sexta-feira, 29 de novembro de 2013

O futuro visível do Rio de Janeiro

Nos próximos anos o desenvolvimento maior do Rio de Janeiro continuará ocorrendo no vetor sudoeste, ou mais especificamente na Barra da Tijuca, em função das escolhas do mercado imobiliário, com o Poder Público "correndo atrás".
Mas a parte mais visível será a área central, focado sobre o Porto Maravilha.
A dinâmica do processo envolve diversas etapas e diversos agentes. Até agora o processo tem ido bem, com a concessão urbanística atribuida a um grupo que tem a Odebrecht, como líder.  A par da parte privada o Governo tem um amplo programa de obras que vem executado, com a substituição do viaduto da perimetral, como a mais visível. Nas maquetes é ressaltado o Museu do Futuro.
A concessionária tem que buscar grandes empreendedores para investir na área, sejam empresas para instalar seus escritórios, imobiliárias para construir edifícios comerciais para posterior locação e ainda as imobiliárias para a construção de edifícios residenciais. Já conseguiu atrair algumas empresas e empreendedores imobiliários, mas ainda sem a certeza de que estarão ocupados. Os principais compradores das salas ou espaços corporativos (áreas mais amplas, eventualmente andares inteiros) não são os usuários finais, mas investidores que, posteriormente, alugam os espaços. Em alguns casos os investidores compram com a locação contratada.
O projeto estará efetivamente concretizado com a ocupação dos novos edifícios, seja pela locação das áreas comerciais, como ocupação residencial, essa sob forma de aquisição financiada.
A ocupação comercial dependerá da atratividade e competitividade da área. Será, sem dúvida, uma área com edifícios modernos, com amplos espaços internos e externos o que melhora a sua competitividade em relação ao polo da Av. Rio Branco e adjacências, mas não em relação à Barra da Tijuca, que ainda tem grandes áreas para ocupação, na direção do Recreio dos Bandeirantes.
A competitividade estará nos preços, mas a localização do Porto Maravilha tem um ponto fraco que é a distância da residência dos decisores. Decisores são os empresários ou dirigentes que escolhem o local para o seu escritório e esses estarão morando, na sua maioria, na Zona Sul ou na Barra da Tijuca e só se deslocam de carro. É uma grande ilusão achar que eles poderão se locomover pelo BRT ou mesmo de metrô, com sucessivas transferências.
Dadas as dificuldades de movimentação, acabarão preferindo ficar na Barra, mesmo pagando mais do que ter de enfrentar todos os dias os congestionamentos nas vias.
A cidade não é apenas um ente físico, mas - sobretudo - um ente humano, social, com grandes diferenças entre as pessoas, cujos comportamentos comuns podem ser reunidas em grupos ou classes sociais. 
Os locais de emprego não surgem por geração espontânea, tampouco por manipulações estatísticas, como gostariam alguns planejadores e autoridades, para equilibrar a relação moradia-trabalho.
Os locais de emprego decorrem das decisões dos empregadores, que são - em geral - das classes de maior renda, que levam em conta, prioritariamente, os seus interesses e costumes pessoais. Não abandonam o carro. O surgimento de jovens empreendedores rebeldes que agora escolheram a bicicleta como moda, representa muito pouco no universo dos empregadores. No Rio de Janeiro, o alto burocrata público é ainda um dos grandes decisores dos locais de emprego.
Dentro dessa perspectiva uma condição fundamental de atratividade para o Porto Maravilha é a disponibilidade de vagas para o estacionamento dos carros dos decisores e de seus assessores e gerentes principais. 
A visão equivocada de que os estacionamentos atraem o tráfego e devem ser restringidas poderá tirar a atratividade do Porto Maravilha, atrasando a sua ocupação, ou promovendo a sua ocupação com atividades de menor movimentação econômica. 

Os decisores da localização dos escritórios devem levar em conta, ademais, a logística em relação aos aeroportos.





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