domingo, 12 de abril de 2015

De espectadores e protagonistas

Diante de circunstâncias com as quais convivem as pessoas podem ficar indiferentes, apenas acompanhantes eventuais, interessadas ou atuantes. 

Quando se tratam de circunstâncias mais gerais, como os conflitos no Oriente Médio, as relações entre os EUA e Cuba, ou os embates políticos em Brasília, podem ser refratárias, achando que "não tem nada com isso", "não afetam a minha vida" e "não quero nem saber". Não se interessam, nem tomam partido: "não sou a favor, nem contra, muito pelo contrário". Se tomam conhecimento, aceitam como "fatos da vida".

Os meios de comunicação e a disseminação do seu uso faz com que as pessoas se tornem informadas, acompanhantes acidentais dos acontecimentos gerais, no meio de notícias que lhes afetam, sejam por motivos racionais ou emocionais. No meio da notícia sobre o menino que foi morto no Complexo do Alemão ou da menina que ficou pendurada no ônibus (viu só: que horror), fica sabendo que soltaram ratos no Congresso Nacional quando um tal de Vacari estava prestando um depoimento. 

O acompanhamento eventual gera uma reação emocional, momentânea que se dissipa diante de novas informações, mas que pode ir se acumulando formando uma reação genérica sobre o conjunto das circunstâncias: "está tudo uma m...".

Em relação a determinadas questões gerais, que não afetam a sua vida cotidiana factual, mas chegam ao seu conhecimento pelos meios de comunicação, algumas pessoas passam de acompanhantes acidentais a interessadas, passando a acompanhar mais amiudamente, tentando entender o que ocorre e tomando posições diante desses fatos ou informações.

Ao tomar posições passam a ser torcedores, a favor de algo ou de alguém e contra outros. Que pode ser uma posição individual e introspectiva. Assume, mas não a demonstra publicamente. 

Há sempre uns poucos que assumem e demonstram publicamente. Tem a intenção de se mostrar e demonstrar a existência de um coletivo. A melhor forma dessa demonstração é vestir a camisa do seu time e ter a alegria de sentir a adesão de outros. Mas também corre o risco de ser rejeitado e até hostilizado. A menos como tentativa de suicídio um torcedor do Palmeiras irá vestido com a camisa verde, no meio dos torcedores do Corinthians, ou o do Vasco na torcida do Flamengo.

A melhor forma de demonstrar a existência do coletivo é pela cor. A esquerda, de à muito e internacionalmente assumiu o vermelho como a sua cor, levando-o às manifestações de massa. A sua ambição ou objetivo é sempre criar um mar vermelho de manifestantes. 

No Brasil, fora dos momentos eleitorais o vermelho sempre foi a cor predominante nas manifestações de rua. O seu único concorrente era o negro dos "black blocs" e movimentos similares. Uma das poucas exceções foi o movimento "Fora Collor", com o vermelho a favor da sua retirada.

O PT e organizações associadas sempre foram às ruas, com as suas camisetas e bandeiras vermelhas (agora também balões) buscando gerar a imagem do apoio popular e sem concorrência de outros segmentos da sociedade com suas cores alternativas. 

A oposição ao vermelho emerge na cor amarelo-verde, aproveitando as camisetas adquiridas para torcer pela seleção brasileira na Copa do Mundo da Fifa de 2014. 

Porém o que seria uma escolha oportunista (dada a disponibilidade das camisetas) se transformou num simbolismo com conotações mais amplas. Enquanto o vermelho representa a torcida de um partido e seus parceiros, o amarelo-verde foi assumido como a cor da torcida brasileira, de uma torcida a favor do Brasil e contra o vermelho, que está no Governo.

Essa torcida que havia passado de acompanhante a espectador agora quer ser protagonista. 

Hoje saberemos o quanto avançará nessa caminhada.






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