O setor imobiliário fez as suas escolhas pelas novas centralidades, dentro que permite o plano
diretor e respectiva lei de zoneamento.
Essa escolha recaiu sobre o Jardim Goiás, ná área caracterizada pelo mercado
imobiliário como Alto da Glória, tendo
como âncora o Shopping-Center Flamboyant,
com bastante movimento numa quinta-feira
véspera de feriado, quando o visitei.
Em torno do shoppig foram incorporados diversos edificios
residenciais, sendo que os voltados para as vias pricipais tem lojas no seu
térreo.
Estão também construidos e em construção edifícios para
escritórios e já começam a surgir empreendimentos voltados para a hotelaria.
O Parque Flamboyant
No Parque Flamboyant,
o empreendedor implantou um parque com um lago e no seu entorno seu entorno incorporou elevados edifícios, com
quase 40 andares, para apartamentos de alto padrão provavelmente transferindo
para esses o potencial construtivo da área do parque. Posteriormente teria
transferido o parque e sua manutenção à Prefeitura Municipal.
A ocupação por edifícios corporativos
Embora predominantemente residencial, já começaram a ser entregues prédios com escritórios e espaços corporativos, todos prontamente ocupados, A instalação de escritórios cria demanda do turismo de negócios dando margem à construção de hotéis, o que também está ocorrendo. Uma perspectiva é que ocorra com a área uma evolução similar ao da Av Luis Carlos Berrini, em São Paulo. Sobre uma ocupação verticalizada de residências, as áreas forma sendo ocupadas por escritóricos, torando-se um dos principais corredores corporativos da cidade de São Paulo, posição hoje perdida para a nova Av. Faria Lima.
As grandes cadeias hoteleiras ainda não foram para lá, mas
devem ir.
Outro elementos favorável ao desenvolvimento dessa nova
centralidade é o deslocamento da dinâmica da riqueza, em residências de alto
padrão, em condominíos hrisontais no entorno da GO , na direção de Senador
Canedo. Há também a instalação de conominios horizontais de média renda, com
habitações muito próximas uma da outra.
Essa população irá gradativamente preferir trabalhar nessa
nova centralidade do que se deslocar para o centro.
O desenvolvimento e consolidação dessa nova centralidade
seria um fato inexorável nos próximos 25 anos de Goiânia. O risco de uma
interrupção do processo só poderia ocorrer com a emergência de outra
centralidade, com maior força, promovida pela riqueza, o que é pouco provável.
Diante dessa evolução, algumas questões precisam ser
colocadas para o planejamento urbano:
O quanto da
demanda adicional de escritórios e de residências de alto padrão serão
absorvidas pela área, cabendo a pergunta complementares:
O quanto
sobrará para as demais áreas, considerando que sempre sobrará por razões de
elevação excessiva dos valores imobiliários, assim como por razões pessoais?
A atração de escritórios para essa
nova área provocará o esvaziamento de outras, principalmente o centro original?
Diante do processo de ocupação residencial de médio e alto
padrão deve ser promovido algum incentivo à instalação de escritórios, de forma a gerar empregos para parte dessa
população e reduzir os deslocamentos?
Que investimentos o Poder Público terá que fazer para atender
as condições de infraestrutura, principalmente de mobilidade urbana para suprir
as necessidades da população que se deslocar para essa nova centralidade?
As diretrizes públicas
No planejamento de Goiânia estão previstos diversos corredores de transportes, incluindo até mesmo uma linha metroviária. Serão
esses capazes de reverter a tendência do setor imobiliário privado na formação
de um novo centro principal no vetor sudeste do Município?
Há duas opções de política pública em relação a esse
processo: a inaceitação ou aceitação.
Uma é inaceitar essa tendência e desenvolver ações no sentido
de preservar a principal centralidade da cidade, na área central histórica,
evitando a sua degradação e ociosidade da infraestrutura instalada, além dos fatores histórico-culturais.
Adicionalmente a política pública deveria reforçar o
desenvolvimento de outras centralidades tradicionais, como as do vetor sudoeste
(setor Bueno e outros)
A outra diretriz parte da aceitação da tendência, assumindo-a
como irreversível e adequada, devendo a política pública contribuir para o seu
desenvolvimento e consolidação.
Dentro dessa perspectiva o investimento mais importante seria um arco metropolitano leste, seccionando a BR 153 ao sul , ainda no município de
Aparecida de Goiás e retomando ainda dentro do Município de Goiânia.
Do ponto de vista logístico, o secionamento da BR 153 no
sentido sul-norte, promovendo a ligação do sudeste com Anápolis e Brasília é
fundamental e prioritária. Já o outro lado do anel rodoviário seria menos prioritário, não
sendo obrigatório completar um anel, a
médio prazo.
A partir da liberação da BR 153 inteiramente para o tráfego
urbano a via deveria contemplar um
corredor de transporte coletivo, com o BRT ou o VLT, integrado ao
terminal de BRT do eixo Anhanguera BR 060.
Nesse novo eixo deverá ser desenvolvida uma ocupação segundo
os conceitos da cidade compacta, orientada pelo transporte coletivo, o que
significa a criação ou desenvolvimento de polos de uso múltiplo junto às
estações, com uma oferta residencial para a classe média.
O objetivo do uso misto é aproximar a residência dos
trabalhadores de classe média, com os locais de emprego ou trabalho, de tal
forma que possam fazer os seus deslocamentos, na sua maioria, a pé ou por
bicicleta. O uso múltiplo deverá considerar ainda os centros de compras, os
serviços educacionais, de saúde e as unidades de lazer. A movimentação entre os
centros deverá ser feita, fora dos horários de pico, pelo corredor de
transporte coletivo.
As duas outras pontas do espectro social deverão ter opções
distintas.
De um lado os de maior renda não deixarão o carro e, grande
parte estará morando nos condomínios fechados próximos. Será preciso prever as
vias – que já existem, mas poderão ser ampliadas ou melhoradas e as áreas de
estacionamento.
Uma parte menor poderá morar mais próximo do local de
trabalho, dependendo da oferta pelo mercado imobiliário de apartamentos amplos
e de alto padrão. Há lançamentos nesse padrão, no Parque Municipal Flamboyant e
poderá ocorrer em outros locais aprazíveis, mas continuarão requerendo o uso do
carro para alcançar o local de trabalho.
É mínima a possibilidade dessas pessoas se transferirem do
carro para o transporte coletivo. Quando muito poderão se transferir para a
moto ou bicicleta, porém não para o coletivo.
Na outra ponta estão os trabalhadores de menor renda, como
vendedores, recepcionistas, telefonistas, faxineiros, seguranças e outros, que
são usuários cativos do transporte coletivo, por questões econômicas.
Mesmo quando conseguem adquirir o carro não o usam
diariamente, dado o custo de movimentação.
Por outro lado, pelas mesmas restrições econômicas moram em
áreas periféricas e distantes, o que dificulta ou inviabiliza alternativa da
bicicleta.
Em Goiânia, muitos tem apelado para a alternativa motocicleta.
O corredor de transporte coletivo em torno do leito da BR
135, transformada em avenida seria a principal opção, promovendo a integração
com o terminal do BRT Anhanguera/BR 060.
Eventualmente, outras ligações entre as áreas de moradia
popular com o novo centro poderiam ser consideradas, dentro das três lógicas
fundamentais:
·
Os de maior renda não se transferirão do modo
individual para o coletivo (não no Brasil, não adiantando trazer experiências
internacionais: o rico brasileiro é um “jabuticaba”);
·
Os de média renda poderão transferir de modo, mas a
principal opção para eles deve ser aproximar a moradia do trabalho;
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