sexta-feira, 24 de abril de 2015

um balanço bom ou ruim?

O balanço apresentado pela Petrobrás é uma boa peça contábil, Boa porque refletiu bem a situação da empresa, mereceu ser confirmado pela auditoria, sem ressalvas e tem  credibilidade. As reações do mercado são especulativas e as ações da Petrobras vão subir, no médio prazo. Mas os números apresentados são ruins.

Dos resultados apresentados deduz-se que:


  1. os ativos incorporados pela Petrobras como resultado das contratações superfaturadas a partir de 2007 para o pagamento de propinas, tiveram que ser reduzidos em R$ 6 bilhões, em função do percentual identificado pela Operação Lava-Jato.
  2. Com a apuração das responsabilidades os beneficiários terão que devolver os valores, com a ocorrência de algumas questões:
    1. os beneficiários da "casa" irão devolver o que receberam ilegalmente, sendo que alguns já colocaram os valores à disposição da Justiça, e a Petrobras irá receber parte. Não receberá o todo porque a Justiça aplica severas multas e quer recebê-las antes do ressarcimento das vítimas. O patrimônio dos condenados não será suficiente para ambas as contas.
    2. os operadores ou intermediários também devolverão.
    3. os politicos que receberam "por fora" também, mas
    4. os partidos que receberam doações legais talvez não.
  3. a Petrobras reservou uma estimativa das perdas com as propinas, mas os valores definitivos só poderão ser contabilizados com a sua apuração definitiva, com a corresponde obrigação do beneficiário da sua devolução.
  4. o valor das supostas propinas está vinculado a dois elementos: o quanto os beneficiários receberam e terão que ressarcir e quanto os fornecedores faturaram a mais, para gerar os fundos para as propinas. Só serão determinados por confissão.
O balanço divulgado reflete o ocorrido em 2014. Configura os erros cometidos, mas regulariza a demonstração das contas.

As pendências são de natureza policial-judicial e política. Contábil e empresarialmente é etapa cumprida.

A partir daqui o mais importante para a empresa e para o pais é avaliar se a Petrobras terá condições de reverter esses prejuízos. Dentro das circunstâncias atuais e previsíveis a curto prazo sim.
A médio prazo, dependerá de como o governo irá conduzir a política do petróleo.


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