveria ser o foco principal dos projetos futuros e da revisão do Plano Diretor. Mas parece que os "manezinhos da ilha" ainda estão com a sua visão voltada para o segundo milênio.
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