sábado, 31 de maio de 2014

O legado da pré-Copa

A Copa no Brasil se desdobra em 3 Copas conjugadas, porém com responsabilidades distintas.

A pré-Copa ou a Copa do Governo Brasileiro, que para a mídia já se encerrou no domingo passado, dia 25 de maio de 2014; a Copa da FIFA, que agora emergiu ao assumir os estádios, os seus entornos e os Centros de Treinamento, gerando um território próprio, assemelhado às embaixadas que são áreas estrangeiras enclavados dentro do território brasileiro; e a Copa da Seleção, de inteira responsabilidade da CBF, com a equipe de futebol comandada por Felipão.

A FIFA teve que assumir os estádios "no estado", ou seja, como estavam, semi-prontos, e tem que cuidar da sua complementação, com seus recursos para deixá-los inteiramente prontos. Não para abrigar os jogos, os jogadores e o público geral. Mas para receber os seus convidados, os chefes de Estado dos países participantes do torneio, os convidados dos seus patrocinadores, enfim o que ela, a FIFA, caracteriza como VVIPs ("very very important persons").
Ao contrário do que sempre afirmou terá que desembolsar recursos seus, para tentar, depois da realização do evento, receber dos proprietários dos estádios ou das autoridades estaduais ou municipais. Em São Paulo terá que completar e pagar as estruturas complementares, incluindo a conclusão das arquibancadas temporárias. Corre o risco de não poder contar com uma parte dessas, por questões de segurança.

A Copa do Brasil, do Governo Brasileiro ou a Pré-Copa acabou tendo um baixo índice de efetivação. Muito em função do oportunismo dos Governos em colocar na Matriz de Responsabilidade - na realidade o rol dos investimentos - obras que não tem nenhuma relação direta com a Copa. São obras "oportunistas" que "pegaram carona" na Copa para antecipar a sua execução, tendo em vista os financiamentos - com condições favorecidas - ofertadas pelo Governo Federal. São necessárias, mas não para a Copa.

O Governo Federal aceitou a até promoveu essa "carona" dentro do conceito de legado, principalmente em relação às obras de mobilidade urbana. A ideia adotada foi que essas obras atendessem às necessidades da população das cidades sede e não apenas dos demandantes dos jogos da Copa, sejam de moradores das cidades-sede, como turistas nacionais e internacionais. 

Na realidade a Copa serviu de pretexto para contratar com maior rapidez as obras. Para as que estavam mais atrasadas criou-se um sistema excepcional - o RDC.  A contratação pode ter sido mais rápida. A execução não. 

Dai o conjunto de obras inacabadas, mais atrapalhando os espectadores dos jogos do que ajudando. Estão sendo "envelopados" para reduzir o impacto visual de obras em andamento.

Embora se pretendesse e se defendesse que essas obras seriam o legado positivo da Copa, o que efetivamente será para a população local, a médio prazo, o legado de curto prazo é desastroso. 

Gerou imagem de gastos excessivos, incompetência e de corrupção. A conta da organização da Copa foi onerada por verbas que não tem relação direta com ela, os valores previstos inicialmente se multiplicaram, o valor das obras deixaram a forte suspeita de superfaturamento e roubalheira. E as obras não ficaram prontas, antes da Copa.

O objetivo de mostrar a capacidade do país em organizar grandes eventos internacionais foi "para a cucuia". 

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Gerou uma animosidade interna contra a Copa, com sucessivas manifestações populares, afugentou turistas, causou prejuizos aos patrocinadores e ao comércio em geral.


Só restou o Felipão e a sua troupe, para salvar a imagem do país.

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