Há um novo processo de confronto social que a sociedade vê, é prejudicada, mas não consegue entender. A dificuldade é ampliada pelas autoridades que se recusam a mostrar para a população o que realmente está por trás de todo esse processo.
O novo processo sindical emergiu na greve dos garis, no Rio de Janeiro, quando o sindicato dos trabalhadores da categoria fez um acordo, mas os dissidentes promoveram uma greve que causou grandes transtornos. É um processo que afeta os serviços públicos.
A greve dos dissidentes tem um fundamento que é a conquista ou reconquista do poder no sindicato, por meio da próxima eleição, ou mesmo de "golpe" para destituir a direção atual.
Estrategicamente o objetivo é mostrar para a base que a direção atual é "pelega" se "acerta" com os patrões em vez de defender os legítimos interesses da classe. Fazem uma greve, não reconhecida oficialmente, e acabam conseguindo resultados melhores para os trabalhadores do que os obtidos pelo sindicato.
Ao fazerem a greve não comandada pelo sindicato fogem de eventuais determinações judiciais para manter um mínimo de serviços, sob pena de pesadas multas. Como essas multas são aplicadas ao sindicato, a dissidência busca provocar o enfraquecimento financeiro da gestão atual.
A direção sindical logo anuncia que a greve não é promovida pelo sindicato para fugir das multas.
O direito de greve é reconhecido, porém com algumas regras. As greves dos dissidentes não segue essas regras, sendo pois atos ilegais e em alguns casos criminosos.
Porém as autoridades tem evitado interferir nesses atos ilegais tratando-os como manifestações legítimas e legais.
Acresce o fato de que as dissidências são, em geral, ligadas à CUT em oposição à direção eleita, que busca a desfiliação da CUT, como no caso atual dos motoristas e cobradores.
Cabe ao Governo Estadual, que controla as polícias civil e militar, reprimir os atos ilegais, mas este procura se livrar da responsabilidade jogando-a à Prefeitura Municipal. Espera quer ela peça e nesse jogo de empurra, por divergências políticas, os manifestantes "fazem a festa".
Este é apenas o primeiro dos impasses que permite que um grupo, ainda que minoritário consiga "parar a cidade".
Por trás dos dissidentes está o apoio do PCC que usa o terror para forçar a adesão dos demais motoristas e cobradores. Os piquetes foram substituidos por bandos de motoqueiros ameaçadores, seja de incendiar os ônibus ou de violência física contra os motoristas e seu familiares.
Ademais alguns motoristas e cobradores tem a esperança de conseguir uma van para trabalhar supostamente com mais independência e ganhos.E o mercado das vans é dominada pelo PCC.
A Polícia Militar paulista desenvolveu estratégias a ações para enfrentar os blackblocs mas ainda não aprendeu a enfrentar as facções criminosas que atuam nas manifestações populares e aos movimentos paredistas as dissidências sindicais.
A sua principal tática é fachar o trânsito das vias arteriais, com a colocação de ônibus em posição transversal, para bloquear a via e "sumir com a chave".
A retirada requer o uso de guinchos, chaveiros e soldados ou mesmo oficiais aptos a manobrar os ônibus, retirando-os do local colocado como obstáculo.
Essa deveria ser a ação emergencial.
Com relação aos trabalhadores cabe uma distinção entre os que estão exercendo o legítimo direito de greve e os que estão agindo ilegalmente com perturbação da ordem. Esses podem ser detidos e caso flagrados em atos de destruição do patrimônio, presos.
A leniência das autoridades pelo despreparo em separar atos legais dos ilegais permite que pequenos grupos "parem a cidade".
Essas são as situações conhecidas e até agora identificadas. Já o papel das empresas ainda está no campo das suposições.
O que querem e qual a estratégia das empresas?
Presumivelmente querem o aumento das tarifas. O congelamento tem imposto uma perda de receitas, não suficientemente coberta pelos subsídios. Ademais os valores dos subsídios são inteiramente contabilizados, ou da receita direta cobrada dos passageiros, nem tanto.
Como a população tem ido às ruas contra o aumento das passagens o setor coloca-a diante de um dilema não explícito, porém concreto: ter o serviço ainda que com uma tarifa mais elevada ou ficar com uma tarifa baixa ou até gratuita (como querem os defensores do passe livre) mas sem os serviços?
A paralização dos motoristas é uma pressão para demonstrar a necessidade de ter uma tarifa adequada para manter os serviços.
E usa-se o medo para disfarçar um "lock-out" que é proibido legalmente.
Embora meras presunções os indícios são de que são elementos que estão debaixo do que é visível.
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