Com a aproximação da realização da Copa Mundial de 2014, tem sido recorrentes, na midia, matérias sobre a preparação (ou a falta) do país para a Copa. Repetem-se as mesmas coisas: atrasos na conclusão de alguns estádios, com a perspectiva de ficarem prontos em cima da hora, atrasos e inconclusão de obras de infraestrutura urbana, atrasos nas obras dos aeroportos e manifestações populares contestando a Copa.
Os problemas mais evidentes encobrem os demais problemas que irão emergir na sequência.
Os estádios vão ficar prontos, mas nem todos vão estar preparados para as festas.
A FIFA faz da Copa do Mundo um excepcional evento de mídia e faz a sua abertura geral como as aberturas regionais com grandes festas. Ela até cuida da organização e do custeio das festas, contratando empresas especializadas, mas quer que os Governos locais propiciem a infraestrutura para recebe-las. Os Governos Estaduais e Municipais tem se recusado a colocar recursos públicos nessa infraestrutura temporária. A FIFA terá que cancelar as festas, limitando-se apenas aos jogos ou colocar recursos seus também para a infraestrutura. A alternativa será realizar as festas dentro dos estádios, sem a montagem de estruturas temporárias.
As "fan-fest" estão em risco e não irão ocorrer em alguma cidades, como desejadas pela FIFA e seus patrocinadores. Os Governos não irão assegurar a infraestrutura, tampouco a segurança. Há uma inversão no financiamento dessas festas. As Prefeituras buscam a sua organização, contando com patrocinadores empresariais. No caso das fan-fests a FIFA tem os patrocinadores e quer que os Poderes Públicos coloquem o dinheiro para o suporte: "não vai ter fan-fest". O povo vai se reunir espontaneamente em torno de alguém que coloque uma televisão.
Os esquemas de segurança "indoor" já começaram a ser mostrados, mas os "outdoors" ainda não estão prontos. As autoridades não estão preparadas para enfrentar as táticas de guerrilha dos manifestantes
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Realizada a Copa, emergirão as questões dos legados.
Esses seriam os principais benefícios da realização da Copa no Brasil. Porém muitos desses legados serão grandes encargos, dívidas a pagar. Os empreendedores, tanto os públicos como os privados, tomaram financiamento com o BNDES e terão que pagar, ainda que a longo prazo. A perspectiva de que poderiam pagá-los com a renda da utilização dos estádios se esvaneceu com a utilização efetiva dos estádios prontos. Alguns dos clubes regionais ganharam com a disponibilidade de um estádio moderno, com aumento da sua renda, ainda que nem sempre. Em alguns jogos tem amargado prejuízos. Os empreendedores privados, nas parcerias público-privadas tem um retorno garantido, independente do seu nível de utilização e da renda dos jogos. E os Governos Estaduais ficaram com encargos fixos, a longo prazo, comprometendo os seus orçamentos anuais.
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