sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Barcelonização das cidades da Copa

Barcelona de uma esquecida cidade ao sul da Espanha emergiu em 1992 como uma cidade mundial, ao sediar os Jogos Olímpicos de Verão, consolidando-se ao longo dos anos seguintes como um dos mais importantes polos de atração turística internacional.

Foi uma monumental transformação urbana, que todas as cidades invejam e gostariam de repetir ao sediar um grande evento internacional.


A realização da Copa do Mundo da FIFA em doze cidades brasileiras, em 2014 seria a grande oportunidade para repetir o processo promovendo uma enorme graduação delas, proporcionando uma substancial melhoria da condição de vida dos seus cidadãos. 


A construção ou reforma do seu estádio para atender às exigências da FIFA seria um investimento que retornaria com o maior afluxo de turistas e de investimentos na cidade. 



A modernização de Barcelona, mediante um devido planejamento prévio e uma execução continuada de melhorias, tornou-se um ícone mundial, almejada por todas as cidades, com a realização de um grande evento internacional.

Com base no exemplo de Barcelona, a visão do SINAENCO, depois consolidada no Portal 2014, e da qual participei, era mostrar que a Copa é, acima de tudo, um dos maiores eventos midiáticos mundiais, acompanhadas por bilhões de pessoas e, como tal, uma excepcional oportunidade para o país e as cidades se mostrarem ao mundo. 


Tornando-se conhecidas poderia atrair pós Copa um volume crescente de turistas internacionais. Mas como a cobertura do evento será feita pela mídia independente, essa irá mostrar tanto as vitrines como as vidraças do país e das cidades.

Nesse sentido não bastaria ao país e às cidades enfeitar as suas vitrines, mas precisaria cuidar de eliminar ou mitigar as suas vidraças. E, principalmente, evitar a tentação de apenas escondê-las durante a Copa.

Ao longo desses seis anos, participei, como consultor do SINAENCO, dessa perspectiva "vitrine ou vidraça", tendo sempre contribuir para a pretensão de "barcelonalização" das cidades, com a Copa.

Há uma pergunta que não quer se calar e que recebo constantemente, ao tratar das questões da Copa: "por que não conseguimos (agora não vamos conseguir) fazer nas cidades-sede da Copa as transformações feitas por Barcelona com as Olimpiadas de 92?".

Não é uma pergunta de quem acompanha o futebol e está entusiasmado com a realização da Copa do Mundo no Brasil, por causa do futebol.

Mas faz parte do imaginário popular (ou melhor do imaginário publicado) a idéia de que as cidades poderiam se transformar, como Barcelona fez. 

Qual foi a lição de casa que não fizemos? Ou qual foi a lição que fizemos errada? 

Talvez seja uma das grandes frustrações latentes que leva a população a se manifestar contra a Copa. 

A idéia das grandes transformações das cidades esteve sempre presente com a realização da Copa, na forma de legados, mas avizinhando-se a sua realização, sem a perspectiva dessas transformações, o Governo já mudou o lema da sua propaganda em relação à Copa.

Abandonou a perspectiva do legado para focar na realização do evento, caracterizando-o como a "Copa das Copas".



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