quinta-feira, 28 de novembro de 2013

O Rio de Janeiro após 2017

Os cariocas estão muito animados com as perspectivas de curto prazo, com a realização em 2014 da Copa do Mundo e em 2016 com os Jogos Olímpicos.
Há um grande volume de ações e investimentos para a cidade atender bem à realização desse dois dos maiores eventos de repercussão internacional, com um intervalo muito curto.
Há os que alertam que os planos de desenvolvimento da cidade não podem ter apenas a perspectiva de curto prazo, devendo o planejamento futuro da cidade ter visões mais amplas.
Cabe então perguntar: o que serão as perspectivas do Rio de Janeiro, a partir de 2017, quando esses dois eventos tiverem sido realizados, provavelmente com grande sucesso de organização?

Apesar desse sucesso,  com um pequeno legado positivo e um grande legado de dívidas.

Uma das colocações recorrentes em evento sobre o futuro da cidade é que antes havia projetos e não havia recursos. Com os grandes eventos internacionais surgiram muitos recursos, sem a correspondência de bons projetos. 
O que é falso. Antes também não tinha projetos, como agora não tem.
O problema é que a maioria dos recursos é de empréstimos, ainda que do Governo Federal, através da Caixa Econômica e do BNDES. Empréstimos que os Governos Estaduais e Municipais terão que pagar. Ademais comprometendo a sua capacidade de endividamento e os próprios orçamentos anuais.


O que dará suporte ao desenvolvimento da cidade e da sua região metropolitana a partir de 2017?
O Rio de Janeiro tem e terá dois grandes suportes econômicos primários que não dependem apenas do seu consumo interno: a cadeia produtiva do petróleo & gás e o turismo internacional.
O setor comercial, apesar da sua importante participação na formação do PIB, depende predominantemente do consumo da sua população moradora, complementada pelas compras do turismo internacional. Não é um setor "puxador" do crescimento da economia, mas derivado e multiplicador.
O mesmo ocorre com o setor de serviços, sendo que os de caráter primário, vendidos para economias além da fluminense estão inseridos naquelas duas cadeias principais: a do petróleo & gás e a do turismo.

O setor de petróleo & gás deverá ter um sustentado crescimento, nos próximos anos, podendo ter picos de crescimento em função do sucesso da produção dos poços do pré-sal. Apesar de confirmadas as grandes reservas da camada do pré-sal da Bacia de Santos, há ainda grandes dúvidas sobre a capacidade de alcançar tecnologias, a custos competitivos, para a retirada do óleo e do gás, agora sob concorrência do gás de xisto. As expectativas continuam muito grandes, apesar do baque de Eike Batista. As promessas dele foram muito grandes e o que o derrubou foi a baixa produção dos seus primeiros poços em operação comercial. Isso poderá ocorrer com outros.

O grau de sucesso deverá ser maior, mas remanesce o risco do custo, que determinará a maior ou menor velocidade da produção.

De toda forma essa produção ocorrerá, com impactos diferenciados. Se for modesta, com pequenos acréscimos em relação à produção global atual - que está em curva descendente nos campos da Bacia de Campos - a sede principal dos negócios continuará no Rio de Janeiro. 

Se for elevada, grande parte da direção dos negócios migrará para São Paulo, particularmente para a Baixada Santista.

A Petrobrás mudou a sua estratégia, para recompor as suas contas e não pretende aumentar os seus custos administrativos antes de assegurado o sucesso comercial do pré-sal.

O turismo é uma grande geradora primária de renda do Rio de Janeiro, com grande expectativa de crescimento em função da sua visibilidade mundial com a realização da Copa 2014 e das Olimpíadas   2016. Teve uma excelente cobertura mundial com a Jornada da Juventude Católica, mas mostrou também ao mundo as suas vidraças, com o Papa preso num congestionamento. 

Terá, sem dúvida, um crescimento, porém, as estimativas dependem do otimismo ou pessimismo de quem as faz. 

As vitrines do Rio de Janeiro são naturais, com a sua grande beleza cênica, impar no mundo. A única e grande alteração humana na sua macro paisagem, tornou-se o seu maior símbolo: o Cristo Redentor.

Já as vidraças são todas antrópicas e tem comprometidas a sua imagem. A violência urbana vem sendo combatida, mas não foi eliminada, com recrudescimento da resistência de focos, facilitadas pela corrupção e pelos excessos policiais.

Sem uma polícia civilizada, substituindo a truculenta, as ações antiviolência urbana não terão o apoio da sociedade, embora essa deseje a paz.

O alto custo da cidade, principalmente na hospitalidade também cria uma imagem negativa. As diárias dos hotéis estão entre as mais caras do mundo, no padrão médio, que reúne o maior volume de turistas. O mesmo não ocorreria no padrão top. 
Isso determina uma opção estratégica: o Rio de Janeiro quer ser um ponto de atração turística para o nível médio, ou ser um local apenas para os ricos?

Agora a imobilidade urbana emerge como um dos principais problema da cidade, principalmente quando chove, com os alagamentos e falta de opções de circulação. O impacto para os visitantes, ocorrida nestes últimos dias foi a falta de taxis, presos nos congestionamentos.

Esse problema levanta uma questão estratégica para a politica pública de mobilidade urbana: as obras devem priorizar o atendimento aos turistas, melhorando a sua mobilidade, ou deve atender, prioritariamente, a população local.

O trajeto do BRT é um caso típico: liga o aeroporto internacional à Barra da Tijuca, um dos principais destinos dos turistas. Mas faz um trajeto tortuoso para atender aos moradores dos bairros populosos do entorno. 

Como devem ser planejados os sistemas?

Um comentário:

  1. Gostei dessa questão: a qual clientela o Rio pretende atender? Pelo que vejo nas ruas, só vem pra cá durango Kid.
    Não vejo turismo de excelência, e nem imaginaria ver, numa cidade eminentemente aquática, mas que não tem saneamento básico em 66% dos domicílios! Abraços!

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