terça-feira, 5 de novembro de 2013

Salvador daqui a 25 anos

O futuro de Salvador está relacionado, em primeiro lugar, ao seu crescimento econômico, levando em conta 4 principais setores: turismo, comércio local, administração pública e logística.
A questão logística está na concorrência de Salvador com Recife e Fortaleza para sediar o principal "hub" portuário do Nordeste.
A origem e o desenvolvimento inicial de Salvador remonta ao seu papel logístico politico militar, baseado na navegação marítima. 
O centro histórico de Salvador, na área conhecida como Comércio, sediou as atividades comerciais e de serviços ligados à logística marítima.
O posterior desenvolvimento logístico,  predominantemente terrestre e rodoviário, levou Salvador a se tornar um ponto final, invertendo o seu papel nos fluxos de cargas.
Feira de Santana, no interior, tornou-se o principal nó logístico rodoviário, exercendo sob o ponto de vista logístico, o mesmo papel que a cidade de São Paulo exerceu, tendo Santos como o seu porto. Mas no Estado, São Paulo era a capital.
Essa configuração colaborou na implantação dos polos industriais, ao longo da BR 324 que liga Feira de Santana a Salvador que, por razões institucionais, ficaram fora do Município de Salvador.
A baia de Todos os Santos, manteve um papel logístico com os terminais privativos ligados às atividades dos polos industriais e o Porto de Salvador, que perdeu sua importância relativa, determinando a perda de vitalidade econômica do Comércio.
O polo corporativo deslocou-se para a região do Iguatemi-Camaragibe, contribuindo para a degradação econômica e física do centro histórico.

A Bahia teve oportunidade, ainda no início do século atual, de desenvolver na baia de Todos os Santos, um grande "hub" portuário, a partir dos terminais privativos e de transferir o Porto de Salvador para Aratu e destinar aquele para a movimentação de pessoas, principalmente dos cruzeiros marítimos.

Preferiu, no entanto, preservar o Terminal de Conteineres em Salvador e não desenvolver uma estratégia logística para a baia de Todos os Santos, propiciando o desenvolvimento maior de Suape e Pecém.  Para reforçar o papel do Porto de Salvador, investiu na Via Expressa, ligando a BR 324 com o Porto, para concentrar o fluxo de caminhões entre o Porto e os polos industriais e o interior do Estado. 
Provavelmente essa via não será suficiente para reverter uma inevitável perda de movimentação de cargas pelo Porto de Salvador, quando Suape e Pecém estiverem funcionando "a plena carga", exercendo o papel de "hub" portuário, complementado pela movimentação rodo-ferroviária.

Nesse cenário o entorno portuário poderia se tornar um polo de terminais logísticos, para abastecimento do mercado da cidade. Deve se considerar, no entanto, que a tendência moderna tem sido de condomínios de centros de distribuição fora dos centros urbanos. A distribuição local seria feita diretamente às lojas em veículos menores.
Seria conveniente para o planejamento logístico das empresas levar a carga por via terrestre, até a região portuária, promovendo a sua redistribuição para as lojas a partir dai? Ou tenderão a se instalar às margens da BR 324?

Outro projeto - de caráter estrutural e estratégico - é a travessia da baia de Todos os Santos, ligando a região continental que chega à Ilha de Itaparica a Salvador. É simbolizada pela Ponte entre Itaparica e Salvador, porém o projeto logístico é mais amplo, restabelecendo a capital como um nó logístico terrestre.
Com essa ligação os centros de distribuição poderão ocupar o entorno portuário, referido acima e Salvador voltaria a um dinamismo logístico.
A contrapartida seria o aumento do tráfego de caminhões pesados, porém dentro da perspectiva do projeto, por vias segregadas, complementando o conceito da Via Expressa.
Por outro lado uma ponte na entrada da baia de Todos os Santos, mesmo com elevada altura, pode comprometer - definitivamente - a pretensão de Salvador concorrer com os portos de Suape e de Pecém.

As soluções logísticas serão essenciais para os rumos futuros de Salvador e da sua Região Metropolitana. E dependem de decisões estratégicas por parte do Poder Público.






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