Goiania nasceu planejada, ou melhor dizendo desenhada: para uma população de 50 mil pessoas.
O arquiteto urbanista (Atilio Correa Lima), desde logo, teve que enfrentar as interferências do setor imobiliário ou fundiário. Perdeu, retirou-se e o principal empreendedor, da ocasião (Coimbra Bueno) não só colocou o seu urbanista, como, posteriormente, elegeu-se Governador, para legalmente estabelecer a cidade que ele queria.
Desde o início da cidade, a que queriamos não foi consenso entre as diversas forças estruturadoras da cidade e as do setor imobiliário prevaleceram.
Ao longo dos anos Goiania teve sucessivos planos. É uma das cidades, se não a cidade, com o maior histórico de planos. Mais do que Curitiba.
Mas todo esse planejamento não foi capaz de ordenar a ocupação da cidade, tanto nas áreas mais densas, como nas de expansão, com uma ocupação descontínua, gerando os "vazios urbanos".
O processo de ocupação da cidade decorre de três dinâmicas principais: a das obras públicas, a da riqueza e o da pobreza. Elas são complementadas pela ocupação e posicionamento da classe média, até - recentemente - inteiramente reativa, nas bordas da ocupação da riqueza. Porém domina a mídia e os órgãos de planejamento público.
Os urbanistas reclamam que não houve planejamento. O que querem dizer é que não houve as decisões antecipadas que eles queriam.
Planejamento urbano não é, como acham querem os planejadores, um processo técnico. É eminentemente um processo político, com a tomada de decisões antecipadas. E quem tem poder de decisão são os políticos, legitimamente eleitos pelo povo.
Planejar é mais do que pensar antes: é decidir antes e decide quem tem poder.
Os planejadores acham-se os defensores do interesse público, ou o que consideram o bem comum. Mas esse interesse público é como eles, predominantemente integrantes da classe média, acham, enquanto o político entende que interesse público é o que atender a maioria dos eleitores, pois foi ela que o elegeu.
Foi por isso que, enquanto os planejadores propunham soluções estruturais, os Prefeitos estavam preocupados e decidiam asfaltar as ruas. O eleitor de baixa renda não é capaz de pensar a cidade, como um todo, ou mesmo em uma grande parte. A cidade para ele é a que ele conhece. Diferentemente da classe média que conhece a cidade também pelos jornais, a classe baixa não lê jornais ou quando os lê, mal vê o noticiário pela televisão é quando acompanha é apenas o noticiário político e futebolistico.
A prioridade do Prefeito é sempre o seu eleitor. A "cidade que queremos" é a que ele acha que a maioria dos eleitores querem.
Evento ontem, no evento Olho no Futuro - pensando Goiania nos próximos 25 anos, reuniu vários planejadores que, em algum momento, participaram da elaboração dos planos de Goiania e todos se manifestaram a visão de que não houve planejamento. Porque os planos, quando transformados em lei, não refletiram as suas propostas.
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