domingo, 10 de novembro de 2013

Inclusão social em Florianópolis (complemento do artigo anterior)

Em Florianópolis, dadas as suas características topográficas, semelhantes a Vitória - também parte numa ilha - e ao Rio de Janeiro, a baixa renda foi ocupar os morros, próximo ao centro, criando favelas visíveis com parte da paisagem da cidade.
A desigualdade social é flagrante, diferentemente de outras cidades onde as favelas estão em áreas periféricas planas, decorrentes de loteamentos clandestinos, ou em invasões de várzeas dos córregos e rios. Heliópolis a maior favela paulistana só é conhecida pela "sociedade organizada" pelo noticiário na mídia e de poucos atuantes em ações sociais na área. O Jardim Pantanal é uma imagem de um local onde ocorrem enchentes. Só existe quando a mídia mostra. 
Em mais de setenta anos de vida paulistana nunca estive lá, mas nesta semana passei pelas comunidades do Morro da Cruz, em Florianópolis.

O crescimento demográfico da pobreza decorre dos nascimentos, compensada com os falecimentos, dentro das próprias comunidades e de eventuais mudanças para essas. Um crescimento mais elevado da população reflete a migração, cabendo entender melhor o porque dessa migração, antes de proposições precipitadas de políticas públicas. 

A migração da pobreza para uma determinada área decorre de dois motivos principais: a) é um local de valores imobiliários mais acessíveis do que onde moravam, dentro da mesma cidade (no caso considerada toda a conurbação), como resultado da valorização imobiliária ou b) a área tem novos investimentos ou obras geradoras de oportunidade de emprego o que atrai os migrantes, seja já moradores da cidade como de fora dela.

A região norte da Ilha é a preferida pelos investimentos turísticos e seria natural um crescimento demográfico das suas subregiões (Jurerê Tradicional, Canasvieiras e Ingleses). 
Além do crescimento orgânico, pode haver uma migração de pessoas para trabalharem nas residências, na hotelaria ou no comércio, seguindo a migração da população de maior renda, ou seja, da riqueza.
As projeções de crescimento demográfico tem fundamento, com base na imigração. Porém é preciso considerar um movimento de emigração, da população de menor renda, pressionada pela elevação dos valores imobiliários. 
Informações populares, sem confirmação por estudos, dizem que essa população estaria se mudando para a região sul e para o municipio vizinho de Palhoça, justificando o seu explosivo crescimento demográfico.

As áreas da região sul da Ilha de Florianópolis não estão recebendo significativos investimentos privados, de tal forma que o seu crescimento demográfico mais acelerado só seria explicável pela migração da pobreza em busca de moradia com valores mais acessíveis.

Em outros termos, o crescimento demográfico da região norte seria decorrência da dinâmica da riqueza, o da região sul a própria dinâmica da pobreza. 

Convém ao Poder Público ir atrás desse processo, considerando apenas o crescimento da demanda, consolidando as novas ocupações pela pobreza ou deveria buscar orientar a ocupação para outras áreas.

A opção estaria entre usar os recursos públicos em investimentos em infraestrutura para atender esse crescimento populacional de baixa renda, ou deveria subsidiar essa população para uma localização em áreas já servidas pela infraestrutura pública?

A pergunta é simples: a resposta não.
  



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