Os jovens empreendedores, da geração Y, que estavam inteiramente voltados para as suas startups, focados no seu sucesso futuro, baseado na inovação e na tecnologia, vivendo num mundo virtual, de repente foram chamados, pela internet, pelas redes sociais a uma nova realidade. A de uma crise que nunca viveram antes. O chamamento é para ir às ruas, mas por que? Porque há uma crise.
A mensagem era simples: "Fora Dilma". Mas era uma resposta a uma situação complexa, que não se resolve de forma simples, para voltar à "normalidade". Não se tira a Presidenta com um botão. Dilma fora não é "game over". E passar para nova fase. Uma fase com Temer.
Alguns ainda assistiram, como crianças ao movimento do "Fora Collor", no ano de 1992. Diferentemente do que ocorreu nas manifestações de 2015, onde muitas crianças foram levadas pelos pais, a maioria dos manifestantes de 92 nem eram pais. Os nascidos na década de 1990,os mais velhos estão com 25 anos e os mais novos com 16. Os adolescentes, com 14 anos, na época, estão hoje com 38 ou 39 anos. Os mais novos já chegaram aos trinta: com muitas horas diante do computador ou do video-game.
A crise hoje é mais ampla, mas diversificada e mais complexa. Não há para achar que com tecnologia, inovação, mundo virtual e anjos dá para surfar com tranquilidade e vencer todas as ondas. Ou navegar sem afundar no meio da tempestade.
Esses jovens são saudados como geração Y que não querem ficar por muito tempo preso num mesmo emprego, com carteira assinada. Querem mais flexibilidade, querem mais independência, enfrentar maiores riscos. Será que os riscos atuais são mais superáveis que os anteriores. Se levarem um gol ainda terão tempo para uma virada? Ou irão engrossar a "generation u": unfortunate, unlucky and unemployed (desafortunado ou pobre, sem sorte ou azarado e desempregado). Não só a frustração dos seus sonhos, com o pior dos mundos. Sem perspectivas e sem empoderamento.
O que os millenialis (como também são conhecidos os da geração y) vão fazer, ou poder fazer, para enfrentar a "tempestade perfeita", ou seja, a conjugação momentânea de todas as crises?
Assumir uma posição "panglossiana" de que o furacão vai passar ao largo deles, alcançando apenas os velhos (no sentido tecnológico), deseducados, e os fracos, pouco afetando-os, por serem poderosos, educados e modernos?
Ou acreditar que, com os seus novos instrumentos tecnológicos, podem se mobilizar e conseguir a adesão de grande parte da população,para derrubar a Dilma e com isso restabelecer a prosperidade? A mobilização conseguiram, a adesão, em parte, com tendência de redução.
Ou procurar entender melhor as circunstâncias atuais e as perspectivas, para se posicionar melhor e de forma mais pragmática?
Uma percepção melhor e uma reflexão sobre essas circunstâncias, a partir de uma visão histórica estrutural, vai mostrar que Dilma 2.0 derrubou a Dilma 1.0. Não precisou derrubá-la para ela chamar o Levy e mudar inteiramente de rumo.
O PT continua com D1 e se opõe ao Governo de D2, mas quer que ela continue. A grande corrupção ocorreu com L1, L2 e D1 e que se quer é que Dilma 2.0 seja mais rigorosa no combate à corrupção, que já refluiu por ação do Judiciário, do Ministério Público e mesmo da Polícia Federal.
No afã de buscar uma posição justiceira, desconsideraram que se Dilma cai, assume do PMDB que tem diversos dos seus políticos e líderes envolvidos nos processos corruptivos.
Falta a essa geração Y uma formação política que a X, com todos os seus defeitos, teve um pouco mais, e que agora se tornou essencial para enfrentar as circunstâncias adversas.
O que fazemos aqui é tentar ajudar a essa geração entender melhor as circunstâncias e retomar o seu empoderamento.
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