Não há novidades estratégicas nas manifestações públicas recentes, porém surpresas táticas.
A principal motivação das últimas manifestações é defender o direito e acesso à moradia pelos que estão perdendo o seu teto em função da valorização imobiliária.
Essa valorização é caracterizada como especulação imobiliária, mas não é produzida pelo grande capital especulativo, mas por pequenos proprietários, que tem uma casinha na periferia, ou até mesmo um barraco na favela. Alguns aumentam o aluguel e vão se juntar aos locatários para invadir áreas e ver se conseguem uma outra casinha que, mais tarde vão alugar e reajustar os seus valores.
Vão sempre alegar que a culpa não é deles, mas dos grandes especuladores imobiliários que puxam os preços para cima.
As argumentações são verdadeiras, mas não justificam ações ilegais de invasões de propriedade privada. Seu objetivo, no entanto, é pretender provar perante a sociedade e mesmo à Justiça de que a necessidade básica gera um direito.
Querem que esse direito seja reconhecido pela ação pública de desapropriação da área invadida, construção de moradias e cessão a eles, dentro de uma lista específica e não do cadastramento geral, ou seja, da fila estabelecida para o acesso às moradia do Minha Casa, Minha Vida. Aceitam o atendimento por esse programa governamental, pagando uma prestação mensal de R$ 50,00, com tudo o mais subsidiado pelo Governo Federal e, em alguns casos, complementado pelo Governo Estadual de São Paulo.
O problema está em atender prioritariamente a quem invade. Dificilmente os Governos irão atender.
Por isso Dilma preferiu atendê-los pessoalmente, atrasando a sua visita ao Itaquerão. Se fosse atender realmente as reivinidacações dos invasores não precisava recebê-los pessoalmente. Essa reunião gera mais perda do que ganho de votos. Se o objetivo foi eleitoral foi mais um tiro no pé.
Ganha dos manifestantes, mas perde da classe média que é a favor do direito de propriedade perde também entre os demais da classe baixa que tiverem a sua fila furada por aqueles invasores.
Dilma já ganhou alguma experiência e sabe que tem que "enrolar" esse pessoal. Promete, mas não cumpre. Terá sempre uma desculpa para postergar o cumprimento.
A preocupação do Governo Federal é com a continuidade das manifestações, adentrando o período da realização da Copa.
Depois das eleições o Governo agirá para expulsar os invasores e reintegrar a posse ao proprietário. Mesmo não sendo o que ele quer. O proprietário quer é ser desapropriado, negociando um bom preço com o Governo.
Os manifestantes perceberão que estão sendo enrolados e poderão tentar forçar uma solução, fazendo novas manifestações. Porém não contarão com a simpatia da sociedade. Mas com o apoio dos grupos mais radicais contrários à Copa.
Dentro da estratégia de manifestações "pipoca", inovaram nas táticas: atacaram a sede das principais construtoras que se beneficiaram com a realização dos estádios da Copa.
Conseguiram o que queriam: uma ampla cobertura da mídia.
Uma pesquisa sobre as manifestações de rua mostrou que a principal motivação é uma pauta de reivindicações dos trabalhadores. A mídia pouco cobriu e não teve tanta repercussão. Para ter maior repercussão é ter mais violência e perceberam o que gera notícia: queimar ônibus.
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