Não se trataria da questão um ou outro, mas um e outro. Esse tem sido o argumento de muitos defensores dos gastos com a Copa, começando com o Ronaldão.
Se os recursos fossem infinitos, evidentemente, não haveria necessidade de opção, podendo serem atendidas tanto as necessidades para a Copa, como para a saúde, como para educação, segurança, etc.
Como os recursos são escassos vamos partir da hipótese salomônica da divisão meio-a-meio:
R$ 13 bilhões seriam destinados para a Copa e outros treze para melhorar as condições dos hospitais e outros serviços básicos da saúde pública.
Essa metade seria suficiente para realizar a Copa?
Uma aritmética simples diria que sim: os gastos específicos para a Copa seriam apenas os estádios, algumas obra de mobilidade urbana no entorno imediato do estádio e também relativos à segurança pública e outros serviços públicos genéricos, como energia e telecomunicações. Tudo o mais são gastos com infraestrutura pública que servirá à população em geral, constituindo-se em legados positivos. A sua realização para a Copa seria apenas uma antecipação do que teria que ser feito a qualquer momento.
São obras imprescindíveis para melhorar a vida dos cidadãos durante muito tempo e não apenas durante um curto evento de grande porte.
Alguns resolveriam demandas já existentes e não atendidas. Outros estariam dimensionadas para atender a demandas futuras. As que teriam essa característica de grande antecipação foram excluidas da matriz de responsabilidades, como o monotrilho de Manaus ou o VLT de Brasília. A única exceção é o VLT de Cuiabá, que não ficará pronto para a Copa.
Somando-se a previsão, constante da matriz, de R$ 8 bilhões para os estádios (na prática será mais), os gastos com as estruturas temporárias, ainda não incluidas na referida matriz e algumas obras do entrono imediato dos estádios, pode-se dizer que os gastos com a Copa não passariam de R$ 10 bilhões, em relação aos quais se poderia discutir a opção de destiná-los à saúde.
Os bilhões que estão sendo gastos com as obras e equipamentos para a Copa geraram ou estão gerando milhares de empregos. Mas os mesmos bilhões, aplicados em obras de hospitais, postos de saúde e equipamentos poderiam gerar os mesmos volumes ou até mais de empregos.
De uma parte caberia perguntar: o que esses 10 bilhões resolveriam os problemas crônicos da saúde?
De outra parte cabe indagar: o que os gastos com aeroportos, mobilidade urbana e outros irão melhorar a vida dos cidadãos, conforme se prometeu e continua sendo alardeado?
Como isso poderá ser medido?
No caso dos aeroportos, o principal medidor é o volume de passageiros-ano. De um lado se tem o volume ocorrido no passado e no presente e se estima a demanda futura. Essa confrontada com a capacidade estabelecida pelo projeto do aeroporto determina o nível quantitativo de atendimento.
Na mobilidade urbana, quando o investimento é num sistema de transporte coletivo o medido é o volume de passageiros transportados. Já no caso de obras viárias, o medidor seria o fluxo de veículos ou o tempo de viagem.
Qual foi a melhoria prometida e qual será o resultado efetivo?
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