Um grupo de moradores sem teto, invadiu - de forma organizada - com apoio de ônibus, vans e caminhões, uma área próxima ao Itaquerão. Seria mera coincidência não fosse a denominação dada à nova favela: Copa do Povo. E a manifestação pública de um movimento que afirma ser uma ação contra os gastos com os estádios e não aos direitos sociais.
Está ocorrendo um processo de migração inter-favelas, que decorre, de um lado, de desocupações forçadas e, de outro, da valorização imobiliária.
Essa decorre de uma especulação imobiliária não profissional, não empresarial, mas de bases predominantemente pessoais ou individuais e motivada pela desinformação.
A realização da Copa no Brasil provocou expectativas excessivas, tomadas pela euforia coletiva.
Com a construção do Itaquerão, uma edificação que destoa do padrão modesto das casas do entorno, imaginou-se que haveria uma intensa e imediata reocupação imobiliária nesse entorno, gerando uma valorização imobiliária precoce. Os terrenos proximos tiveram enormes altas, esperando pelo lançamento de novos empreendimentos verticalizados, que não ocorreram.
Dentro da dinâmica urbana da cidade de São Paulo poderão ser lançados nos próximos 20 ou 30 anos, mas só começando daqui a 5 ou mais anos.
A outra expectativa, alimentada "boca a boca", foi de uma invasão de turistas estrangeiros em Itaquera, próxima ao estádio. Aliada a uma suposta insuficiência de quartos ou leitos na rede hoteleira, moradores promoveram a oferta de alugueis, a preços astronômicos. E não faltaram alguns estrangeiros incautos que acreditaram nessa falácia e reservaram casas "com vistas para o estádio", dispondo-se a pagar os preços absurdos.
A especulação de baseia sempre em expectativas que podem ter fundamento ou não, que podem vir a ocorrer ou não, mas sempre tem fundamento em crenças coletivas.
E não alcança apenas os ricos. Um dos efeitos mais perversos dela é o impacto sobre as locações populares, incluindo os alugueis em favelas.
Nesse segmento as crenças não se baseiam em informações racionais, porém em boatos que são aceitas como verdadeiros. Muitas vezes difundidas com objetivos especulativos.
A consequência é que moradores de favelas atingidas por essa valorização real, ainda que baseada em expectativas equivocadas, são obrigadas a sair de onde estão, por não terem condições de arcar com os novos alugueis, que passam de R$ 100,00 para R$ 300,00 ou até R$ 500,00 por um "barraco" e precisam buscar outra localidade. Não são "sem teto", mas "sem condições" e aceitam integrar grupos organizados para invadir novas áreas. Através dessas esperam receber auxílios ou indenizações. Ou ainda receber novos imóveis, "furando as filas".
Estão aproveitando a oportunidade para a conquista de uma moradia melhor. Acompanhando os invasores profissionais.
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terça-feira, 6 de maio de 2014
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