Os cariocas estão muito animados com as perspectivas de curto prazo, com a realização em 2014 da Copa do Mundo e em 2016 com os Jogos Olímpicos.
Há um grande volume de ações e investimentos para a cidade atender bem à realização desse dois dos maiores eventos de repercussão internacional, com um intervalo muito curto.
Há os que alertam que os planos de desenvolvimento da cidade não podem ter apenas a perspectiva de curto prazo, devendo o planejamento futuro da cidade ter visões mais amplas.
Cabe então perguntar: o que serão as perspectivas do Rio de Janeiro, a partir de 2017, quando esses dois eventos tiverem sido realizados, provavelmente com grande sucesso de organização?
Apesar desse sucesso, com um pequeno legado positivo e um grande legado de dívidas.
Uma das colocações recorrentes em evento sobre o futuro da cidade é que antes havia projetos e não havia recursos. Com os grandes eventos internacionais surgiram muitos recursos, sem a correspondência de bons projetos.
O que é falso. Antes também não tinha projetos, como agora não tem.
O problema é que a maioria dos recursos é de empréstimos, ainda que do Governo Federal, através da Caixa Econômica e do BNDES. Empréstimos que os Governos Estaduais e Municipais terão que pagar. Ademais comprometendo a sua capacidade de endividamento e os próprios orçamentos anuais.
O que dará suporte ao desenvolvimento da cidade e da sua região metropolitana a partir de 2017?
O Rio de Janeiro tem e terá dois grandes suportes econômicos primários que não dependem apenas do seu consumo interno: a cadeia produtiva do petróleo & gás e o turismo internacional.
O setor comercial, apesar da sua importante participação na formação do PIB, depende predominantemente do consumo da sua população moradora, complementada pelas compras do turismo internacional. Não é um setor "puxador" do crescimento da economia, mas derivado e multiplicador.
O mesmo ocorre com o setor de serviços, sendo que os de caráter primário, vendidos para economias além da fluminense estão inseridos naquelas duas cadeias principais: a do petróleo & gás e a do turismo.
O setor de petróleo & gás deverá ter um sustentado crescimento, nos próximos anos, podendo ter picos de crescimento em função do sucesso da produção dos poços do pré-sal. Apesar de confirmadas as grandes reservas da camada do pré-sal da Bacia de Santos, há ainda grandes dúvidas sobre a capacidade de alcançar tecnologias, a custos competitivos, para a retirada do óleo e do gás, agora sob concorrência do gás de xisto. As expectativas continuam muito grandes, apesar do baque de Eike Batista. As promessas dele foram muito grandes e o que o derrubou foi a baixa produção dos seus primeiros poços em operação comercial. Isso poderá ocorrer com outros.
O grau de sucesso deverá ser maior, mas remanesce o risco do custo, que determinará a maior ou menor velocidade da produção.
De toda forma essa produção ocorrerá, com impactos diferenciados. Se for modesta, com pequenos acréscimos em relação à produção global atual - que está em curva descendente nos campos da Bacia de Campos - a sede principal dos negócios continuará no Rio de Janeiro.
Se for elevada, grande parte da direção dos negócios migrará para São Paulo, particularmente para a Baixada Santista.
A Petrobrás mudou a sua estratégia, para recompor as suas contas e não pretende aumentar os seus custos administrativos antes de assegurado o sucesso comercial do pré-sal.
O turismo é uma grande geradora primária de renda do Rio de Janeiro, com grande expectativa de crescimento em função da sua visibilidade mundial com a realização da Copa 2014 e das Olimpíadas 2016. Teve uma excelente cobertura mundial com a Jornada da Juventude Católica, mas mostrou também ao mundo as suas vidraças, com o Papa preso num congestionamento.
Terá, sem dúvida, um crescimento, porém, as estimativas dependem do otimismo ou pessimismo de quem as faz.
As vitrines do Rio de Janeiro são naturais, com a sua grande beleza cênica, impar no mundo. A única e grande alteração humana na sua macro paisagem, tornou-se o seu maior símbolo: o Cristo Redentor.
Já as vidraças são todas antrópicas e tem comprometidas a sua imagem. A violência urbana vem sendo combatida, mas não foi eliminada, com recrudescimento da resistência de focos, facilitadas pela corrupção e pelos excessos policiais.
Sem uma polícia civilizada, substituindo a truculenta, as ações antiviolência urbana não terão o apoio da sociedade, embora essa deseje a paz.
O alto custo da cidade, principalmente na hospitalidade também cria uma imagem negativa. As diárias dos hotéis estão entre as mais caras do mundo, no padrão médio, que reúne o maior volume de turistas. O mesmo não ocorreria no padrão top.
Isso determina uma opção estratégica: o Rio de Janeiro quer ser um ponto de atração turística para o nível médio, ou ser um local apenas para os ricos?
Agora a imobilidade urbana emerge como um dos principais problema da cidade, principalmente quando chove, com os alagamentos e falta de opções de circulação. O impacto para os visitantes, ocorrida nestes últimos dias foi a falta de taxis, presos nos congestionamentos.
Esse problema levanta uma questão estratégica para a politica pública de mobilidade urbana: as obras devem priorizar o atendimento aos turistas, melhorando a sua mobilidade, ou deve atender, prioritariamente, a população local.
O trajeto do BRT é um caso típico: liga o aeroporto internacional à Barra da Tijuca, um dos principais destinos dos turistas. Mas faz um trajeto tortuoso para atender aos moradores dos bairros populosos do entorno.
Como devem ser planejados os sistemas?
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Gostei dessa questão: a qual clientela o Rio pretende atender? Pelo que vejo nas ruas, só vem pra cá durango Kid.
ResponderExcluirNão vejo turismo de excelência, e nem imaginaria ver, numa cidade eminentemente aquática, mas que não tem saneamento básico em 66% dos domicílios! Abraços!