Barcelona de uma esquecida cidade ao sul da Espanha emergiu em 1992 como uma cidade mundial, ao sediar os Jogos Olímpicos de Verão, consolidando-se ao longo dos anos seguintes como um dos mais importantes polos de atração turística internacional.
Foi uma monumental transformação urbana, que todas as cidades invejam e gostariam de repetir ao sediar um grande evento internacional.
A realização da Copa do Mundo da FIFA em doze cidades brasileiras, em 2014 seria a grande oportunidade para repetir o processo promovendo uma enorme graduação delas, proporcionando uma substancial melhoria da condição de vida dos seus cidadãos.
A construção ou reforma do seu estádio para atender às exigências da FIFA seria um investimento que retornaria com o maior afluxo de turistas e de investimentos na cidade.
A modernização de Barcelona, mediante um devido planejamento prévio e uma execução continuada de melhorias, tornou-se um ícone mundial, almejada por todas as cidades, com a realização de um grande evento internacional.
Com base no exemplo de Barcelona, a visão do SINAENCO, depois consolidada no Portal 2014, e da qual participei, era mostrar que a Copa é, acima de tudo, um dos maiores eventos midiáticos mundiais, acompanhadas por bilhões de pessoas e, como tal, uma excepcional oportunidade para o país e as cidades se mostrarem ao mundo.
Tornando-se conhecidas poderia atrair pós Copa um volume crescente de turistas internacionais. Mas como a cobertura do evento será feita pela mídia independente, essa irá mostrar tanto as vitrines como as vidraças do país e das cidades.
Nesse sentido não bastaria ao país e às cidades enfeitar as suas vitrines, mas precisaria cuidar de eliminar ou mitigar as suas vidraças. E, principalmente, evitar a tentação de apenas escondê-las durante a Copa.
Ao longo desses seis anos, participei, como consultor do SINAENCO, dessa perspectiva "vitrine ou vidraça", tendo sempre contribuir para a pretensão de "barcelonalização" das cidades, com a Copa.
Há uma pergunta que não quer se calar e que recebo constantemente, ao tratar das questões da Copa: "por que não conseguimos (agora não vamos conseguir) fazer nas cidades-sede da Copa as transformações feitas por Barcelona com as Olimpiadas de 92?".
Não é uma pergunta de quem acompanha o futebol e está entusiasmado com a realização da Copa do Mundo no Brasil, por causa do futebol.
Mas faz parte do imaginário popular (ou melhor do imaginário publicado) a idéia de que as cidades poderiam se transformar, como Barcelona fez.
Qual foi a lição de casa que não fizemos? Ou qual foi a lição que fizemos errada?
Talvez seja uma das grandes frustrações latentes que leva a população a se manifestar contra a Copa.
A idéia das grandes transformações das cidades esteve sempre presente com a realização da Copa, na forma de legados, mas avizinhando-se a sua realização, sem a perspectiva dessas transformações, o Governo já mudou o lema da sua propaganda em relação à Copa.
Abandonou a perspectiva do legado para focar na realização do evento, caracterizando-o como a "Copa das Copas".
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