Existe uma terceira Brasília, diferente do que foi planejado e que é pouco focado pelos planejadores, porém é obvia, depois de entendido.
Era o mistério que me impedia de entender o que estava ocorrendo, mas que muitos moradores já estavam vivendo.
O mistério é o extravasamento do plano piloto para abrigar a residência dos servidores público de média e alta remuneração.
Brasilia foi planejada como sede da Administração Federal, com uma Esplanada dos Ministérios onde os "barnabés" trabalhariam, tendo na ponta o Congresso, a sede do Executivo e do Judiciário. Os servidores morariam nas asas, primeiramente ocupando a sul e com o crescimento a norte.
Ocorre que não só a máquina federal cresceu muito mais do que o previsto, com o desenvolvimento do comércio e dos serviços para atender à própria população de servidores públicos, as áreas previstas ficaram insuficientes.
Dada uma demanda maior, os valores imobiliários subiram muito e o mercado, com a conivência pública criou um polo intermediário entre o plano piloto e as cidades satélites que deveriam abrigar a população de menor renda, de apoio às atividades públicas.
Criou-se uma nova cidade para a residência dos novos servidores, que atendem também a uma população que trabalha no comércio e nos serviços privados.
É uma nova cidade paralela ao plano piloto, que não é uma cidade satélite, execrada pelos moradores mais tradicionais do plano piloto, pois tem a configuração usual das cidades, com um grande adensamento e verticalização que nada tem a ver com a identidade de Brasília. Mas, por questões institucionais, faz parte do Distrito Federal.
Brasília não tem mais o paradigma de uma "ilha" central, com cidades satélites e com uma ocupação no entorno do DF, como eu mesmo, até anteontem tinha na cabeça.
Existe uma terceira ou quarta Brasília que não estava na concepção de Lúcio Costa, nem na percepção de quem só conhece a Brasília do plano piloto: a cidade de Águas Claras.
Ainda é uma "cidade clandestina" porque os brasilienses do plano piloto não reconhecem como Brasília, e os que conhecem procuram esconder.
Águas Claras é um "filho aleijão".
Mas não adianta, nem vai adiantar. Vai se tornar uma realidade visível, porque é por onde que Brasília vai crescer.
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