quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Um jogo de cartas marcadas

A mídia mais uma vez foi manobrada pelos "espertalhões da FIFA" para não ter que colocar o seu rico dinheirinho para realizar a Copa no Brasil, transferindo para os Governos todos os encargos com a infraestrutura.
Velcke e sua troupe se aproveita da ignorância  e até ingenuidade dos jornalistas para dar suporte às suas jogadas, com os seus blefes.
Os jornalistas se fiam demais nas declarações das autoridades e se interessam mais com as fofocas do que em informar adequadamente os seus leitores, pesquisando mais a fundo as informações e as situações.
Um mínimo de conhecimento de engenharia, ou a entrevista com competentes engenheiros mostraria que não havia qualquer problema técnico para concluir a arena da baixada a tempo. Nem se culpem os engenheiros pelos supostos atrasos numa construção aparentemente simples. 

O problema sempre foi de natureza financeira, com o Atlético Paranaense, da mesma forma que o Internacional e o Corinthians se recusando a assumir compromissos com a construção do que não vão usufruir depois da Copa. Sempre entenderam que as tais estruturas transitórias ou complementares deveriam ser financiadas pelos Governos ou pela FIFA.

Os Governos Estaduais e Municipais, em princípio, assumiram o compromisso de realizá-las, mas recuaram depois das manifestações populares de junho de 2013. Eles como o Governo Federal e a FIFA acreditavam no pleno apoio popular e que não haveria contestações com os gastos, aplaudindo o esforço para sediar os jogos e festividades complementares.

Um dos elementos dessas estruturas adicionais são arquibancadas transitórias para aumentar a capacidade dos estádios para os jogos da Copa e que depois serão retiradas. Poderiam até serem mantidas se houvesse previsão de público para utilizá-las. O Corinthians, por exemplo, deveria mantê-las, pois seria similar ao "tobogã".

O dono do estádio deve colocar essas arquibancadas, contratando um fornecedor tradicional da FIFA, essa vende os ingressos para sua ocupação, nada pagando ao dono do estádio, depois aquelas são desmontadas. Ou seja, toda receita fica com a FIFA e toda despesa com o proprietário do estádio, chamado de arena multiuso para "dourar a pílula".

Mas o problema maior não são essas arquibancadas, mas as tendas temporárias levantadas com três finalidades: abrigar os centros de mídia, as exposições dos produtos dos patrocinadores e receber os convidados VIPs e VVIPs. Custarão de 30 a 70 milhões de reais a mais.

Essas atividades poderiam ser realizadas em equipamentos permanentes no entorno dos estádios, mas a FIFA havia recusado essa alternativa porque a ela interessava atender aos seus tradicionais fornecedores das tendas e demais instalações. Obrigou o Governo Distrital de Brasília a montar as tendas para abrigar o Centro de Mídia para a abertura da Copa das Confederações. Para a Copa do Mundo está aceitando utilizar o Centro de Convenções.

Diante da resistência dos empreendedores brasileiros em assumir aquela despesa adicional, montou uma jogada de risco, aproveitando a condição de efetivo atraso técnico das obras da Arena da Baixada. Ameaçou cancelar os jogos em Curitiba. 

As obras foram aceleradas, colocaram os assentos e o gramado para a FIFA e a mídia verem, mas os impasses financeiros continuaram, sem solução até o final da semana, 4 dias antes da data dada como final. 

Ai ela fez ou passou a divulgar o valor das multas que os Governos teriam que pagar com o eventual cancelamento dos jogos em Curitiba. Fez com que emergissem as contas de perdas da hotelaria e de outros agentes que contavam com as seleções e os turistas em Curitiba.

Politicamente, ameçaram com a entrada, já na prorrogação, de Gleise Hofmann para marcar o "gol de ouro" e evitar a decisão por penalties. Para o Governador, candidato à reeleição, seria um risco muito alto.

Com a perspectiva de perder os jogos e ainda ter que pagar uma pesada multa ele, provavelmente, achou mais prudente se comprometer a garantir os recursos do que "jogar na sorte". Mas quem tomou a dianteira foi o Prefeito.

O herói ou heroina real da permanência de Curitiba na Copa ainda não apareceu, mas aparecerá.

O objetivo da FIFA não foi apenas passar um susto no Paraná, mas em todos os Governos das cidades-sede para que não deixem de investir nas tendas, assim como na realização das fanfests. 

Os "camelôdromos" da FIFA estão assegurados. Já as fanfest envolvem questões mais complexas, como a da segurança. 
E o novo "pepino" que a FIFA vai ter que enfrentar, agora que vai ter Copa em Curitiba.

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