Por conta de um grupo de jovens procuradores federais e um também jovem Juiz Federal, que resolveram e persistiram em puxar o fio da meada, trouxeram a tona o maior esquema de corrupção tradicional: o que envolve fornecedores do Estado.
Esse grupo com o apoio das instâncias superiores se propõem a passar o "país a limpo" não deixando pedra sobre pedra. Não tem receio de desmontar o poderoso setor da construção pesada, com todas as implicações para a economia brasileira a curto prazo.
Acreditam que com a "faxina", depois de um grande retrocesso, o Brasil e o setor voltarão a crescer de forma mais saudável, livre do vírus da corrupção.
É o grande anseio da sociedade brasileira e um sopro de esperança, mas a realidade não parece ser tão favorável. Não é uma guerra ganha. Estão nas primeiras batalhas, bem vencidas, mas as próximas serão mais difíceis, com os adversários (ou inimigos) cada vez mais armados.
A esperança é que com pesadas punições pessoais e econômicas, as fornecedoras do Estado não ousarão entrar em esquemas de corrupção, seja para conquistar contratos, ou para mantê-lo, em condições regulares.
Em artigo anterior, mostramos que a principal fonte geradora dos esquema continuará parcialmente impune. Dos políticos que formularam e se beneficiaram do esquema do petrolão, a maior parte sairá incólume, uma parte sairá com penas brandas e apenas os mais descuidados sofrerão penas mais severas. Deixará a imagem para os demais que o risco não está em fazer, mas em fazer mal feito.
A cultura da extorsão de fornecedores continuará existindo. E terá a contrapartida das iniciativas de suborno por parte das empresas. O ambiente continuará dando oportunidades ao exercício da corrupção.
Isso significa que apesar das investigações e eventuais punições, a cultura de corrupção nos fornecimentos ao Estado continuará existindo. A menos de novas medidas e estratégias para o seu enfraquecimento ou extirpação.
Para isso é preciso superar a visão popular de que todo o processo é iniciado e comandado pelas "empreiteiras" vistas como o grande demônio de todo o processo.
Os empreiteiros partem de uma opção empresarial: trabalhar com o Governo.
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Essa opção se fundamenta na percepção de que só os Governos empreendem grandes obras, envolvendo tecnologias inovadoras ou complexas. É um grande desafio que alguns empresários aceitam, com a perspectiva de realizar grandes trabalhos e ganhar muito dinheiro.
Esses empresários acreditam dispor de tecnologias e capital que constituem barreiras de entrada para os concorrentes.
Como a barreira não é para todos, mas para pouco acaba estabelecendo acordos para evitar concorrência predatória.
Essa é a origem da formação do cartel.
Outros percebem a oportunidade pelo relacionamento pessoal que tem com governantes ou potenciais governantes. Estes estabelecem, desde o início, uma parceria com aqueles. Podem assumir o financiamento da campanha eleitoral, com a perspectiva de se remunerar o investimento com contratos com o governante, depois de eleito.
Os primeiros não tem a corrupção na sua origem, mas ao serem convidados ou convocados a contribuir para as campanhas, podem ser levados a participar dos esquemas.
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