quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Reações à imobilidade urbana

Diante dos crescentes congestionamentos, nas grandes cidades, as pessoas tem uma reação diferente em função da sua capacidade econômica.

Os mais ricos tem alternativas: a desejável que é a aproximação entre residência e trabalho, buscando morar mais próximo do seu local de trabalho, ou deslocar o local de trabalho para mais acessível - de carro - da sua residência. A indesejável é optar pelo helicóptero.
Ao resolver o seu problema de melhorar a sua mobilidade, pode gerar problema para os outros, os seus empregados e clientes. 
Ao escolher os locais dos seus escritórios, lojas, consultórios e outros, distantes de estações de metrô, não deixa essa opção aos seus empregados de média remuneração. Nem sempre esses tem a opção de morar próximo ao trabalho, dado os altos custos imobiliários e das outras interconexões familiares (educação, saúde, compras, trabalho dos demais membros, etc).

Os de menor remuneração, como o pessoal de limpeza, recepcionistas, pessoal administrativo e outros não tem opção: tem que usar o transporte coletivo para chegar ao trabalho. Caso não disponham de estação de meio coletivo de alta capacidade, como o metrô ou o trem metropolitano lhes sobra os ônibus lotados, com baixa frequência, por falta de outras opções. Eles não dispõe de renda para custear o combustível e o estacionamento, mesmo quando dispõe de um carro. Uma das suas poucas opções é madrugar para tentar achar uma vaga gratuita em via pública, próxima ao trabalho.

Já os  empregados de média renda, ficam no dilema entre várias opções: uma é trocar de emprego para trabalhar mais próximo da sua residência, o que depende da decisão dos empregadores em oferecer oportunidades nesses locais. Tem a alternativa de se tornarem autônomos ou empresários, trabalhando por conta própria.
A segunda opção é mudar-se para próximo do seu emprego. Além das questões de custo dos imóveis, ele tem outra dúvida: permanecerá por muito tempo no emprego atual, ou poderá trocar de emprego e voltar a ficar longe da sua residência?
A terceira opção é deixar o carro em casa e valer-se do transporte coletivo. Pode aceitar a alternativa do metrô e até do trem metropolitano. Porém resiste ao ônibus, dada a precariedade dos serviços.
Algumas ou muitas vezes acaba indo de carro, pagando uma diária de estacionamento.

Para a melhoria da mobilidade urbana não basta defender tese de aproximação da moradia e do trabalho. É preciso de estratégias eficazes, com objetivos específicos.

O primeiro e mais importante é convencer, induzir, estimular ou qualquer outra coisa que seja, o empresário, os dirigentes, enfim os decisores dos locais de trabalho, próximos a uma estação de transporte coletivo de alta capacidade e qualidade. Em São Paulo só existe um: o metrô, e mesmo assim, ora com problemas. Mas de natureza conjuntural. O trem metropolitano é uma opção, fora do horário de pico. O ônibus não é opção. 

Há uma interação, nesse caso entre a oferta de imóveis de alto padrão, para atrair o empresário e este que se constitui na demanda. É o ovo ou a galinha? Por onde começa o processo? Com se desenvolve na sequência? Quais são as lógicas das partes?

As apostas do mercado imobiliário sempre deram certo? Há duas situações a considerar: uma é de locais de concentração de escritórios que não vingaram de vez. Outra de locais que tiveram um longo período de maturação, mas depois "pegaram no arranque"

(continua)

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